A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio de uma equipe técnica e multidisciplinar  coordenada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), finalizou, no dia 30 de outubro, no Rio de Janeiro (RJ), a última fase da Campanha de Ensaios do Reabastecimento em Voo (REVO), entre o helicóptero H-36 Caracal e a aeronave KC-130 Hércules.

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Os voos aconteceram em uma área restrita sob controle militar, no litoral do Rio de Janeiro, onde a aeronave reabastecedora KC-130 Hércules do Esquadrão Gordo (1º/1º GT) e as aeronaves H-36 Caracal dos Esquadrões Falcão (1º/8º GAV) e Puma (3º/8º GAV) se reuniram para realizar o procedimento de REVO. Para o sucesso da operação, foi fundamental o apoio operacional da ALA 11, da ALA 12 e apoio administrativo da Base Aérea do Galeão (BAGL) e da Base Aérea de Santa Cruz (BASC).

Durante os ensaios, os helicópteros (receivers) aproximaram-se da aeronave KC-130 (tanker), que fez a transferência de combustível aos helicópteros. Por meio de suas mangueiras de reabastecimento foram realizadas mais de 160 conexões em voo.

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A atual Campanha teve como objetivo completar as tarefas previstas no processo de certificação, incluindo as etapas inéditas de transferência de combustível do KC-130 para o H-36 e o reabastecimento simultâneo de dois helicópteros. Além disso, os instrutores do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) realizaram o treinamento e formação operacional dos pilotos dos Esquadrões Falcão e Puma, pertencentes ao Comando de Preparo (COMPREP). Como resultado, o Brasil se torna o primeiro país da América do Sul com a capacidade de realizar o reabastecimento em voo de helicópteros.

A transferência de combustível em voo potencializa as capacidades do H-36 no cumprimento de suas ações de Força Aérea, como o Combate SAR (CSAR), e amplia sua operacionalidade, com o aumento da autonomia para cumprir as missões de resgate no mar, ajuda humanitária, infiltrações de tropas e transporte de militares em locais estratégicos. “É a aviação de Asas Rotativas contribuindo para a missão de defender e integrar os 22 milhões de quilômetros quadrados – Dimensão 22 – sob responsabilidade da FAB”, ressalta o piloto de prova e coordenador geral da operação, Coronel Aviador José Ricardo Silva Scarpari.

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Além desses objetivos, a campanha também buscou obter dados de resistência estrutural, com o intuito de complementar a capacitação de engenheiros e pesquisadores do DCTA para a futura campanha de REVO entre o helicóptero H-36 e a aeronave KC-390 Millennium, prevista para o ano de 2021.

Segundo o piloto operacional do Esquadrão Puma, Capitão Aviador Rafael D’Amato Guimarães, participar da campanha de certificação foi uma experiência profissional enriquecedora. “Realizar voos de formação operacional com os pilotos e engenheiros do Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo (IPEV) me fez conhecer mais a base técnica desses profissionais e aprender os ‘porquês’ de cada procedimento. Isso vai ser essencial para o desenvolvimento da doutrina de emprego do REVO de helicópteros”, afirma.

Foram empregadas na campanha três aeronaves H-36 Caracal da versão operacional, equipadas com probe de reabastecimento e sistema eletróptico infravermelho (FLIR). Em uma das aeronaves foram instalados sensores dedicados para as atividades de ensaios em voo, fato que possibilitou a aquisição de dados fundamentais para garantir a segurança do procedimento de REVO do par KC-130 e H-36.

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Durante os voos, foram testadas as condições mais extremas de velocidades, altitudes, pesos das aeronaves e operação dos sistemas de combustível. Para tanto, foi necessária, na fase de planejamento, uma análise minuciosa quanto à compatibilidade geométrica, funcional e de desempenho entre as duas aeronaves e seus respectivos sistemas. Para o Tenente Luís Gustavo Leandro de Paula, engenheiro de ensaios em voo da campanha, “o objetivo é entregar aos Esquadrões um envelope de operação mais abrangente possível, garantindo não só a segurança do procedimento como também maior flexibilidade para o cumprimento das futuras missões de REVO”, afirma.

Toda a coordenação da campanha foi realizada pelo DCTA, que participa com três de suas unidades: o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que auxiliou por meio de equipe técnica na instalação de sensores dedicados e na análise dos dados provenientes desses equipamentos; o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), responsável por coordenar todo o processo de certificação das aeronaves; e o IPEV, responsável pelo planejamento, definição e execução dos ensaios.

Também fizeram parte da campanha o COMPREP, o Comando-Geral de Apoio (COMGAP), a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB), a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), o Parque de Material Aeronáutico do Galeão (PAMA-GL), o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), a Academia da Força Aérea (AFA), além das empresas Helibrás e Airbus Helicopters.

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Preparação da Campanha
Na primeira fase da Campanha, realizada em 2018, foram executados ensaios em solo, treinamentos dos pilotos de ensaio e obtenção dos primeiros dados a partir de ensaios em voo com conexão em seco (sem transferência de combustível).

Para a Campanha de 2020, foi elaborado um novo programa de ensaio, em que foram estudadas todas as possibilidades a serem testadas, assim como as análises dos riscos envolvidos e suas respectivas ações mitigadoras. Para tal, os pilotos do IPEV realizaram treinamentos no H-36, treinamentos de formatura entre as aeronaves H-50 Esquilo e H-60 Black Hawk e voo de formatura entre as aeronaves H-36 e o T-27 Tucano. Ressalta-se que esta é a primeira campanha de helicópteros em que foi empregada uma aeronave de asa fixa (T-27) como aeronave paquera, sendo necessário elaborar procedimentos específicos de voo em formatura entre um avião e um helicóptero.

A preparação e treinamento prévios ao voo de REVO aconteceu em São José dos Campos (SP), onde os pilotos operacionais dos Esquadrões realizaram o treinamento no Simulador de Ensaios em Voo do IPEV. Nesta oportunidade, os pilotos e engenheiros de ensaios em voo puderam demonstrar, em ambiente simulado, a dinâmica da manobra de reabastecimento, a necessária coordenação de cabine, os procedimentos de emergência específicos da manobra e as técnicas de pilotagem a serem empregadas.

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Fotos: IPEV, Sargentos Said e Roberto/DCTA

Fonte: DCTA, por Tenente Larissa Santos
Edição: Agência Força Aérea – Revisão: Coronel Denys
Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).