Edição de 24 de novembro de 1910 do jornal Correio da Manhã - Domínio público

A Revolta da Chibata, ocorrida entre 22 e 26 de novembro de 1910, é um capítulo marcante na história brasileira, simbolizando a luta contra a opressão e a injustiça social. Este levante, liderado por João Cândido Felisberto e outros marinheiros, desafiou a prática brutal de castigos corporais na Marinha Brasileira, refletindo o legado da escravidão e as tensões raciais no Brasil do início do século XX.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

Contexto Histórico

image 2024 02 13 093929142
João Cândido, ao lado de um marinheiro, lendo o manifesto dos revoltosos – Domínio público

O cenário brasileiro pré-revolta era complexo. Após a abolição da escravidão em 1888, seguida pela proclamação da República em 1889, o país enfrentava instabilidade política e descontentamento social. A Marinha, negligenciada durante a transição política, buscava modernização através da aquisição de navios dreadnoughts, mas as condições sociais e raciais internas permaneciam arcaicas. Marinheiros negros e mulatos, recrutados em circunstâncias muitas vezes coercitivas, enfrentavam condições de trabalho desumanas e castigos severos, perpetuando um sistema reminiscente da escravidão.

A Revolta e seus Desdobramentos

image 2024 02 13 094053964
João Cândido entregando o comando do Minas Geraes ao capitão Pereira Leite – Domínio público

O estopim da revolta foi a punição de 250 chibatadas aplicada ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, que inflamou o descontentamento latente entre os marinheiros. Com o controle dos encouraçados Minas Geraes e São Paulo, os revoltosos demandaram o fim dos castigos corporais e melhorias nas condições de vida. A complexidade da situação era evidente: enquanto o governo buscava soluções militares, o Congresso, influenciado por figuras como Rui Barbosa, trabalhava por uma resolução diplomática.

Legado

A revolta culminou na concessão de anistia aos envolvidos e no fim oficial dos castigos corporais na Marinha. No entanto, as consequências para os revoltosos foram mistas: muitos foram dispensados e posteriormente perseguidos, com João Cândido internado em um hospital psiquiátrico. A longo prazo, a Revolta da Chibata se destacou como um símbolo de resistência e um catalisador para mudanças nas forças armadas e na sociedade brasileira.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).