Submarino nuclear
O capitão Ferreira Marques mostra réplica do futuro submarino nuclear brasileiro (Foto reporter Vladimir Platonow / ABr)

Submarino nuclear é uma embarcação movida pela energia produzida por um reator nuclear capaz de submergir e emergir quando desejável. Portanto, não se trata necessariamente de uma embarcação capaz de transportar e lançar armas nucleares. O uso da propulsão nuclear traz grandes vantagens nestes tipos de embarcação pois possibilita que o submarino permaneça por longos períodos de tempo totalmente submerso, o que não é possível quando é movido pelo sistema diesel-elétrico pela necessidade de ar ou movido a energia elétrica pois as baterias não possuem longa duração. O 1° submarino desse tipo foi o USS Nautilus, da marinha estadunidense, lançado ao mar em 1954.

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Atualmente 7 países dominam a tecnologia militar de construção de submarinos nucleares:

Países que dominam a tecnologia de Submarinos Nucleares
Posição Primeira Embarcação Data de Lançamento
Estados Unidos USS Nautilus 21 de janeiro de 1954
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas K-3 Leninsky Komsomol 9 de agosto de 1957
Reino Unido HMS Dreadnought (S101) 21 de outubro de 1960
França Redoutable (S 611) 29 de março de 1967
China Changzheng 1 (401) 1970
Índia INS Arihant 26 de julho de 2009
Brasil SN Álvaro Alberto (SN-10) Em construção

 

O único caso registrado de emprego de um submarino nuclear em uma situação de combate real, ocorreu durante a Guerra das Malvinas (1982), quando o HMS Conqueror da Inglaterra, foi responsável pelo Afundamento do Cruzador General Belgrano da Marinha Argentina.

Embora os submarinos nucleares de caça (SSN – submarinos nucleares de ataque), ou seja, destinados à perseguir e destruir outros submarinos ou navios de superfície sejam considerados estratégicos para as marinhas de guerra das grandes potências, os submarinos mais importantes são os SSBN’s (submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos) capazes de lançar mísseis balísticos com ogivas nucleares.

Geralmente os submarinos nucleares são bem maiores do que os submarinos convencionais, o que exige um desenvolvimento em termos de engenharia e capacidade tecnológica muito maior do que o necessário para fabricar submarinos convencionais. Isto porque o casco destes submarinos tem que ser muito maior e mais resistente, além da enorme quantidade de equipamentos eletrônicos e de vigilância, que necessariamente devem ser bem mais silenciosos do que o normal, para manter a característica furtiva destes submarinos. O primeiro submarino nuclear, o USS Nautilus tinha um deslocamento de 3.500 toneladas, quando a média dos submarinos convencionais tinha menos de 1000 toneladas de deslocamento. Atualmente os principais submarinos nucleares no mundo têm mais de 5.000 toneladas de deslocamento.

Submarinos nucleares nas principais marinhas do mundo

Na Marinha dos Estados Unidos existem 3 tipos de o submarino de caça em uso, o da Classe Los Angeles, com deslocamento de cerca de 7 mil toneladas, o da classe Seawolf de 9.100 toneladas e, o submarino da classe Virgínia 7.900 t, todos com capacidade para lançar mísseis guiados de cruzeiro. O SSBN (submarino nuclear lançador de mísseis balísticos), da classe Ohio, tem deslocamento de 18.750 toneladas, podendo transportar 24 mísseis balísticos Trident II, de longo alcance, ou 154 mísseis Tomahawk na versão do submarino adaptada para lançador de mísseis guiados de cruzeiro.

Na Marinha russa estão ativos submarinos de caça como o Shchuka (Akula “shark” – tubarão na denominação da OTAN), com deslocamento de 8.000 a 12.770 toneladas, o Delta IV com 10 mil toneladas e o Oscar I e II, com 16.500 a 19.400 toneladas, sendo que este último também tem capacidade para lançar até 24 mísseis de cruzeiro. O maior submarino nuclear lançador de mísseis balísticos já construído, da classe Akula (classe Typhoon na denominação da Otan) tem deslocamento de 33.800 a 48.000 mil toneladas e capacidade para 20 mísseis balísticos de longo alcance do tipo R-39 Rif (SS-N-20 Sturgeon). O novo submarino russo da classe Borei deve ter 24 mil toneladas de deslocamento e capacidade para levar 16 mísseis balísticos intercontinentais do tipo RSM-56 Bulava (SS-NX-30).

Tanto a Marinha da França como a da Inglaterra possuem submarinos nucleares com capacidade para lançamento de mísseis balísticos, no caso da França, o Triomphant, com deslocamento de 14 mil toneladas, e o submarino inglês Vanguard, com deslocamento de 17.560 toneladas de deslocamento.

A Marinha da China possui três tipos de submarinos nucleares de caça, o 09-I (Type 091 Han) de 5.500 toneladas, o 09-III (Type 093 Shang class) de 7.000 t, e está testando o novo (Type 095 class), que terá capacidade para lançar mísseis de cruzeiro guiados HY-4. A China possui ainda dois submarinos nucleares com capacidade para lançar mísseis balísticos de médio alcance, o 09-II (Type 092 Daqingyu), com 7.000 toneladas e o novo 09-IV (Type 094) com 9.000 toneladas de deslocamento e capacidade para lançar 12 mísseis balísticos de médio alcance JL-2.

A Índia está testando seu primeiro submarino nuclear, de 6.000 toneladas de deslocamento, projetado para ser um submarino de caça, mas com capacidade para lançar um número reduzido de mísseis de cruzeiro ou mísseis balísticos K-15 Sagarika, de curto alcance (700km).

O projeto do Submarino Nuclear Brasileiro remonta a década de 1970. Em um périplo de, aproximadamente, 20 anos, a Marinha do Brasil dominou o ciclo do combustível nuclear e pôde dar início a construção do reator nuclear que será comportado no submarino. O trabalho de Projeto, que foi iniciado no dia 6 de julho de 2012, percorrerá um longo caminho. Serão três anos para alcançar o projeto básico do submarino de propulsão nuclear, para então ter início a fase do projeto detalhado, simultaneamente com a construção do submarino, em 2016, no estaleiro da Marinha que está sendo construído na cidade de Itaguaí.

Referências:

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).