Foto: ONU/Logan Abassi

A Organização Internacional para as Migrações (OIM), vinculada às Nações Unidas, pediu ao governo brasileiro que receba haitianos com filhos brasileiros, ou que tenham passado pelo Brasil antes de chegar à fronteira do México com os Estados Unidos. A informação foi revelada pela agência Reuters e confirmada pelo GLOBO.

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Procurada, a OIM não respondeu se enviou ou não o pedido ao governo brasileiro. Já o Itamaraty confirmou ter sido notificado pela organização, sem entrar em detalhes, e informou que o caso será analisado “à luz da legislação brasileira vigente”. Muitos dos imigrantes estavam vivendo em um acampamento improvisado debaixo de uma ponte em Del Río, no Texas, e que foi esvaziado nesta sexta-feira.

“Caso a situação envolva nacionais brasileiros, será prestada a assistência consular cabível”, destacou o Itamaraty, em resposta ao GLOBO.

Desde o terremoto de 2010, os haitianos são contemplados com visto humanitário e autorização para residência no Brasil. No entanto, a acolhida deixa de vigorar se o imigrante deixar o país em caráter definitivo. Segundo uma fonte que acompanha o tema, parte dos haitianos que se encontram na fronteira dos EUA estavam no Brasil e no Chile.

O pedido foi encaminhado em meio a críticas ao governo de Joe Biden pela deportação de haitianos que estavam nos campos improvisados em Del Río. A deportação levou o enviado especial dos EUA para o Haiti, Daniel Foote, a pedir demissão na quinta-feira, chamando a medida de “desumana e contraprodutiva”..

Em entrevista a jornalistas após o fechamento do campo, o chefe do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), Alejandro Mayorkas, disse que quase 30 mil imigrantes foram localizados em Del Río nas últimas duas semanas. Segundo ele, mais de 12 mil terão a chance de pedir proteção perante um juiz de imigração dos EUA.

Apenas o campo improvisado contava com cerca de 15 mil imigrantes, que buscavam cruzar a fronteira do México, partindo de Ciudad Acuña, numa perigosa travessia pelo Rio Grande.

Nesta sexta, Biden declarou que a violência contra os imigrantes é ultrajante, após a divulgação das imagens chocantes de guardas perseguindo os imigrantes a cavalo e brandindo as rédeas como se fossem chicotes.

O tema tem sido tratado em conversas com autoridades de vários países, Na última quarta-feira, a situação dos haitianos entrou na pauta de uma reunião, em Nova York, entre o chanceler Carlos França e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

Autoridades do Haiti dizem não ter recursos para receber os cidadãos, muitos dos quais deixaram o país há uma década, depois do terremoto que matou cerca de 200 mil pessoas em 2010. As deportações ocorrem em meio à profunda instabilidade no país caribenho, o mais pobre do Hemisfério Ocidental, onde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, no começo de julho, seguido de um terremoto, no mês seguinte, agravaram a situação política, social e econômica.