Os chefes da Interpol no Brasil, Rodrigo Carnevale, e do Serviço de Segurança Portuária da Polícia Federal, Marcelo João da Silva, disseram nesta terça-feira (11/10) que planejam parcerias para aumento da segurança nos portos brasileiros. Segundo eles, ações integradas, ágeis e flexíveis entre setores público e privado são imprescindíveis no combate ao crime organizado, que tem encontrado barreiras no sistema portuário devido ao grande número de apreensões de drogas que seriam traficadas para outros países.

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Eles participaram de live da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) sobre cooperação interagências na proteção portuária, transmitida no Youtube. Também participaram do evento Alice Casanova, mestre em estudos marítimos pela Escola de Guerra Naval; o diretor-presidente da ATP, Murillo Barbosa; e o coordenador do comitê de Segurança da entidade, Roberto Almeida, que é representante da Vale.

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De acordo com Barbosa, a discussão sobre a cooperação na proteção portuária reforça o compromisso da ATP de atuar em defesa de políticas públicas que colaborem para o desenvolvimento e a segurança do segmento.

Alice observou que o crime organizado transnacional tem utilizado os portos internacionais como “portões” de saída e entrada para o tráfico internacional de cocaína, além de armas, mercadorias falsas ou contrabandeadas, entre outros ilícitos. “A droga é escondida dentro de containers de maquinários, eletrônicos, commodities e em compartimentos dos navios”, disse.

O representante da Interpol ressaltou estratégias para fortalecimento da cooperação no sistema portuário. Segundo Carnevale, é necessária a “criação de canais seguros de comunicação, rede de confiança e ferramenta de tráfego de informações, entre todos os cooperados, para fortalecer a comunicação” e aumentar a segurança nos portos.

O chefe do Serviço de Segurança Portuária da Polícia Federal disse que o tráfico de drogas é o crime mais comum no modal marítimo e está no foco de todos os órgãos. O delegado também é presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos).

“Para que a droga chegue ao porto, em vários momentos o aparato da segurança falhou antes. O porto é a última linha de defesa em relação à questão criminal. Os números provam que cada vez é crescente a apreensão de drogas”, afirmou o delegado da PF.

Os órgãos de investigação têm aprimorado sua atuação, segundo Marcelo João, para barrar a ousadia das organizações criminosas. “Hoje a gente está enxergando uma nova metodologia de trabalho, incluindo a busca de [drogas] em trabalho subaquático no casco do navio”, afirmou. Por isso, ele concorda que a prevenção e o combate ao tráfico de drogas requerem a cooperação interagências, para se estruturar rede de segurança com diversos órgãos e agentes.

“A rede de segurança teria como objetivo promover a troca de informação e conhecimento acerca da avaliação de ameaças do crime organizado, disseminar boas práticas de segurança pública e fomentar a sinergia entre agências públicas e atores privados a fim de fortalecer a cooperação interagências na proteção do ambiente portuário”, explicou Alice.

De acordo com o delegado da PF, o desafio de ações por parte dos setores público e privado é atuar com agilidade e flexibilidade, para responder à altura no combate às organizações criminosas, que mudam seus formatos e modos de operação constantemente.

Carnevale ressaltou que agilidade e confiança são motivos de sucesso da cooperação na Interpol, que reúne 195 países. “Agilidade porque precisa que as informações tramitem muito rápido. A gente consegue resposta de um dia para o outro ou até no mesmo momento. A confiança entre países, por sua vez, se fortalece nos encontros que a Interpol promove. A única coisa com a qual a gente tem muito cuidado é em relação ao tráfego das informações, que ocorre rede segura, separada e privada”, disse.