Workshop sobre os Small Modular Reactors (SMRs, ou pequenos reatores modulares) reuniu mais de 100 profissionais de áreas técnicas da Amazul e Organizações Militares da Marinha na sede da empresa no dia 25 de abril. O evento ofereceu um panorama sobre os mais de 80 empreendimentos nucleares desse tipo em desenvolvimento ao redor do mundo, suas oportunidades de aplicações, viabilidade econômica, contribuição para a redução de emissões de carbono e desafios regulatórios e de licenciamento.

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Os SMRs são reatores de pequeno porte, com potência menor que 300 MW, que buscam diminuir os custos de construção e têm licenciamento menos complexo em relação às grandes centrais nucleares. Eles podem ser produzidos em fábrica e transportados para regiões remotas, distantes dos centros de geração e transmissão de energia elétrica.

O evento foi aberto com vídeo de boas-vindas do diretor técnico da Amazul, Carlos Alberto Matias, que destacou a necessidade de discutir as aplicações dos SMRs mais adequadas ao mercado brasileiro, ao atual desenvolvimento científico e tecnológico na área nuclear e à capacidade de investimento do País.

Energia verde

“Os SMRs são o futuro da geração de energia com redução das emissões de carbono”, disse o coordenador técnico nuclear da Amazul Leonardo Dalaqua Junior, que apresentou em uma linha do tempo a evolução das centrais nucleares a partir de 1942.

O engenheiro nuclear Rafael Komatsu apresentou um painel com o status de desenvolvimento (projeto, construção e operação) dos empreendimentos de SMRs no mundo. Entre esses está o reator russo KLT-40S, primeiro a entrar em operação comercial, que alimenta uma usina nuclear flutuante ancorada na cidade de Pevek, no norte da Rússia, para fornecimento de energia elétrica.

“O SMR pode ser uma opção viável de atendimento das populações que estão afastadas do sistema nacional de transmissão de energia, em vez das termelétricas, que impõem um alto custo de suprimento de combustível fóssil”, reforçou o Capitão de Fragata e engenheiro naval Rafael Radé Pacheco, da Diretoria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha.

O palestrante lembrou que a necessidade de controlar o aumento da temperatura global do planeta, uma das metas de desenvolvimento sustentável da ONU, provocou uma revisão do papel da energia nuclear. “Estamos passando de vilões para os mocinhos da história”, disse ele, observando como a instalação de usinas nucleares para geração de energia fez cair as emissões de carbono na França (a energia nuclear responde por 69% da matriz energética daquele país).

Dessalinização

O workshop mostrou outras oportunidades de aplicação, como a produção de água potável a partir do processo de dessalinização, apresentada pelo professor da UFRJ Renato Cotta, consultor técnico da Amazul e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (2015 a 2017). Cotta destacou a tecnologia do SMR para tornar mais eficiente e econômica a produção de água potável para abastecer comunidades isoladas. Citou, ainda, a geração de energia a partir dos SMRs para alimentar os equipamentos de exploração oceânica da Petrobras nas bacias do pré-sal.

O workshop também contou com apresentação do engenheiro naval 1º Tenente Caio Coqueijo de Abreu, da Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade da Marinha, sobre os regulamentos nacionais e internacionais de segurança necessários ao licenciamento dos SMRs. A engenheira da Amazul Nathália Nunes Araújo descreveu os desafios e as vantagens de adequar a metodologia de análise probabilística de segurança aos SMRs.

O futuro

A Amazul está se estruturando para propor um projeto brasileiro de SMR, valendo-se do conhecimento tecnológico obtido no desenvolvimento do protótipo do reator de propulsão naval do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear (SCPN). A este novo projeto seriam incorporadas novas tecnologias presentes nos reatores de 4ª geração e sistemas de segurança nuclear passiva, dentre outras inovações.