Imagem: Instituto Butantan

Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan identificaram uma série de pequenos fragmentos de proteínas com potencial farmacológico para condições cardíacas, bactérias, fungos, vírus e câncer, entre outros, no veneno da jararaca-do-norte (Bothrops atrox), e de uma espécie de tarântula (Acanthoscurria rondoniae), ambas  da região amazônica. No veneno da serpente foram encontrados 105 peptídeos (fragmentos de proteínas) e no da aranha, 84 novas toxinas.

“Essa aranha foi muito pouco estudada até hoje. Há vários estudos sobre a espécie de serpente, mas não nesse nível de detalhe dos peptídeos, que são moléculas pequenas, com poucos aminoácidos, o que facilita sintetizarmos aquelas que parecerem mais interessantes”, explicou o professor da Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e coordenador dos estudos, Alexandre Tashima.

Nesse estudo com a jararaca-do-norte, os cientistas buscaram diferenciar o veneno das fêmeas e dos machos, analisando quatro animais de cada sexo. A hipótese era de que as fêmeas poderiam ter diferenças na composição do veneno por serem maiores e por terem a peçonha mais potente. O levantamento mostrou que as fêmeas têm maior abundância de peptídios que se ligam às plaquetas do sangue, podendo interferir mais na coagulação que a dos machos.

“Dependendo do local onde vivem e das presas que têm à disposição, as serpentes podem ter diferenças na composição do veneno, mesmo dentro de uma mesma espécie. No caso das fêmeas, uma vez que elas precisam proteger os ovos, pode ser que isso tenha favorecido uma seleção de formas mais potentes das toxinas”, explicou Tashima.

O estudo mostrou também que machos e fêmeas têm uma diversidade de peptídeos que podem ser estudados no futuro para dar origem a novas classes de medicamentos para hipertensão arterial.

No caso da tarântula, o exame das 84 toxinas mostrou semelhanças com outras que têm efeitos bactericidas, anticâncer, antifúngicos e antivirais. Foram identificados sete novos peptídeos ricos em cisteína (CRP), substância comum em aranhas, conhecida por ter efeitos em canais iônicos e contra bactérias. Além deles, outro peptídeo tem potencial não apenas bactericida como antifúngico.

Segundo os dados, alguns dos CRPs têm grande semelhança com outros peptídeos, de outros animais, que já mostraram resultados promissores contra vírus. Dois CRPs e quatro peptídeos menores apresentaram também potencial contra células tumorais.

“Esse estudo mostra ainda como conhecemos pouco da nossa biodiversidade, a maior do mundo, tanto do ponto de vista biológico e ecológico, quanto farmacológico e biotecnológico. Moléculas como essas podem ser exploradas de forma sustentável. Estamos perdendo muitas espécies sem nem mesmo conhecê-las”, disse Tashima.

O próximo passo da pesquisa é confirmar a ação dessas substâncias por meio de trabalhos experimentais que deverão ser feitos em modelos celulares e animais, já que os resultados são apenas indicativos de atividades biológicas potenciais.

Os estudos são apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).