Avanços tecnológicos e ciclo de vida dos produtos de defesa foram alguns dos temas tratados no 10° Simpósio Internacional de Logística Militar, no Rio de Janeiro. De 12 a 14 de abril, cerca de 2 mil pessoas – entre representantes da indústria de defesa, civis e alunos de escolas militares – debateram e trocaram conhecimento sobre as práticas e os desafios que contribuem para o enriquecimento da cultura logística das Forças Armadas. A iniciativa é uma oportunidade para rever conceitos da logística aplicada ao setor e apresentar demandas inovadoras à Base Industrial de Defesa (BID).

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O evento ocorreu durante a LAAD, a maior feira de defesa e segurança da América Latina. A escolha do local foi estratégica pois os participantes puderam observar in loco as novas tecnologias e soluções para as necessidades da área logística. Isso incentiva a BID nacional, além das Forças Armadas, a conseguir atender às demandas de defesa do País ao promover maior autossuficiência no desenvolvimento de produtos.

“A BID é o futuro e a sustentação do País. O Ministério da Defesa é o principal indutor desse caminho. E a LAAD é, claramente, um estudo de logística. Porque aqui conseguimos identificar não só aqueles itens de que precisamos, como também toda a cadeia do ciclo de vida”, destacou o Chefe de Logística e Mobilização do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (CHELOG/EMCFA), Almirante de Esquadra André Luiz Silva Lima de Santana Mendes.

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O parque industrial de defesa brasileiro representa o repositório de capacidade tecnológica que pode impulsionar melhorias, por meio de soluções inovadoras para as Forças Armadas no campo da logística. Isso fomenta a indústria nacional e incrementa a autonomia do País nas diversas funções da logística de defesa.

“Um exemplo prático de logística é a aquisição de um item num site de uma grande empresa, por exemplo. Ao apertar o botão de compra no seu celular, você aciona um canal logístico enorme. Alguém recebe a demanda, verifica no estoque, separa o objeto, seleciona o método de envio, controla o sistema e faz o transporte. Da mesma forma, a logística militar possui todas essas nuances e muito mais. Na logística comercial, se você não recebe o item comprado, busca o concorrente. Na logística militar, se os suprimentos não chegam na hora adequada, perde-se a guerra”, frisou o Capitão de Mar e Guerra Marcelo Garcia, da Chefia de Logística e Mobilização do Ministério da Defesa (CHELOG-MD).

Nesse contexto, os projetos estratégicos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica possuem forte vínculo com a BID, uma vez que a manutenção dos meios obtidos são feitos por empresas pertencentes ao parque industrial de defesa brasileiro, como, por exemplo, os helicópteros do Projeto H-XBR. Atualmente, esses equipamentos estão em uso pelas três Forças Armadas na Operação Yanomami – força-tarefa do Governo Federal para apoio humanitário aos indígenas no norte do País e combate ao garimpo ilegal na região.

Um dos painéis retratou, nesta quinta-feira (13), a “A logística em rede e a terceirização da logística nas atividades militares”. A apresentação foi realizada pelo Diretor-Presidente da Emgepron, Edesio Teixeira Lima Junior. A empresa estatal brasileira gerencia projetos navais para a Marinha, como a produção das Fragatas Tamandaré, no Estaleiro tkEBS, em Itajaí (SC).“No pico da obra, teremos 2 mil funcionários, 99% brasileiros, gerando empregos, 2 mil diretos e 6 mil indiretos, criando uma grande cadeia produtiva e um efeito multiplicador na economia brasileira, repercutindo emprego, valor agregado e com a possibilidade de exportação”, frisou Edesio Teixeira.

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A logística de sustentação é mais um exemplo de que as Forças Armadas necessitam da BID para operar. “Ela ocorre quando uma atividade militar dura meses ou até anos e precisa de uma estrutura para se manter, seja de combustível, alimentação, manutenção dos meios, construção de bases, etc. É o caso da ajuda humanitária em Roraima, a Operação Acolhida, e da logística que auxiliou as tropas brasileiras no Haiti, durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH)”, assinalou também o Comandante Marcelo Garcia.

Com o passar dos anos, o assunto logístico vem ganhando cada vez mais atenção no âmbito dos militares e da indústria de defesa. Esse dado é refletido no aumento de 36% do número de inscritos nessa 10ª edição do Simpósio, em relação à média dos anos anteriores.

Painéis – O simpósio apresentou três temáticas – “Os desafios da logística atual”, “A gestão da logística” e a “Logística do futuro” – divididas em seis painéis. Militares estrangeiros da Alemanha, da Holanda, da França e do Reino Unido, além de oficiais-generais do Brasil realizam as exposições.

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Nesta edição, o simpósio contou com a participação do oficial de Operações do Centro de Coordenação de Movimento da Europa, Tenente-Coronel Eelco Van Beek; do Diretor-Presidente da Emgepron, o Vice-Almirante (IM) Edesio Teixeira Lima Junior; e do Chefe de Operações e Movimentos da Cadeia de Suprimentos de Defesa do Reino Unido, Brigadeiro Jo Chestnutt.

Por Júlia Campos
Fotos: Jeferson Venancio

Marcelo Barros, com informações do Ministério da Defesa
Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).