Nos corações e mentes das comunidades quilombolas do Brasil, as histórias de antepassados escravizados e da luta pela liberdade reverberam por gerações. No Quilombo Santa Rita do Bracuí, localizado no sul fluminense de Angra dos Reis, essas narrativas adquirem uma camada extra de significado com a pesquisa em andamento sobre o navio traficante de escravos conhecido como Brigue Camargo.
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Liderando a comunidade, encontra-se Marilda de Souza Francisco, uma mulher de 60 anos que mantém viva a história transmitida pelo seu pai – a saga de um navio africano misterioso, um capitão disfarçado de mulher e uma embarcação tragada pelas águas.
A Busca pelo Brigue Camargo
Desencadeadas em 2022, as pesquisas arqueológicas sistemáticas têm como objetivo principal encontrar os vestígios do Brigue Camargo. Este navio, roubado na Califórnia em 1851 pelo capitão Nathaniel Gordon, transportou cerca de 500 africanos escravizados para o porto clandestino do Bracuí antes de ser deliberadamente afundado para evitar a captura, pois o tráfico de escravos já era proibido no Brasil.
Graças à liderança de Marilda e à contribuição das comunidades quilombolas, a busca pelo Camargo avança de maneira significativa. Materiais que possam pertencer à embarcação foram recentemente descobertos, e a identificação é um processo cuidadoso e meticuloso em andamento. Como destaca Luis Felipe Freire Dantas Santos, presidente do Instituto AfrOrigens, “Cada embarcação tem a sua assinatura e precisamos fazer essa identificação”.
Conectando Passado e Presente: A Importância do Projeto
Além do valor histórico, a pesquisa traz uma oportunidade única para a comunidade do Quilombo Santa Rita do Bracuí. O envolvimento da comunidade nas iniciativas culturais, sociais e turísticas associadas ao projeto é fortemente incentivado.
Há também um forte apoio e investimento de instituições de ensino e pesquisa norte-americanas, como a George Washington University e o Smithsonian Institution National Museum of African American History and Culture. A colaboração permite uma avaliação crítica do passado comum de escravidão e exploração nas Américas.
A Luta Contra o Legado da Escravidão
Esta pesquisa ajuda a sociedade a lidar com os problemas do passado e a combater seu legado até hoje. Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora do Arquivo Nacional, destaca a necessidade de revisitar a escravidão para melhor compreender não só como ela se estruturou e teve muitos defensores, mas também como foi combatida.
No final das contas, a pesquisa, enquanto um testemunho da história da escravidão e da luta pela liberdade, também serve como um lembrete do que ainda precisa ser feito. Como sociedade, devemos estar constantemente vigilantes para garantir que tais crimes contra a humanidade não se repitam.
Com informações da Agência Brasil