A data de hoje ficará inscrita nos anais de nossa Marinha, pois a incorporação de uma nova classe de meios navais, por si só, é um evento marcante e, adicionalmente, representa uma elevação significativa nas capacidades de nosso Poder Naval.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

O Submarino Riachuelo, que está sendo incorporado à Armada, concretiza a primeira entrega do Programa de Submarinos (PROSUB). Esse Programa, concebido em 2008, é fruto de uma Parceria Estratégica firmada pelos Presidentes das Repúblicas Federativa do Brasil e Francesa. Desse Instrumento, procedeu-se a um Acordo de Cooperação, assinado pelos respectivos Ministros da Defesa, e a um Ajuste Técnico, pelos Comandantes das Marinhas do Brasil (MB) e Nacional da França (MNF), constituindo um arcabouço formal em cujo contexto está inserido o PROSUB.

A solenidade de hoje também representa um relevante avanço na empreitada rumo ao desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear – que levará o nome de Álvaro Alberto, Almirante que dedicou sua carreira ao estudo, pesquisa e ensino do assunto.

Para se chegar a esse resultado, os esforços continuam e convergem para a prontificação dos submarinos Humaitá, Tonelero e Angostura, que estão tomando forma e ganhando as águas no Complexo Naval de Itaguaí.

No âmbito da Defesa Nacional, a disponibilidade de uma Força de Submarinos aparelhada com unidades modernas e eficazes potencializa o poder dissuasório do Brasil, desaconselhando adversários potenciais ou reais a concretizarem atos hostis contra os interesses nacionais. A incorporação do Submarino Riachuelo, portanto, agrega inestimável valor à dissuasão estratégica do País, tarefa básica assumida pela Marinha e exercida desde os tempos de paz.

Batizado em justa homenagem à Batalha Naval do Riachuelo, travada durante a Guerra da Tríplice Aliança, em 1865, este será o sétimo navio da Marinha do Brasil a receber este nome, tendo sido planejado para atuar nos cenários complexos e voláteis dos atuais Teatros de Operações. O projeto dos S-BR é derivado da classe Scorpène francesa, tendo sido projetado pela empresa Naval Group, e convenientemente modificado por engenheiros e técnicos brasileiros, mediante processo de transferência de tecnologia (ToT), visando conferir-lhe maior autonomia e raio de ação no mar. A construção do Riachuelo, realizada integralmente em solo brasileiro pela Itaguaí Construções Navais (ICN), impactou na geração de empregos e no desenvolvimento industrial – importantes legados sócio-econômicos do PROSUB.

Submarinos são empregados, prioritariamente, para negar o uso do mar a unidades navais oponentes em caso de eventual situação de conflito. Para atingir esse efeito, esse tipo de navio se vale de suas características particulares, notadamente, a capacidade de ocultação e o poder de causar danos a forças navais adversárias. Ações de submarinos também contribuem, efetivamente, com outras Operações Navais previstas na Doutrina Militar Naval, como Minagem, Esclarecimento e Operações de Informação, principalmente quando conduzidas em áreas marítimas sob disputa.

Com 70,62 metros de comprimento e diâmetro de casco de 6,2 metros, realiza deslocamento na superfície de 1.740 toneladas, e, em imersão de 1.900 toneladas, sendo capaz de manter autonomia de 70 dias. Possui sistema de combate dotado de seis tubos lançadores de armas, com capacidade para lançamento de torpedos eletroacústicos pesados F21, mísseis do tipo submarino – superfície Exocet SM39 e minas, além de seis consoles multifunções capazes de integrar e controlar os sistemas sonar, radar, MAGE radar e de comunicações, periscópio de ataque e mastro optrônico. Já a plataforma deste submarino é dotada de automação plena, fornecida por meio de um Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS).

Lançado ao mar pela primeira vez em 14 de dezembro de 2018 e tendo executado sua imersão estática em 20 de novembro de 2019, o Submarino Riachuelo foi submetido, desde então, a um extenso programa de testes de aceitação no mar, na superfície e em imersão, para que hoje pudesse ganhar sua alma – uma tripulação experiente, aprestada e motivada que também se preparou diligentemente para recebê-lo e para garantir o cumprimento de sua missão. Assim, concito ao Comandante, que em instantes será empossado nesse honroso cargo, bem como

Oficiais e Praças que guarnecerão seus conveses, que se dediquem a empregar essa arma estratégica com base nos valores e nas tradições que aludem ao próprio nome deste navio, com votos de bons ventos, mares tranquilos e boas águas.

A Marinha do Brasil está convicta de que a construção de uma Nação forte e soberana tem suas bases assentadas na preservação dos valores, no investimento em tecnologia e na busca pela inovação, e a entrega do Submarino Riachuelo ao setor operativo é a coroação dos esforços de todos aqueles que contribuíram para que o projeto se tornasse realidade.

Viva a Marinha!

RENATO RODRIGUES DE AGUIAR FREIRE
Almirante de Esquadra
Chefe do Estado-Maior da Armada

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).