Você pode não perceber ao navegar na internet, mas, muito provavelmente, os dados que você está acessando fizeram uma longa viagem submarina. Surpreendentemente, cerca de 99% de todas as comunicações digitais globais são transportadas através de enormes cabos que repousam no fundo dos oceanos. Esta saga subaquática de informações começou em 1858, quando o primeiro cabo submarino intercontinental, ligando o Canadá à Irlanda, foi instalado.
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Samuel Morse e a Atlantic Telegraph Company
A ideia dos cabos submarinos nasceu em 1840, apenas dois anos após Samuel Morse ter demonstrado seu revolucionário sistema telegráfico. Quem assumiu o desafio de colocar a ideia em prática foi a Atlantic Telegraph Company, uma empresa criada pelo magnata americano Cyrus Field em parceria com os britânicos John Watkins Brett e Charles Tilston Bright. O desafio não era apenas tecnológico, mas também logístico. Precisavam-se de cabos isolados do ambiente, capazes de conduzir eletricidade por milhares de quilômetros e com alta resistência.
Guta-Percha: O Segredo do Sucesso
A solução para esses desafios veio de um lugar inusitado: a Índia, que se juntou oficialmente ao Império Britânico em 1858. Lá, crescia uma planta conhecida como guta-percha, que produzia uma borracha mais resistente que a da seringueira brasileira. O cabo ideal seria formado por sete fios de cobre trançados, cobertos por três camadas de guta-percha, enrolado com fibra de cânhamo e piche e fechado com uma malha de fios de ferro. Foram produzidos 4 mil quilômetros deste cabo.
As Primeiras Mensagens Intercontinentais
Depois de duas tentativas fracassadas, as duas extremidades do cabo finalmente se conectaram em 4 e 5 de agosto de 1858. Uma semana depois, a primeira mensagem intercontinental da História foi transmitida, anunciando timidamente a era da comunicação global. Mas foi quatro dias depois, com a mensagem de congratulações da Rainha Vitória, que o significado do feito foi verdadeiramente sentido. A mensagem de 98 palavras levou 17 horas para ser transmitida, mas o tempo de transmissão logo se tornaria irrelevante.
Em 18 de setembro do mesmo ano, o cabo ficou mudo, uma seção no meio do mar queimou, e o reparo era impossível. Um segundo cabo foi instalado em 1866 e, na virada do século, o planeta inteiro estava conectado através de rotas muito semelhantes aos atuais cabos de fibra óptica. As notícias que antes levavam semanas agora chegavam quase instantaneamente. Era o começo do mundo em que vivemos hoje.