RIO DE JANEIRO (RJ), 07/07/2023 – Participantes da mesa no seminário O caso do navio escravagista Camargo, no Arquivo Nacional. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Nos corações e mentes das comunidades quilombolas do Brasil, as histórias de antepassados escravizados e da luta pela liberdade reverberam por gerações. No Quilombo Santa Rita do Bracuí, localizado no sul fluminense de Angra dos Reis, essas narrativas adquirem uma camada extra de significado com a pesquisa em andamento sobre o navio traficante de escravos conhecido como Brigue Camargo.

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RIO DE JANEIRO (RJ), 07/07/2023 – A líder do Quilombo Santa Rita do Bracuí, Marilda de Souza Francisco durante seminário O caso do navio escravagista Camargo, no Arquivo Nacional. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Liderando a comunidade, encontra-se Marilda de Souza Francisco, uma mulher de 60 anos que mantém viva a história transmitida pelo seu pai – a saga de um navio africano misterioso, um capitão disfarçado de mulher e uma embarcação tragada pelas águas.

A Busca pelo Brigue Camargo

Desencadeadas em 2022, as pesquisas arqueológicas sistemáticas têm como objetivo principal encontrar os vestígios do Brigue Camargo. Este navio, roubado na Califórnia em 1851 pelo capitão Nathaniel Gordon, transportou cerca de 500 africanos escravizados para o porto clandestino do Bracuí antes de ser deliberadamente afundado para evitar a captura, pois o tráfico de escravos já era proibido no Brasil.

Graças à liderança de Marilda e à contribuição das comunidades quilombolas, a busca pelo Camargo avança de maneira significativa. Materiais que possam pertencer à embarcação foram recentemente descobertos, e a identificação é um processo cuidadoso e meticuloso em andamento. Como destaca Luis Felipe Freire Dantas Santos, presidente do Instituto AfrOrigens, “Cada embarcação tem a sua assinatura e precisamos fazer essa identificação”.

Conectando Passado e Presente: A Importância do Projeto

Além do valor histórico, a pesquisa traz uma oportunidade única para a comunidade do Quilombo Santa Rita do Bracuí. O envolvimento da comunidade nas iniciativas culturais, sociais e turísticas associadas ao projeto é fortemente incentivado.

Há também um forte apoio e investimento de instituições de ensino e pesquisa norte-americanas, como a George Washington University e o Smithsonian Institution National Museum of African American History and Culture. A colaboração permite uma avaliação crítica do passado comum de escravidão e exploração nas Américas.

A Luta Contra o Legado da Escravidão

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RIO DE JANEIRO (RJ), 07/07/2023 – A diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto durante seminário O caso do navio escravagista Camargo, no Arquivo Nacional. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Esta pesquisa ajuda a sociedade a lidar com os problemas do passado e a combater seu legado até hoje. Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora do Arquivo Nacional, destaca a necessidade de revisitar a escravidão para melhor compreender não só como ela se estruturou e teve muitos defensores, mas também como foi combatida.

No final das contas, a pesquisa, enquanto um testemunho da história da escravidão e da luta pela liberdade, também serve como um lembrete do que ainda precisa ser feito. Como sociedade, devemos estar constantemente vigilantes para garantir que tais crimes contra a humanidade não se repitam.

Com informações da Agência Brasil

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).