No dia 30 de outubro, o Exército Brasileiro comemora o dia do Quadro de Material Bélico, data natalícia do Tenente-General Carlos Antônio Napion, escolhido como seu patrono, em 12 de agosto de 1966, por intermédio do Decreto nº 59.068.

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O General Napion nasceu na Itália, em 1757, e embarcou para o Brasil com a Família Real Portuguesa, no ano de 1808, destacando-se como um militar de prestígio junto à Corte Portuguesa, além de um engenheiro com vasto conhecimento sobre artefatos bélicos.

No Brasil, Napion foi, inicialmente, nomeado para as funções de Inspetor Geral Real e Inspetor Geral de Artilharia, trabalhando na ampliação das estruturas das fortificações que guarneciam o litoral brasileiro, bem como na criação do Arsenal de Guerra do Rio e da Real Fábrica de Pólvora, embriões da Indústria de Defesa Brasileira. Além disso, foi integrante do Conselho Supremo Militar, atual Superior Tribunal Militar.

No campo do magistério, Napion instituiu o Ensino Superior Militar no Brasil, ao presidir a Junta Militar da Academia Real, criada por D. João VI, em 1810. Tal função conferiu-lhe a distinção de primeiro comandante do estabelecimento que se tornou o embrião da atual Academia Militar das Agulhas Negras.

No contexto histórico, cabe destacar que, anos antes, em 1762, foi fundada a “Casa do Trem”, considerada a primeira estrutura física dedicada à atividade de Material Bélico do Exército Brasileiro. A Casa do Trem nasceu com a função de prover o suporte logístico aos fortes distribuídos ao longo da costa brasileira, cuja denominação deriva da expressão portuguesa “trem de artilharia”, que compreendia todo o material de guerra utilizado pelas tropas. O brasão de armas da Casa do Trem possuía dois canhões coloniais cruzados, cuja imagem veio a se tornar, anos mais tarde, o símbolo do Quadro de Material Bélico.

No século XIX, outro marco temporal que acentuou a importância do Quadro ocorreu na Guerra da Tríplice Aliança, quando Caxias decidiu reequipar e reorganizar a logística de suas tropas, antes de executar os avanços mais decisivos da campanha.

Já por ocasião da Segunda Guerra Mundial, foi criada uma Companhia Leve de Manutenção para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB). As experiências obtidas no conflito motivaram o Exército Brasileiro a reformular o seu apoio logístico, instituindo, em sua estrutura organizacional, os Batalhões de Manutenção e as Companhias Leves de Manutenção, a partir de 1946.

Embora tenha integrado as capacidades do Exército Brasileiro desde o período colonial, quando já existiam as primeiras estruturas de manutenção para os equipamentos das forças militares, o Quadro de Material Bélico foi oficialmente instituído somente pela Lei nº 3.654, em 4 de novembro de 1959. Essa criação foi fruto da constante evolução dos armamentos e dos meios motomecanizados, o que tornou imperiosa a existência de estruturas mobiliadas com meios físicos e de pessoal, vocacionados para a logística, com o objetivo de prever, prover e manter os recursos e os serviços necessários à operacionalidade da Força Terrestre.

Dessa forma, os militares do Quadro de Material Bélico realizam o apoio logístico aos elementos de combate e aos elementos de apoio ao combate, com destaque para a execução das atividades de manutenção, transporte, salvamento e suprimento das classes de materiais III (combustíveis e lubrificantes), V (armamentos e munição) e IX (motomecanizados).

Ao atuar, em harmonia com a Intendência, ambos se configuram como os esteios da Logística Militar Terrestre, permeando todos os níveis de planejamento.

Além disso, proporciona o indispensável suporte ao emprego das Armas nas mais diversas funções de combate, pautadas pela flexibilidade, adaptabilidade, modularidade, elasticidade e sustentabilidade.

Atualmente, o Quadro de Material Bélico tem buscado dispor de estruturas modernas e materiais de última geração, fomentando a Base Industrial de Defesa nacional, bem como a geração de empregos e receitas para o Brasil.

Integrantes do Material Bélico, no dia em que se comemora o nascimento de seu patrono, inspirem-se na dedicação incansável pelo Brasil, no heroísmo e no exemplo dos feitos históricos de Napion, mantendo vivos os seus valores e as suas tradições.

Que o lema Prever, Prover e Manter, como síntese de uma meta expressa em palavras, permaneça norteando a evolução do Quadro de Material Bélico do Exército Brasileiro, que, ao longo da história, revelou-se uma ferramenta que garante e multiplica o poder de combate, sedimentado como uma capacidade perene e indispensável à Força Terrestre.

Prever, prover e manter!

Material Bélico!

Brasil!

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).