Na quinta-feira (10), o Brasil comemorou uma data histórica: o bicentenário de criação da sua Esquadra. Foi em 10 de novembro de 1822 que o Pavilhão Nacional foi içado pela primeira vez em um navio de guerra brasileiro, a Nau “Martim de Freitas”, posteriormente rebatizada de Nau “D. Pedro I”, o primeiro navio Capitânia da nossa Esquadra. Foi em meio às diversas oposições portuguesas que nascia a hoje conhecida Esquadra brasileira, a qual visava combater, naquele momento, as forças navais contrárias ao processo de independência. Para comemorar a data, foram realizadas, hoje (10), uma cerimônia religiosa na Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, e outra militar, a bordo do Navio Aeródromo Multipropósito “Atlântico”, atual Capitânia da Esquadra.
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Conforme afirma o chefe do Departamento de História Marítima e Naval da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), Capitão de Fragata Carlos André Lopes da Silva, nesse processo de consolidação territorial, fazia-se necessária a criação de uma estrutura para combater diretamente a ação dos revoltosos. “O mais importante ministro da época, José Bonifácio, entendeu que a criação de uma Esquadra forte, ou seja, a instituição de um poder naval nacional, seria a condição indispensável para que o Brasil pudesse fazer frente a qualquer tentativa militar de retomada do controle por parte dos portugueses naquele momento”.
Ainda sobre esse período, a doutoranda em história, política e bens culturais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professora Jéssica de Freitas e Gonzaga da Silva, reforça também que era estratégico possuir uma esquadra atuante, uma vez que não dispúnhamos de estradas naquele período. “A defesa da soberania do recém-independente Império do Brasil e a preservação da integridade do território justificaram a criação imediata da Esquadra brasileira em 1822. A ausência de estradas ampliava o papel estratégico das comunicações marítimas para garantir o transporte de tropas, a defesa do comércio internacional, a projeção de poder do governo central e a pacificação, assegurando as dimensões continentais brasileiras”, reforça a docente.
A Esquadra nos dias de hoje
Dois séculos se passaram e, desde então, a Esquadra brasileira permanece com o mesmo espírito de defesa da Pátria e de unicidade territorial. Além de toda a parte material da Força Naval, ressalta-se a importância do pessoal envolvido, conforme salienta o Comandante em Chefe da Esquadra, Vice-Almirante Arthur Fernando Bettega Corrêa. “O capital humano é imprescindível para o pleno cumprimento das missões e é o nosso maior patrimônio. A Esquadra de hoje é composta por homens e mulheres que vibram e se esmeram diariamente no exercício de suas tarefas, de forma a manterem-se em condições de bem defender a nossa soberania e os nossos interesses na Amazônia Azul. São muitos os exemplos dos nossos antecessores que, nesses 200 anos de rica história, defenderam nossos interesses contra nações poderosas, quando o Brasil se fez presente por intermédio do núcleo do seu poder naval, a Esquadra”, afirmou.
Para a professora Jéssica, os projetos desenvolvidos pela MB configuram um diferencial na mentalidade marítima da nação. “Em primeiro lugar, por permanecer promovendo um pensamento naval estratégico autônomo, a fim de conquistar independência tecnológica e dispor de um programa robusto de construção do núcleo do Poder Naval, entre os quais, destacam-se a continuidade do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), o Programa de Desenvolvimento de Navios de Superfície (PROSUPER), o Programa de Obtenção de Navios com capacidade de Controle de Área Marítima, o Programa de Construção de Navios-Patrulha (PRONAPA) e o Projeto Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP). Esses projetos ambiciosos contribuem para afirmar o papel do Poder Naval na projeção internacional do Estado brasileiro, sobretudo, garantindo a negação do uso do mar ao inimigo e a capacidade dissuasória diante das ameaças contemporâneas”, disse.
Composição da atual Esquadra brasileira
A Esquadra é o conjunto de forças (compostas de navios de superfície de combate e de apoio, submarinos e aeronaves, incorporados à Marinha do Brasil), sob comando único, para fins administrativos.
Atualmente, o Brasil conta em sua Esquadra com um navio-aeródromo multipropósito, fragatas, corvetas, submarinos, navios de desembarque de carros de combate, de apoio logístico móvel, navio doca multipropósito, de socorro submarino, aeronaves e embarcações anfíbias, além de centros de instrução, bases e centros de adestramento, capazes de desempenhar diversas tarefas.