Maria das Graças Mota Bernardo, de 64 anos, passou uma semana à deriva no Rio Amazonas, no estado do Amazonas, após seu marido, José Nilson de Souza Bernardo, sofrer um infarto enquanto pescavam juntos. Durante os dias em que esteve perdida, a pescadora se alimentou de peixe cru e farinha, além de ter que defender o corpo do marido dos urubus que o rodeavam. Maria das Graças só foi resgatada pela Marinha na terça-feira (4), juntamente com o corpo de seu esposo.
O resgate aconteceu na região de Iranduba, a 27 quilômetros de Manaus, quando a embarcação do casal foi localizada à deriva no Rio Negro. Segundo relatos da filha do casal, Cristiane Bernardo, nos primeiros dias em que ficou perdida, a mãe se alimentou de peixe cru e farinha. Depois, por falta de alimento, passou um dia só bebendo água e outro só comendo farinha com água e suco de limão puro. No terceiro dia, Maria das Graças pediu ajuda a um senhor que passou pela embarcação em uma canoa com motor, mas não foi socorrida.
Durante os dias em que ficou perdida, a aposentada teve que enfrentar ainda a presença de animais, como urubus e jacarés, que rondavam a embarcação. Maria das Graças precisou até mesmo defender o corpo do marido de urubus, batendo panelas e colocando um lençol sobre ele para afastar as aves.
O objetivo principal de Maria das Graças, além de sobreviver, era trazer o corpo de seu marido para casa e dar-lhe um enterro digno. Antes de ser encontrada pela Marinha, ela amarrou uma corda ao próprio corpo, pois sabia que poderia cair para dentro da água e não sabia nadar.
Após ser resgatada, Maria das Graças recebeu os primeiros socorros e foi helitransportada até um hospital em Manaus. Já o corpo de José Nilton foi transportado pelos bombeiros para o necrotério do hospital de Novo Airão. A família agora tenta transferir o corpo para Manaus, onde planeja fazer o sepultamento.