Foto: Reprodução

Em uma missão que parece ter saído diretamente das páginas de um romance histórico, pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão navegando nas profundezas do oceano, na divisa entre Sergipe e a Bahia, em busca de um fragmento crucial da história brasileira. O alvo de sua busca é o Aníbal Benévolo, um navio que se tornou um símbolo trágico da entrada do Brasil no campo de batalha da Segunda Guerra Mundial.

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O Dia que Mudou Tudo

No fatídico intervalo de 24 horas entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942, o litoral nordestino foi palco de uma tragédia que reverberaria por toda a nação. O submarino nazista U-507 lançou uma série de torpedos contra três navios, resultando na perda de 551 vidas inocentes. Este número sombrio superou até mesmo as baixas sofridas pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante um ano inteiro de combate na Itália.

O Navio Aníbal Benévolo, que transportava 154 passageiros de Salvador a Aracaju, foi uma das embarcações atingidas nesse ataque brutal. Agora, quase oito décadas depois, pesquisadores estão determinados a localizar os restos deste navio e, com ele, um pedaço da história brasileira que se perdeu no mar.

O Impacto Profundo na Sociedade

Naquela época, a cidade de Aracaju vivenciou o terror da guerra em seu próprio quintal. A historiadora Rosa, que tem acompanhado de perto a pesquisa, relembra como a cidade foi envolvida em uma atmosfera de medo e incerteza. Um blackout foi implementado, com todas as luzes da cidade sendo apagadas à noite para evitar novos bombardeios. As praias eram patrulhadas por militares, enquanto barricadas surgiam no centro da cidade.

A economia também sofreu um golpe, com o fechamento do porto e o consequente aumento dos preços dos alimentos. A suspeita de espionagem também pairava no ar, com descendentes de imigrantes de países do Eixo sendo perseguidos. Rosa destaca que Aracaju foi a primeira cidade a sentir os efeitos desta “guerra submersa”.

Uma Resposta Nacional

O ataque brutal não apenas chocou a nação, mas também acelerou a decisão do Brasil de entrar em guerra contra as forças nazistas. Embora o Brasil já tivesse rompido relações com o regime nazista meses antes, o ataque solidificou a posição do país no cenário global. Sob a liderança de Getúlio Vargas, o Brasil formou alianças estratégicas com os Estados Unidos, fornecendo suprimentos e cedendo bases militares no Nordeste, que eram vitais devido à sua proximidade com o norte da África e a Europa.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).