A atual sede do Com3ºDN está situada, desde 2016, às margens do Rio Potengi, em Natal-RN

O Nordeste brasileiro sempre representou um importante vetor de defesa e desenvolvimento nacional, tanto pela capacidade de transformar suas potencialidades em riquezas, quanto pela sua posição geoestratégica, “debruçado” sobre o Atlântico. Neste contexto, a região teve fundamental importância na participação do Brasil no maior conflito armado da história, a Segunda Guerra Mundial, ao concentrar, em 1942, nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, esforços militares para a criação de um Comando Naval no Teatro de Operações do Atlântico Sul.

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Na ocasião, aliando-se aos Estados Unidos da América, estabeleceu-se uma relação operativa na guerra antissubmarino, em defesa das rotas comerciais que tinham como origem e destino os portos nordestinos. O Comando do 3º Distrito Naval (Com3ºDN), anteriormente denominado de Comando Naval de Pernambuco e Comando Naval do Nordeste, e situado, inicialmente, em Recife (PE), teve sua sede transferida para Natal, capital potiguar, em 1975, instalando-se no bairro do Tirol.

Em 2016, fruto de um bem-sucedido processo de permuta, o Distrito estabeleceu-se em sua atual sede, um moderno edifício localizado às margens do Rio Potengi, próximo à Zona Portuária da cidade.

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A atual sede do Com3ºDN está situada, desde 2016, às margens do Rio Potengi, em Natal-RN

Com o maior número de Unidades da Federação em sua jurisdição, o Com3ºDN possui 15 Organizações Militares (OM), diretamente subordinadas, além de quatro Agências e oito Navios, totalizando, assim, 28 OM impulsionadas por uma força de trabalho composta por mais de 3.500 militares e 118 servidores civis, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Detentor da maior área marítima do Serviço de Busca e Salvamento (SAR) do Brasil, com 5.293.716 km2, o Distrito monitora, ainda, uma costa com 1.430 quilômetros de extensão. “Sinto-me honrado ao assumir o comando deste grande barco chamado 3º Distrito. Navio pujante e de dimensões superlativas”, declarou o Vice-Almirante Alexander Reis Leite, atual Comandante, durante cerimônia de posse.

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Organizações Militares subordinadas 
Para desempenhar sua missão, o Distrito possui uma estrutura formada por Meios Navais e de Fuzileiros Navais, Base Naval, OM componentes do Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário, Comunicações Navais, Sinalização Náutica, Abastecimento e Finanças, Saúde e Ensino.

No âmbito das OM operativas, destaca-se o Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Nordeste, que tem sete navios subordinados e o propósito de realizar socorro e salvamento marítimo, além de patrulha e inspeção naval, a fim de contribuir para a salvaguarda da vida humana e segurança e controle dos interesses do Brasil no mar. Sob sua tutela, encontra-se, ainda, a Câmara Hiperbárica, equipamento que, segundo o Capitão de Fragata (Médico) Nelson Elias Andrade Júnior, “é o único recurso disponível e possível para tratamento emergencial de vítimas acidentadas de mergulho no extenso litoral do Com3ºDN, por intermédio da oxigenoterapia”.

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Câmara viabiliza a realização de tratamentos de Oxigenoterapia Hiperbárica

Nas ações em que se torna necessária a projeção do Poder Naval sobre terra, o Comando de Área possui, em sua estrutura, o Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal (GptFNNa), que é responsável pela manutenção da aptidão para a participação nas operações destinadas a prover a defesa de portos, bases, instalações navais, e de outros elementos componentes do Poder Marítimo.

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Militar do GptFNNa participa de Exercício de Defesa do Porto

Os Meios Navais e de Fuzileiros Navais mencionados podem necessitar de manutenção, de forma programada, ou de reparos imprevistos de natureza industrial, além de recebimento de água, combustível e energia elétrica. Neste cenário, a Base Naval de Natal (BNN) executa importante papel. “Cumpriremos efetivamente nosso papel de ponto logístico fixo da Marinha, contribuindo para o contínuo aprestamento dos navios deste Distrito, e dos demais que nos visitarem”, afirma o Capitão de Mar e Guerra Carlos Eduardo Ribeiro de Macêdo, Comandante da BNN.

Para que todo esse sistema distrital de OM possa funcionar de forma harmônica, a comunicação é fundamental. Para tanto, a Estação Radiogoniométrica da Marinha em Natal exerce papel relevante ao conduzir o emprego das Comunicações Navais na área, zelando pela aplicação dos requisitos fundamentais de confiança, segurança, rapidez, flexibilidade e integração.

