Desde    o    Brasil    Colônia,    a    Engenharia    Militar    vem contribuindo de forma significativa  na Defesa, na Segurança e no Desenvolvimento Nacional, enfrentando e superando os desafios de cada momento histórico de nosso País. Seu legado compreende desde contribuições à demarcação, consolidação e integração do território nacional até realizações em proveito da defesa e do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.

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Essa trajetória emblemática da labuta incessante e silente dos integrantes do Quadro dos Engenheiros Militares é inspirada no exemplo de dedicação, desprendimento e amor ao solo pátrio revelado pelo seu Patrono, o Cel Ricardo Franco de Almeida Serra, cuja carreira militar deve ser sempre rememorada e reverenciada.

O Cel Ricardo Franco nasceu em 3 de agosto de 1748, na cidade do Porto, em Portugal,    tendo iniciado sua vida castrense aos 14 anos, ao ingressar, em 1762, na Academia Militar de Portugal, onde obteve o grau de Oficial em 1766, ao concluir os cursos de Engenharia e de Infantaria.

Chegou ao Brasil em 1780,  no posto  de capitão,  quando  foi designado pela rainha de Portugal para exercer a chefia da Terceira Partida de Demarcação de Limites, destinada a resolver as disputas territoriais resultantes da expansão das fronteiras do Brasil.

Em solo brasileiro, Ricardo Franco desempenhou papel decisivo na consolidação do nosso espaço territorial. Levantou extensas regiões fronteiriças, explorou mais de 50 rios das bacias do Amazonas e do Prata e mapeou as capitanias do Grão-Pará, de São José do Rio Negro (atual Amazonas) e de Mato Grosso.

Em sua vasta atuação como Engenheiro Militar, foi o responsável por obras estratégicas para a conquista da Soberania Nacional, dentre as quais se destacam o Quartel dos Dragões de Vila Bela, no atual estado de Mato Grosso; o Forte Coimbra, no Mato Grosso do Sul; e o Real Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa durante o período do Brasil Colônia.

Em setembro de 1801, o então Tenente-Coronel Ricardo Franco protagonizou uma das mais fascinantes passagens da história militar do Brasil quando, no comando do Forte Coimbra, realizou heroica resistência aos ataques de forças espanholas que contavam com esmagadora superioridade em pessoal e material. A fantástica e improvável vitória da resistência desarticulou o inimigo, garantindo a Ricardo Franco o reconhecimento da Coroa Portuguesa por meio de sua promoção ao posto de coronel em 1802.

Combalido por doenças tropicais, o Coronel Ricardo Franco faleceu em 21 de janeiro de 1809, aos 61 anos de idade, ainda no comando do Forte que construiu e defendeu bravamente.

Em 12 de junho de 1987, em reconhecimento à sua história de gloriosas conquistas e relevantes obras de engenharia, o Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra tornou-se o Patrono do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro, cuja comemoração ocorre em 3 de agosto, data de seu nascimento.

Perpetuando os valores de Ricardo Franco, gerações de Engenheiros Militares trabalham incansavelmente nas mais diversas vertentes das áreas científico-tecnológicas, logísticas e operacionais, em prol do Exército e do progresso do Brasil.

