Diariamente, mais de 900 homens, mulheres e crianças, venezuelanos, entram no Brasil. Os estados de Roraima e do Amazonas recebem grande parte desse fluxo de imigrantes que buscam melhores condições de vida fora do seu país natal.
Na terça-feira (14), comitiva do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) e da Secretaria Geral do Ministério da Defesa esteve na capital roraimense para acompanhar as atividades da Operação Acolhida. A Operação contribui para o ordenamento da fronteira; viabiliza a regularização de documentos e do calendário de vacinas; assegura acolhimento com a oferta de abrigo, alimentação e atenção à saúde; além de movimentar venezuelanos a outros estados do país para auxiliar na inserção social e o recomeço de vida.
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A visita teve inicio com palestra ministrada pelo Coordenador da Operação Acolhida e Comandante da Forca-Tarefa, General de Divisão Sérgio Schwingel. Na apresentação, realizada na 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército, ele contextualizou o cenário atual da missão humanitária.
“É uma operação complexa; conjunta; interagências; com diversos atores, órgãos governamentais, não governamentais, organismos internacionais, agências, integrantes da iniciativa privada e da sociedade civil”, relatou o General.
Desde abril de 2018, a iniciativa conta com o apoio de militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para distribuição de alimentos, aplicação de vacinas e para o bom funcionamento de abrigos, que acomodam cerca de 7 mil imigrantes. As ações têm a participação de 12 ministérios, além de dezenas de organizações da sociedade civil e de organismos internacionais.
Para o General Schwingel, a Operação, de caráter humanitário, reforça a necessidade de proporcionar condições de vida favorável àqueles que precisaram deixar sua pátria. “O foco principal da Operação é dar dignidade, esperança e inclusão socioeconômica aos nossos vizinhos venezuelanos”, disse.
Parcerias
O Oficial Sênior do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) Arturo De Nieves considera a interiorização, que é a transferência voluntária de venezuelanos para outros estados, um dos diferenciais da Acolhida.
“Um dos pontos mais importantes da Operação é a interiorização. No Brasil, não há campos de refugiados, diferente de outros lugares no mundo. O que há na Acolhida são abrigos temporários, porque a estratégia é que essas pessoas se integrem, efetivamente, à sociedade brasileira”, sublinhou De Nieves.
Desde o início da Operação, em 2018, mais de 59,0 mil venezuelanos foram interiorizados.
Regularização
Na capital Boa Vista, está situado um dos postos de interiorização e triagem. Lá, podem ser resolvidas pendências quanto à regularização migratória. No mesmo local, fica localizado o Centro de Coordenação de Interiorização (CCI), onde são desenvolvidas todas as etapas do processo de interiorização.
Os atendimentos no CCI são feitos por cerca de 100 pessoas, entre militares, integrantes de agências e voluntários venezuelanos.
Um desses colaboradores é Jesus Medrano, 18 anos, que deixou a Venezuela devido aos conflitos internos em seu país. “Lá, tinha muita falta de segurança e minha mãe começou a ficar nervosa”, explicou.
Medrano decidiu ser voluntário e ajudar os compatriotas, por influência da mãe, que foi beneficiada com a prestação de serviços ofertados pela Operação Acolhida. “Foi aqui que ela recebeu ajuda. Teve assistência médica e muitos outros atendimentos”, destacou.
Foi no Centro de Coordenação de Interiorização que o jovem, também, teve a oportunidade de fazer cursos de operador de caixa e de empreendedorismo. Atualmente, Medrano faz faculdade de design gráfico em Boa Vista.
Ordenamento
Situada no extremo norte de Roraima, a cidade fronteiriça de Pacaraima é a principal porta de entrada dos venezuelanos no Brasil.
Eles são atendidos no Posto de Recepção e Identificação e no Posto de Interiorização e Triagem, ambos coordenados pela Operação Acolhida e por agências parceiras. Para acomodar o grande número de venezuelanos, a Operacao conta com uma casa de passagem e um abrigo exclusivo para indígenas.
Durante dois dias, a comitiva do Ministério da Defesa percorreu abrigos e instalações da Operação nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. A ação conta com 12 abrigos em Boa Vista, sendo quatro deles destinados a indígenas. Em Pacaraima, um décimo terceiro abrigo, também, é destinado a indígenas.
“Vimos uma realidade muito difícil para o povo venezuelano que busca apoio no territorio brasileiro, mas apesar das dificuldades e do numero elevado de vulneraveis, constatamos a forma profissional e competente dos militares e civis na conducao da Operação Acolhida. Parabenizo o General Schwingel, a equipe da Acolhida e os integrantes das agências, que trabalham de forma integrada e harmonica. Isso possibilita que a missão seja muito bem cumprida”, relatou o Chefe de Logística e Mobilização do Ministério da Defesa, Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues.
Participaram, ainda, da comitiva da Defesa o Chefe de Assuntos Estratégicos, General de Exército Eduardo Antonio Fernandes; o Secretário de Orçamento e Organização Institucional, Antonio Paulo Vogel de Medeiros; e o Vice-Chefe de Logística e Mobilização, General de Divisão Raul Rodrigues de Oliveira; entre outras autoridades militares.
Fotos: Sargento Neves/ Ala 7
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