Referência no campo da semiótica, a pesquisadora e professora Lucia Santaella reflete sobre as potencialidades e limitações de ferramentas como o famigerado Chat GPT no livro A Inteligência Artificial é Inteligente?, publicado pela editora Almedina Brasil. A autora debate as controvérsias entre a intelectualidade humana e a dos algoritmos tendo como ponto de partida a definição da aprendizagem como mola mestra da inteligência.

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Com a discussão sobre a inteligência das máquinas fragmentada entre os que não hesitam em demonstrar suas incertezas e aqueles que negam categoricamente a Inteligência Artificial (IA), são comuns os embates sobre o quão próximo da sapiência do ser humano as sequências de códigos já chegaram. Esses questionamentos quase sempre tangenciam as mudanças causadas por este tipo de tecnologia, presente em praticamente tudo, mesmo que, na maioria das vezes, invisível.

A IA, agora popularizada pelos chatbots, softwares capazes de simular  conversas naturais com usuários humanos, já faz parte da realidade há muito tempo. Ela está presente na distribuição de conteúdos nas redes sociais, nas sugestões de produtos relacionados em lojas virtuais como a Amazon, em indicações de séries e filmes de plataformas como a Netflix, nos programas de reconhecimento facial, nos aplicativos de localização como o Google Maps e em tantas outros dispositivos e funcionalidades.

“Não vem do acaso a declaração de Webb (2020, p. 2) de que estamos em meio a uma transformação descomunal que está revirando as próprias noções que tínhamos de mundo, não sendo, portanto, de se estranhar o alvoroço cultural sensacionalista que tem acompanhado a emergência das aplicações da IA. Uma das razões para o alvoroço encontra-se no fato de que a performance dos algoritmos é invisível. Tudo se passa por baixo de pequenos aparelhos aparentemente inofensivos. Compartilhamos nosso espaço de vida com eles, não apenas nos pequenos gestos para colocá-los em execução e que podemos controlar, ou seja, a famosa interatividade, mas, sobretudo, nos sistemas complexos cuja presença e atividade sequer podemos perceber. Convivemos com os efeitos, sem que tenhamos ou possamos ter visibilidade das operações da performance algorítmica”

É justamente dessa onipresença que parte o interesse em estudar como a Inteligência Artificial funciona e entender se ela tem comparação com o intelecto humano. Para isso, Santaella ecoa pensadores como C. S. Peirce, apresenta os conceitos filosóficos e lógicos de inteligência e investiga se estes referenciais estão presentes nos modelos de pensamento de uma máquina.

A Inteligência Artificial é Inteligente? procura responder um questionamento que parece intrínseco ao momento em que vivemos. Ao longo das páginas, a autora cumpre esta missão desmontando crenças antropocêntricas, que elevam o homem como único ser dotado de inteligência. Ela também não fomenta as ideias apocalípticas de que os robôs promoverão uma revolta e assumirão o controle da sociedade. Afinal, de acordo com Santaella, ser inteligente não é a mesma coisa que ser consciente.

Ficha técnica

Livro: A Inteligência Artificial é Inteligente?
Autora: Lucia Santaella
Editora: Almedina Brasil, selo Edições 70
ISBN: 9786554270533
Páginas: 178
Formato: 16x23x1,2
Preço: R$ 59,00
Onde encontrar: Amazon

Sobre a autora

Lucia Santaella é pesquisadora do CNPQ, professora titular na pós-graduação em Comunicação e Semiótica e coordenadora da pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (PUCSP), doutora em Teoria Literária pela PUCSP e livre-docente em Ciências da Comunicação pela USP. Fez nove estágios de pós-doutorado no exterior e foi professora convidada em várias universidades estrangeiras, tendo levado à defesa 275 mestres e doutores. Publicou mais de 50 livros e organizou outras dezenas, além de artigos, no Brasil e no exterior. Recebeu os prêmios Jabuti (2002/2009 2011/2014), o prêmio Sérgio Motta (2005) e o prêmio Luiz Beltrão (2010).