Milhares de pessoas foram atendidas durante uma expedição médica realizada pela Marinha do Brasil a bordo do Navio Auxiliar Pará (NA Pará) realizada recentemente. A bordo, cinco médicos residentes da Universidade Federal do Pará (UFPA).

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A parceria entre a Marinha e a UFPA permitiu que, desta vez, cinco médicos das áreas de Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Otorrinolaringologia atendessem aos moradores ribeirinhos das cidades de Breves, Curralinho, Oeiras do Pará e Ponta de Pedras.

Para os médicos que estão se especializando nas residências da UFPA, estar na expedição atendendo às populações ribeirinhas é, agora, uma parte importante da história profissional e pessoal de cada um.

WhatsApp Image 2023 09 10 at 14.32.22 1“Foi um ganho gigantesco poder trabalhar com aquela população, que, muitas vezes, não tem acesso a nenhum tipo de serviço médico, principalmente o especializado. É uma forma de suprir o que o sistema de saúde, por vezes, não consegue. É claro que uma única ação não consegue suprir todos os problemas, mas, para aquele paciente e para aquela família que nós atendemos,, poder ser examinado e fazer um exame que era importante significa ter a possibilidade até de mudar a história natural de uma doença. Para aquelas pessoas que foram atendidas, eu sei que nós fizemos a diferença”, defende Caroline Aben-Athar, que estuda Clínica Médica.

De acordo com a Marinha, durante os dez dias da expedição, foram feitos cerca de 2.300 atendimentos médicos, 1.200 atendimentos odontológicos, 4.100 atendimentos de enfermagem e 800 exames laboratoriais, inclusive de mamografia, ultrassonografia e preventivo do câncer do colo do útero.

Experiência única – Para a gestão superior da UFPA, a expedição é o primeiro fruto deste novo acordo com a Marinha do Brasil, que, desde o começo, foi visto como importante para a formação dos médicos residentes na Universidade.

“Este contato com as populações ribeirinhas e diferentes problemas destas comunidades é especial para os residentes e oferece uma oportunidade única de trabalho e de aprendizado, considerando que as práticas da residência acontecem em Belém e junto a uma população com perfil mais urbano. Esta foi a primeira ação deste novo acordo, e os alunos que foram, relataram resultados extraordinários. Estamos ansiosos pelas próximas”, assegura Iracilda Sampaio, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA (Propesp).

Na expedição, também foram distribuídos mais de 31 mil medicamentos aos pacientes atendidos pelos médicos da expedição, inclusive pelos residentes da UFPA, e foram realizadas ações lúdicas com o público infantil.

Residentes no Marajó 4A médica Janaína Teotonio, residente de Pediatria, lembra que a fala dos pacientes durante os atendimentos fez toda diferença. “Poder conviver com pessoas com a realidade em que vivemos e totalmente diferente das populações que nós atendemos, mesmo as mais carentes, foi grandioso. Foram 300 famílias alcançadas e o olhar que elas nos davam, as falas sobre nunca terem sido examinadas daquela forma e sobre nunca alguém lhes ter  explicado daquela forma nos fizeram perceber que tudo valeu a pena. O cansaço, a distância e  a saudade da nossa casa fizeram tudo ser ainda maior do que nós já sabíamos que iria ser”.

Uma experiência que a médica Ana Paula Araújo recomenda: “Eu iria quantas vezes fossem possíveis, porque é um ‘valor’ que nada paga. Meu agradecimento à UFPA e à Marinha por fazer isso acontecer, por cuidar da população e por nos dar a oportunidade de estar lá crescendo e somando e aprendendo. Foi incrível, e quem puder ter esta experiência ao menos uma vez na vida, vale muito a pena”.

Residentes no Marajó 5Rede para promoção à saúde no Marajó – A expedição realizada pela Marinha ocorreu em coordenação com o Exército Brasileiro e com a Força Aérea Brasileira e contou com o apoio da Comissão Estadual de Enfrentamento dos Acidentes com Escalpelamento, da Sociedade Amigos da Marinha e com a parceria com as prefeituras locais, além da participação dos médicos da Universidade Federal do Pará.

Na Federal paraense, a parceria envolveu a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA (Propesp), a Faculdade de Medicina do Instituto de Ciências Médicas (Famed/ICM) e com o Complexo Hospitalar, que inclui os Hospitais Universitários João de Barros Barreto (HUJBB) e Bettina Ferro de Souza (HUBFS). Para o professor José Roberto Capeloni, que coordena a Comissão de Residência Médica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, a participação da UFPA na expedição tende a crescer.

“A participação dos residentes na expedição foi muito importante. Os relatos dos médicos que foram é de uma experiência significativa na formação deles e os que permaneceram aqui já estão se organizando para também oferecer esse suporte aos ribeirinhos. Toda a infraestrutura que a Marinha nos ofertou, a bordo e nos atendimentos em terra, agregou muito à formação destes médicos e se tornou um novo campo de atuação para nossas residências. Esperamos que possamos estar nas expedições três, quatro vezes por ano e com mais especialidades’”.

Residentes no Marajó 2Próxima missão – Outra missão para oferta de atendimentos médicos também deve ser beneficiada por este acordo entre Marinha e UFPA e deve ser realizada em dezembro deste ano. “Com a parceria para as expedições médicas nos navios auxiliares, temos espaços importantes para nossos residentes exercitarem suas especialidades e esperamos conseguir enviar mais deles para realizar ainda mais atendimentos na próxima viagem”, defende Aurimery Gomes Chermont, diretora da Faculdade de Medicina da UFPA (Famed).

“Trabalhos como este da Marinha do Brasil estão em consonância com a nossa missão institucional, que é formar médicos cidadãos, com conhecimento da realidade amazônica, atendendo às populações ribeirinhas carentes”, pontua Silvestre Savino Neto, diretor do Instituto de Ciências Médicas da UFPA (ICM)

Texto e Artes: Assessoria de Comunicação do ICM/UFPA
Fotos: Arquivo Pessoal