Até aqui, é possível perceber que, pelas atividades apresentadas, um Distrito Naval possui uma dinâmica que envolve a necessidade de uma logística eficiente e eficaz. Nessa perspectiva, cabe ao Centro de Intendência da Marinha em Natal executar as atividades gerenciais de obtenção e abastecimento, a fim de contribuir para a prontidão dos meios da Força.

O Com3ºDN conta, ainda, com duas das quatro Escolas de Aprendizes-Marinheiros (EAM) existentes no Brasil, sediadas nas capitais de Pernambuco e do Ceará, cujo propósito visa formar Marinheiros para o Corpo de Praças da Armada, assegurando ao aluno o preparo intelectual, físico, psicológico, moral e militar-naval. Muitos dos Suboficiais, Sargentos, Cabos e Marinheiros que atuam nesta jurisdição, trazem, em seus conhecimentos acumulados, os aprendizados iniciados nas EAM deste Comando de Área.

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Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará, situada na cidade de Fortaleza

A MB considera o pessoal como o seu maior patrimônio, pois sem a participação do componente humano, a missão distrital estaria comprometida. Os Hospitais Navais, localizados em Natal (RN)   e Recife (PE), contribuem para o bom estado de saúde das tripulações das OM componentes do Com3ºDN, de forma que todos estejam prontos para o serviço, além de atender à Família Naval.

Com o propósito de implementar e operar os sinais de auxílio à navegação sob a responsabilidade da MB, o Serviço de Sinalização Náutica do Nordeste (SSN-3) fiscaliza e controla, também, o estabelecimento e funcionamento dos sistemas mantidos por outros órgãos públicos ou entidades privadas, tornando a navegação segura. O Capitão de Corveta Almir Pimentel Machado Neto, Comandante do SSN-3, destaca que “a área de jurisdição do Com3ºDN possui 68 auxílios náuticos, tendo, dentre eles, o primeiro e o segundo maiores faróis do Brasil, situados em Fortaleza (CE) e Touros (RN)”.

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Farol do Calcanhar, sinal náutico, localizado em Touros, no litoral norte potiguar

Cabe à Marinha, como atribuições subsidiárias, orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que interessa à defesa nacional, e prover a segurança da navegação aquaviária, fiscalizando o cumprimento de leis e regulamentos, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo. Tais atividades são executadas pelas Capitanias dos Portos e Agências existentes nos cinco Estados da jurisdição, que totalizam nove OM. O Capitão de Fragata Jorge Henrique da Mota Gomes de Souza, Capitão dos Portos do Rio Grande do Norte, ao falar sobre essas atribuições, mencionou que a “importância se configura, principalmente, pela promoção do Ensino Profissional Marítimo, com a formação dos futuros tripulantes de embarcações, que incrementa, ainda, o processo de conscientização no que diz respeito às formas de evitar poluição em nossas águas jurisdicionais”.

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Militares fiscalizam embarcações durante ação de Inspeção Naval em Camocim (CE)

Contribuição para a missão da Marinha
A missão da Marinha do Brasil, conforme previsto em lei, consiste em “preparar e empregar o Poder Naval, a fim de contribuir para a defesa da Pátria; para a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem; para o cumprimento das atribuições subsidiárias previstas em Lei; e para o apoio à Política Externa”.

Neste contexto, no que se refere à Defesa da Pátria, além de patrulhar as Águas Jurisdicionais Brasileiras, o Com3ºDN executa, por intermédio da BNN, a manutenção da Estação Científica do Arquipélago São Pedro e São Paulo, o que garante a habitabilidade permanente do Arquipélago, localizado a 1100 quilômetros (Km) do litoral do Rio Grande do Norte, o que propicia ao País o estabelecimento de uma Zona Econômica Exclusiva de 450.000 km2 e o exercício da soberania sobre esse espaço.

Quanto à Garantia dos Poderes Constitucionais, durante o processo eleitoral do ano de 2022, em atendimento à solicitação do Tribunal Superior Eleitoral, o 3º Distrito Naval atuou na Garantia da Votação e Apuração, no intuito de garantir a segurança e o livre acesso dos eleitores aos locais do pleito, no Município de Aquiraz (CE).

Em relação à Garantia da Lei e da Ordem, além de ter participado de situações reais, o Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal realiza treinamentos continuados, a fim de elevar o grau de prontidão para executar operações dessa natureza.

No tocante às atividades subsidiárias, especificamente quanto a prover a segurança da navegação aquaviária e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas águas interiores da jurisdição, foram realizadas, durante a Operação “Verão” 2022-2023, mais de 25.000 inspeções a embarcações, representando um acréscimo de aproximadamente 70% em relação à operação anterior, resultando em 706 notificações e 55 apreensões. Paralelamente, o Ensino Profissional Marítimo entregou, em 2022, à jurisdição do Com3ºDN, uma força de trabalho de 3.476 novos e atualizados profissionais, por intermédio dos Cursos de Formação de Aquaviários.

