Fardo avistado na praia da Pituba, em Coruripe, no litoral sul alagoano, em julho: carga era de outro navio alemão Imagem: Prefeitura de Coruripe

O litoral nordestino do Brasil tornou-se palco de um mistério digno de romances de aventura, com o surgimento de fardos de borracha oriundos das profundezas do oceano. Após intensas investigações, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) lançaram luz sobre esse enigma, revelando a conexão desses fardos com um segundo navio nazista, o MV Weserland, afundado em 1944. Este achado não só enriquece a história marítima do país, mas também suscita importantes discussões sobre a preservação e a exploração de naufrágios históricos.

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Navio MV Weserland, afundado em 1944
Imagem: Sixtant

Dois Navios, Uma História Intrincada

Até então, acreditava-se que os fardos misteriosos, que começaram a aparecer em 2018, pertenciam exclusivamente ao SS Rio Grande, outro navio alemão naufragado na região. No entanto, a descoberta de novos fardos, marcados com inscrições em ideogramas japoneses – algo não observado nos fardos anteriores –, apontou para uma origem diversa, ligada ao MV Weserland. Essa nova peça do quebra-cabeça traz à tona uma complexa rede de rotas marítimas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial e destaca a importância estratégica do Nordeste brasileiro nesse contexto.

Tesouros Submersos e a Caça Contemporânea

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Fardo achado em Alagoas com inscrição em ideograma japonês chamou atenção
Imagem: Cláudio Sampaio/Ufal

A identificação dos fardos do MV Weserland traz à tona não apenas questões históricas, mas também econômicas. Sabendo que esses navios transportavam metais preciosos como estanho e cobalto – bens de alto valor no mercado atual –, a possibilidade de saques nos destroços tornou-se uma preocupação real. Pesquisadores e especialistas estão agora em uma corrida contra o tempo, utilizando modelagens matemáticas e trabalhando com colaboradores internacionais, como o pesquisador britânico David Mearns, para proteger esses sítios de importância histórica e cultural.

Um Legado que Vem à Tona

A descoberta dos fardos do MV Weserland não é apenas um marco para a ciência e a história marítima brasileira, mas também um lembrete da riqueza e complexidade que jaz sob as ondas do mar. O trabalho incansável dos pesquisadores não apenas joga luz sobre um capítulo esquecido da história, mas também reitera a necessidade de proteger e estudar esses tesouros submersos, que são janelas preciosas para o nosso passado coletivo.

Com informações da UFAL

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).