Imagem: Brasil Escola

Por Major Fiuza Neto

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Segundo SUNTZU “…se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas…”.

Diferentemente de outras épocas da história, o combate moderno caracteriza-se pela importância de todas as dimensões do combate (BRASIL, 2019): física, humana e informacional. A dimensão física está ligada ao terreno e às condições meteorológicas; a dimensão humana compreende os elementos relacionados às estruturas sociais, aos comportamentos e interesses normalmente geradores do conflito; e a dimensão informacional abrange os sistemas utilizados para obter, produzir, difundir e atuar sobre a informação.

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Fig 1 – As dimensões do ambiente operacional terrestre
Fonte: BRASIL, 2019

Observando a Fig. 1, verifica-se que as três dimensões do combate interagem entre si. Contudo, ressalta-se a dimensão informacional que, com o advento da internet, fez com que os acontecimentos do combate fossem propagados em tempo real.

Nesse ambiente, o apoio da inteligência e sua correta utilização crescem de importância, uma vez que é capaz de dirimir a denominada névoa da guerra falada por CLAUSEWITZ.

A relevância dessa atividade é ratificada no pensamento do geógrafo José William Vesentini: “existe uma expansão da revolução técnico científica até nos meios militares. A informação – e a velocidade com que ela é obtida -, o controle de qualidade e o just-in-time tornam-se muito mais importantes que a força bruta e a produção/destruição em massa” (VESENTINI, 2016 p.90).

Entende-se por atividade de inteligência o processo pelo qual informações específicas e importantes para a segurança de um país são requeridas pelo poder político, coletadas, analisadas e fornecidas a ele pela comunidade de inteligência (LOWENTHAL, 2011).

Para atingir os objetivos propostos e dirimir incertezas do combate, o ciclo da atividade de inteligência preconizado pelo Exército Brasileiro, atualmente, é composto das seguintes fases (BRASIL, 2015):

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Fig 2 – Ciclo de inteligência
Fonte BRASIL,2015

A orientação é a primeira fase do ciclo de inteligência e materializa-se por meio da determinação das necessidades de inteligência, do planejamento do esforço de obtenção, da emissão de ordens e de pedidos de busca aos órgãos de obtenção, da elaboração do Plano de Obtenção de Conhecimentos e do contínuo controle da atividade de inteligência executada por todos os órgãos acionados (BRASIL, 2015).

A fase da obtenção consiste na exploração sistemática ou episódica de todas as fontes de dados e informações pelos órgãos de obtenção e na entrega do material obtido aos órgãos de análise, encarregados de sua transformação em conhecimentos de inteligência (BRASIL, 2015).

A produção é a fase do ciclo de inteligência em que os dados e as informações obtidos são transformados em conhecimentos de inteligência, e a difusão é a fase em que se efetua a entrega oportuna do conhecimento de inteligência, na forma apropriada e pelo meio adequado, ao comandante operativo e seu estado-maior (BRASIL, 2015).

Existe uma diversidade de assuntos em que a inteligência pode ser empregada, podendo ser agrupada em setores que foram surgindo ao longo do tempo, como: Inteligência Militar, Inteligência Policial, Inteligência Fiscal e Inteligência Financeira, dentre outros (CRUZ, 2013).

Nesse sentido, ela pode ser classificada em disciplinas de acordo com suas fontes primárias de obtenção do dado: Fontes Humanas (Human Intelligence – HUMINT), Inteligência de Imagem (Imagery Intelligence – IMINT), Inteligência Geográfica (Geospatial Intelligence – GEOINT), Inteligência Técnica (Technical Intelligence – TECHINT), Inteligência de Sinais (Signals Intelligence – SIGINT), Inteligência por Assinatura de Alvos (Measurement and Signature Intelligence – MASINT), Inteligência Cibernética (Cyber Intelligence – CYBINT) e Inteligência de Fontes Abertas (Open Source Intelligence – OSINT) (BRASIL, 2015).

Assim sendo, observa-se que tanto em ambiente humanizado quanto em guerra regular ou irregular, ela deve ser empregada. Para isso, o manual prescreve o Processo de Integração Terreno, as Condições Meteorológicas, o Inimigo e as Considerações Civis. Seguindo o ciclo da inteligência e observando suas matérias, o estado-maior e o seu comandante fazem o esclarecimento da consciência situacional de modo a ratificar a melhor linha de ação a ser empregada.

Cabe ao comandante moderno atentar para essa importante atividade, empregada desde os primórdios da humanidade, perpassando por batalhas no Oriente Médio, onde havia uma predominância da dimensão física do combate, até os dias atuais, quando há um crescimento da ênfase no ambiente informacional. Salienta-se a variedade de legislação e doutrina nas quais se pode pesquisar, somada à quantidade de meios com que se pode fazer a integração, a fim de se chegar a um cenário correto do que está ocorrendo no combate, corroborando a assertiva inicial de SUNTZU.

REFERÊNCIAS

 BRASIL, Exército. Estado-Maior. Manual de Campanha Inteligência. EB20MC-

10.107. 2ª edição. Brasília, DF: Estado-Maior do Exército, 2015.

______, Exército. Estado-Maior. Manual de Fundamentos Doutrina Militar Terrestre EB20-MF-10.102. 2ª edição. Brasília, DF: Estado-Maior do Exército, 2019.

CRUZ, Juliana Cristina. A atividade de Inteligência de Segurança Pública para o Fortalecimento da Cidadania. 2013. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/104293/A_Atividade_de_Inteli%C3%Aancia_de_Seguran%C3%A7a_P%C3%Bablica_para_o_fortalecimento_da _cadadania.pdf?sequence=1. Acesso em: 15 mar. 2021.

LOWENTHAL, M. M. Intelligence: From Secrets to Policy. [s.l.] CQ Press, 2011.

VESENTINI, José William. Novas geopolíticas. São Paulo: Contexto, 2016.

Fonte: eBlog do Exército

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).