O Exército Brasileiro entende que uma concreta base familiar é condição sine qua non para a consolidação de comportamentos socialmente adequados. Não por acaso, a Instituição celebra, no dia 18 de setembro, o Dia da Família Militar, instituído por Portaria do Comandante do Exército em junho de 2016.

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A data foi criada em homenagem ao nascimento de Rosa Maria Paulina da Fonseca, personagem da história que deu início à formação de uma das mais importantes linhagens militares do Brasil.

D. Rosa da Fonseca casou-se com Manuel Mendes da Fonseca no ano de 1824 e o casal teve dez filhos: oito homens e duas mulheres. Na década de 1840, a família transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, então capital nacional. Talvez como uma indicação do destino, o navio em que viajaram chamava-se “Triunfo do Império”.

Dos filhos homens, sete deles dedicaram-se ao serviço da Pátria, incorporando às fileiras do Exército. Durante a Guerra da Tríplice Aliança, por decisão conjunta dos irmãos Fonseca, apenas um dos filhos militares de D. Rosa permaneceu no seio familiar, com a finalidade de garantir a segurança da matriarca e das outras mulheres e crianças da família, uma vez que o patriarca da família, então tenente-coronel, havia falecido em 1859.

Seis dos irmãos militares seguiram para as frentes de batalha. Ao longo da guerra, D. Rosa da Fonseca perdeu três dos filhos enviados aos combates. Dos que regressaram com vida e cobertos com os louros da vitória, notabilizaram-se na história do Brasil por suas brilhantes carreiras: o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, proclamador da República e primeiro presidente do Brasil, e o General de Brigada médico João Severiano da Fonseca, Patrono do Serviço de Saúde do Exército. Posteriormente, outro importante ícone da família foi o neto de D. Rosa, o Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, oitavo presidente da República.

Consta dos relatos históricos que, nas comemorações da vitória de Itororó, D. Rosa recebeu um boletim com a notícia da morte do filho caçula, Afonso Aurélio, e dos graves ferimentos de Manuel Deodoro. Nem por isso deixou de homenagear as tropas, estampando a Bandeira Nacional em uma das janelas de sua casa. E, quando pessoas amigas chegaram para dar-lhe os pêsames, D. Rosa teria afirmado: “Sei o que houve, talvez até Deodoro mesmo esteja morto. Mas hoje é dia de gala pela vitória; amanhã chorarei a morte deles”. E, de fato, chorou por três dias, fechada em seu quarto. Consta, ainda, que, por ocasião da visita de um representante da corte em nome do imperador para apresentar-lhe os pêsames, esse oficial foi recebido com calma e impassividade, o que o fez demonstrar a D. Rosa sua admiração. Ela lhe respondeu afirmando que a vitória que a Pátria alcançava, e que todos tinham ido defender, valia muito mais que a vida de seus filhos. O oficial curvou-se ante aquele caráter forte e diamantino e, comovido, beijou a mão daquela excelsa dama, que lhe parecia a encarnação da própria Pátria.

A edificante história de vida de D. Rosa Maria Paulina da Fonseca, cognominada “Mãe dos Sete Macabeus”, matrona respeitada e admirada por todos os brasileiros, esposa de militar e progenitora exemplar, impõe ao Exército a obrigação de homenagear, de forma marcante, essa digna heroína, que tão bem encarna o espírito de luta e sacrifício da Família Militar brasileira. A nossa querida patrono faleceu aos 70 anos, na cidade do Rio de Janeiro, a capital do Império à época.

D. Rosa foi uma mulher notável, reconhecida pelo ânimo inquebrantável, pelo espírito iluminado, pela fé e pelo devotado amor ao Brasil. Foi, também, um verdadeiro modelo de desprendimento, amor, caridade, renúncia e, principalmente, resignação pela forma como se portou nos momentos difíceis da vida. Será sempre um exemplo de mãe, símbolo maior da família, assim como um modelo para todos nós, que indica os valores norteadores da ética para a Família Militar do Exército Brasileiro.

Em 20 de junho de 2022, por meio da Portaria do Departamento de Educação e Cultura do Exército nº 179, foi concedida à Diretoria de Assistência ao Pessoal (DAP) a denominação histórica “Dona Rosa da Fonseca”, uma referência a Patrono da Família Militar. A DAP atua em prol da Família Militar, por meio de serviços e de ações de assistência social voltados aos militares, veteranos, pensionistas e civis do Exército. Dessa forma, a designação histórica é uma justa homenagem à matriarca da Família Militar por sua história de luta, sacrifício e abnegação na formação cívica da família, não medindo esforços para servir à Pátria.

Brasília-DF, 18 de setembro de 2022.

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).