No Brasil, os Estudos de Defesa constituem uma complexa área do saber pertinente à expressão militar que, de modo interdisciplinar, por fatores variáveis, orbitam as estratégias para a proteção e a integridade do território do país. É importante destacar que, apesar dos debates sobre a sua cientificidade, tais domínios são perpassados pela ciência política, pelas Relações Internacionais, pelos estudos de segurança e estratégicos, dentre outros, demonstrando ainda a inexistência de um espaço bem demarcado para essa seara.

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Com recentes gerações de pesquisadores civis no meio acadêmico brasileiro, tais investigações, majoritariamente lideradas por membros das Forças Armadas no século XX, são amplas e, sobretudo, concentradas no Centro-Sul nacional. Cabe frisar que as universidades civis e as escolas de altos estudos militares possuem especial interesse nas matérias desafiadoras da estabilidade e da soberania do Estado, como referentes aos conflitos armados externos, missões de paz e ajuda humanitária.

Contudo, não é da operacionalização da Defesa por meio da Marinha, do Exército ou da Força Aérea que versa este texto, mas dos temas que abarcam, entre outros aspectos, as análises conjuntas, de civis e militares, sobre os empregos estratégicos das três Forças singulares. Logo, não apenas primordial é conhecer ou saber fazer a guerra, mas as pesquisas desta esfera devem estar entre os interesses preferenciais para que a paz seja assegurada.

Outrossim, a partir das últimas décadas do século passado, com o processo de redemocratização, o mencionado campo avançou de forma gradual no Brasil. Tendo como balizas significativas a Constituição Federal de 1988 e o estabelecimento do Ministério da Defesa, em 1999, com base no Estado Democrático de Direito, o papel das Forças Armadas foi normatizado para a sociedade. Atualmente, como salvaguarda para os direitos fundamentais do povo, comandado por civil, o mencionado Ministério, em alguma medida, une as Forças singulares, servindo de subordinação única e direta destas ao Presidente da República.

Nesse ínterim, segundo a Política e a Estratégia Nacional de Defesa, documentos regulatórios do mais alto nível para o setor, é pertinente o envolvimento da comunidade acadêmica, desenvolvendo o assunto em apreço, com o devido aprofundamento e rigor científico. Convém ressaltar que “examinar, descobrir, produzir e agregar” são os verbos consoantes às prioridades e necessidades do Brasil em relação à atuação conjunta de integrantes das Forças Armadas e civis para o progresso da Defesa no país. Assim sendo, reitera-se que a quebra de eventuais paradigmas do passado, para o profícuo diálogo dos civis com os militares, é pertinente e relevante para o avanço da agenda brasileira de Estudos de Defesa.

Finalmente, é preciso haver maiores incentivos e fomentos estatais para que os acadêmicos desse setor ampliem o seu alcance territorial, compartilhando os seus conhecimentos em outras regiões do país. Dessa maneira, civis e militares, sejam como especialistas ou pelas experiências e vivências profissionais na área, poderão sustentar iniciativas comuns qualificadas para, gradativamente, criarem e potencializarem uma cultura nacional de Defesa comum.