No campo da Política Externa, a participação do Brasil no concerto das nações é de grande importância no campo das Relações Internacionais. Conforme explica o Capitão de Fragata Marcio Jorge dos Santos, Comandante do Navio-Patrulha Oceânico (NPaOc) “Araguari”, a presença do Brasil no Exercício Multinacional “Obangame Express 2023”, por intermédio do NPaOc “Araguari”, “capacita a Força Naval nacional e países africanos do Atlântico Sul, para a coordenação de ações contra crimes como pirataria, sequestro de pessoas, tráfico de armas e drogas, pesca ilegal, além da promoção de ações sociais e apoio à Política Externa, por meio do estreitamento de laços institucionais com os países participantes”.

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Marinha do Brasil e Marinha da Namíbia realizam exercício conjunto em prol da interoperabilidade e da manutenção da estabilidade no Atlântico Sul

A importância das ilhas oceânicas 
Com a consolidação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que assegura o estabelecimento de Mar Territorial e Zona Econômica Exclusiva (ZEE) no raio de 200 milhas ao redor de cada ilha oceânica, os arquipélagos garantem ao País exclusividade para explorar, conservar e gerir os respectivos recursos naturais, configurando considerável importância econômica para a nação brasileira. Na jurisdição do Com3ºDN, destacam-se, além do Arquipélago de Fernando de Noronha e da Reserva Biológica Atol das Rocas, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

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A habitabilidade permanente do Arquipélago aumenta a ZEE brasileira, em um raio de 200 milhas ao seu redor, garantindo exclusividade para conservar e gerir os respectivos recursos naturais – Imagem: Vitor Barbosa

Formado por pequenas ilhas rochosas localizadas no hemisfério Norte, a cerca de 1.000 quilômetros do litoral potiguar, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) originou-se da emersão do manto do assoalho submarino há milhares de anos. Formação única no mundo, é provido de recursos marinhos diversificados e possui posição geográfica estratégica no Oceano Atlântico, além de constituir região privilegiada para o desenvolvimento de pesquisas com impactos técnico-científicos, socioeconômicos e ambientais relevantes, por meio do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Por essas características, o ASPSP é de especial interesse para a comunidade acadêmica e científica e para a sociedade brasileira em geral. O aumento da ZEE no entorno do Arquipélago equivale a uma área que corresponde ao tamanho dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

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Navio-Patrulha “Graúna” durante passagem pelo Atol das Rocas

Relacionamento com a Sociedade
As Ações Cívico-Sociais (ACiSo) representam um conjunto de atividades de caráter temporário, episódico ou programado de assistência e auxílio às comunidades, promovendo o espírito cívico e comunitário dos cidadãos, no País ou no exterior, desenvolvidas pelas organizações militares. Dentre as ACiSo realizadas na jurisdição, destaca-se a ocorrida no ano de 2022, no Arquipélago de Fernando de Noronha, que contou com a disponibilização de procedimentos odontológicos e médicos em onze especialidades, além de testes e exames complementares, totalizando 2.150 atendimentos, em quatro dias.

Outra ação de grande amplitude social é a Operação Sorriso do Brasil, uma organização médica voluntária dedicada a reunir profissionais para operar, gratuitamente, cidadãos com fissura labial e fenda palatina. O Com3ºDN integra o projeto com o apoio logístico de transporte e pessoal, envolvendo OM subordinadas do Ceará e do Rio Grande do Norte. No estado potiguar, esta ação ocorre na cidade de Mossoró, cuja última edição, ocorrida no período de 16 a 24 de janeiro de 2023, contabilizou 1.200 atendimentos.

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Comando do 3º Distrito Naval apoia Operação Sorriso em Mossoró (RN)

Rádio Marinha Natal
Há dez anos divulgando conteúdos de utilidade pública e aprimorando o conhecimento da sociedade sobre as atividades desenvolvidas pela Força Naval, a Rádio Marinha Natal (RMN), instalada na capital potiguar, com operação sob a responsabilidade do Com3ºDN, é uma das seis estações transmissoras que compõem o sistema nacional de rádios da MB.

Com o slogan “Rádio Marinha FM: navegando nas ondas do rádio”, o veículo conta com repertório de qualidade e programação diversificada: noticiários diários com as principais informações do Brasil e do mundo, além de programas e spots informativos. A Suboficial Carla Alexandra Silva Xavier, que há três anos atua como locutora da RMN, relata que “é motivo de orgulho fazer parte do Sistema Rádio Marinha e poder contribuir para a disseminação de informações à população potiguar”. Ainda segundo a SO Carla, “por onde passamos, é possível observar repercussão positiva a respeito da grade musical”.

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).