O Relógio do Juízo Final retratado em sua configuração de 2023 de "90 segundos para a meia-noite" - RicHard-59 - CC BY-SA 4.0

Em 1947, o mundo testemunhou o nascimento de um símbolo poderoso que serviria como um lembrete constante das ameaças que a humanidade enfrenta – o Relógio do Juízo Final. Criado pelo comitê da organização Boletim dos Cientistas Atômicos da Universidade de Chicago, este relógio simbólico serve como uma analogia para o quão perto a raça humana está de enfrentar uma catástrofe global, representada pela meia-noite. Desde sua criação, o relógio tem sido uma presença constante na capa de cada edição do Bulletin of the Atomic Scientists, com sua primeira representação artística criada pela renomada artista norte-americana Martyl Langsdorf.

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A Profundidade da Meia-Noite: O Que Ela Realmente Significa?

A “meia-noite” no Relógio do Juízo Final é muito mais do que um simples marcador de tempo. Representa uma série de ameaças complexas e interconectadas que a humanidade enfrenta. Os cientistas responsáveis por ajustar o relógio levam em consideração uma série de fatores, incluindo políticas globais, desenvolvimentos em energia e tecnologia, e mudanças climáticas. Além da ameaça constante de guerra nuclear, outras ameaças potenciais incluem bioterrorismo e os perigos emergentes da inteligência artificial. O conselho de cientistas avalia cuidadosamente todas essas variáveis para determinar o quão perto estamos de uma “catástrofe global”.

Flutuações Históricas: Um Reflexo das Ameaças Globais

Ao longo dos anos, o Relógio do Juízo Final sofreu várias alterações, refletindo as flutuações nas ameaças globais que a humanidade enfrenta. Por exemplo, em 1953, o relógio foi ajustado para dois minutos para a meia-noite, após os EUA e a União Soviética iniciarem testes de bombas de hidrogênio. Em 2018, o relógio foi novamente ajustado para dois minutos para a meia-noite, refletindo a falha dos líderes mundiais em abordar as tensões nucleares e as questões de mudança climática. Mais recentemente, em 24 de janeiro de 2023, o relógio foi ajustado para 90 segundos antes da meia-noite, marcando o ponto mais próximo da meia-noite desde sua criação. Este ajuste recente foi em grande parte devido ao aumento do risco de escalada nuclear, mudanças climáticas, e ameaças biológicas como a COVID-19.

Recepção e Críticas: A Influência do Relógio no Mundo Moderno

O Relógio do Juízo Final não está isento de críticas. Enquanto alguns elogiam sua função como um lembrete visual das ameaças que a humanidade enfrenta, outros criticam sua metodologia e alegam que pode induzir a paralisia em vez de ação. O psicólogo cognitivo Steven Pinker, por exemplo, criticou o relógio como um golpe político, argumentando que não se baseia em indicadores objetivos de segurança. Além disso, alguns meios de comunicação conservadores acusam o Bulletin de promover uma agenda política.

O Relógio do Juízo Final continua a ser uma representação simbólica poderosa das ameaças globais que a humanidade enfrenta. Desde sua criação em 1947, tem servido como um lembrete constante das potenciais catástrofes que podem ocorrer se não tomarmos medidas significativas para prevenir a guerra nuclear e outras ameaças globais. À medida que o relógio se aproxima da meia-noite, serve como um chamado à ação para líderes e cidadãos em todo o mundo para trabalhar juntos na prevenção de uma catástrofe global.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).