Para o cumprimento de tão nobre missão, cabe ao Instituto Militar    de    Engenharia    (IME),    estabelecimento    de    ensino    de excelência nacional, a formação militar e a graduação nas diversas especialidades dos futuros oficiais Engenheiros Militares, bem como a realização de pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Engenharia Militar vem-se desenvolvendo, acompanhando e contribuindo com a rápida e dinâmica evolução tecnológica, buscando proporcionar as melhores soluções nas diversas áreas de interesse do Exército. Nesse enfoque, podem ser destacados: a manutenção da operacionalidade da Força  Terrestre,  com  o provimento de infraestrutura e de serviços de Tecnologia da Informação e Comunicações; o desenvolvimento de sistemas corporativos, com a contínua busca da segurança da Tecnologia de  Informação;  a  coordenação  e  execução   das  atividades cartográficas relativas às imagens e informações geográficas; o fomento da integração entre Academia, Indústria e Defesa; a gestão da inovação no processo de pesquisa e desenvolvimento para obtenção de produtos de defesa; o provimento de Sistemas e Materiais de Emprego Militar de elevada complexidade tecnológica; as ações de avaliação e conformidade de materiais de emprego militar; os projetos e as pesquisas realizadas pelo seu Centro Tecnológico; as ações fabris realizadas pelos seus Arsenais de Guerra; a defesa química, biológica, radiológica e nuclear, por intermédio de seu Instituto; as ações de defesa cibernética, por seu comando e correspondente estrutura interforças; e o ensino, a gestão e a operação do Sistema de Comando e Controle do Exército.

Ressalta-se, ainda: a atuação na Indústria de Material Bélico do Brasil; o acompanhamento e a responsabilidade  técnica  na construção de obras de grande envergadura a cargo do Departamento de Engenharia e Construção; e a crescente demanda da fiscalização de Produtos Controlados pelo Exército, por intermédio de seu Comando Logístico, dentre outros trabalhos de grande importância para o desenvolvimento e a segurança nacional.

No contexto do processo de transformação do Exército rumo à Era do Conhecimento, a Engenharia Militar atua como vetor fundamental, tendo participação em grande parte dos Objetivos Estratégicos voltados à operacionalidade da Força Terrestre, destacando-se no desenvolvimento da viatura blindada de transporte de pessoal média sobre rodas Guarani; no Sistema de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON); na modernização dos meios de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro; na aquisição e na modernização de viaturas do Sistema ASTROS; na busca da proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres (PROTEGER); na Obtenção de Capacidade Operacional Plena (OCOP), que tem por objetivo manter a capacidade operacional e contribuir com o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa; na Aviação do Exército; e na Defesa Cibernética, que incluiu o Brasil no restrito grupo de países capazes de desenvolver medidas de proteção e mitigação de ataques no campo cibernético.

Os Engenheiros Militares desdobram-se com destacada atuação, ainda, no Projeto Amazônia Conectada, transpondo obstáculos sem precedentes ao conectar as unidades do Exército Brasileiro na região amazônica por meio do lançamento de cabos de fibra óptica pelos leitos dos rios, beneficiando os demais entes governamentais presentes na região e, sobretudo, a população local.

A Engenharia Militar demonstra, a cada novo desafio, sua grande capacidade de identificação e resolução de problemas, fruto do autodidatismo e do alto nível de instrução dos integrantes do Quadro. Ela se tornou mais evidente na atual pandemia de covid-19, quando, ainda no princípio da crise, integrantes e ex- integrantes do QEM, alunos e ex-alunos do IME, convergiram esforços em um exemplo de união e de comprometimento com o País, para produção e doação de equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde, por intermédio do Instituto Militar de Engenharia e do Arsenal de Guerra do Rio.

Percebe-se a importância dos Engenheiros Militares em quase todas as áreas da vida militar. Seja na linha de pesquisa e desenvolvimento, na nobre atividade de docência, no campo operacional militar, seja nas atividades de gerência, fiscalização e administração, o oficial do QEM participa com grande relevo, graças ao brilhantismo nato e ao entusiasmo presente desde os bancos escolares.

Os integrantes do Quadro de Engenheiros Militares transportam na alma os ensinamentos do seu Patrono, o Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, cuja herança de honra e glória norteia a busca da excelência dos trabalhos desenvolvidos, e o Exército Brasileiro os saúda pelo seu dia, reverenciando os feitos do passado, orgulhando-se da atuação no presente e confiante no êxito futuro, em sua incansável contribuição para o desenvolvimento de nosso País.

Sempre avante, Engenheiros Militares!

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).