Vivemos em um período no qual os costumes, o comportamento do homem na sociedade, os valores e as estruturas sociais, políticas e econômicas são afetados de forma instantânea pelas informações. O ambiente operacional contemporâneo e seus principais atores também são influenciados por esse fluxo de informação, com o protagonismo de ameaças difusas e fragmentadas, ampliando o grau de incerteza nas avaliações preditivas e tornando as ações e relações nesse ambiente cada vez mais complexas e ambíguas. No que diz respeito à consecução dos objetivos operacionais e táticos, as atividades assimétricas – combinadas com operações especiais, cibernéticas e guerra de narrativa – têm ganhado protagonismo, aumentando a influência da dimensão informacional no processo de tomada de decisão.

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A eficiência perene das ações típicas de Operações Especiais, sejam elas de reconhecimento especializado ou de ações diretas e indiretas para a neutralização de ameaças, fazem delas uma ferramenta de extrema efetividade para o enfrentamento dos conflitos contemporâneos. As Operações de Informação, que têm por finalidade moldar o ambiente informacional a nosso favor e comprometer o processo decisório dos oponentes, por meio da coordenação do emprego das Capacidades Relacionadas à Informação (CRI), se mostram imprescindíveis no controle da narrativa e na conquista do apoio da opinião pública, fator de grande peso na guerra moderna. Já as Ações de Guerra Cibernética desenvolvidas no quinto domínio do combate, por seu caráter transversal, envolve, sinergicamente os domínios marítimo, terrestre, aéreo e espacial, configurando-se como uma capacidade indispensável a qualquer contendor.

A Marinha do Brasil (MB), compreendendo o desenrolar dinâmico do ambiente operacional, decidiu criar, por meio da Portaria nº 232 do Comandante da Marinha, sendo ativado em 16 de setembro de 2019, o Comando Naval de Operações Especiais (CoNavOpEsp), adequando a estrutura organizacional do Comando de Operações Navais para atender às demandas do Poder Naval, particularmente no que se refere à assessoria de Ameaças Híbridas, às Operações Especiais, às Operações de Informação, às Ações de Guerra Cibernética, bem como as demais CRI.

Ao longo de seus quatro anos de existência, o CoNavOpEsp vem ampliando a capacidade da Força Naval de operar de maneira sinérgica em múltiplos domínios e de maneira Conjunta. Em consonância com os anos anteriores, esse ano que se passou foi repleto de desafios e oportunidades, envolvendo o CoNavOpEsp em um amplo espectro de missões e adestramentos, destacando-se:

  • Comando da Força Combinada de Operações Especiais no Exercício Multinacional UNITAS LXIII;
  • Comando da Força Conjunta de Operações Especiais na Operação Ágata NORTE e da Força Naval Componente na Ágata FRONTEIRA NORTE;
  • Participação na composição dos EM Conjuntos, dos Destacamentos de Operações Psicológicas (DOP), no contexto das Operações de Informação, e das Equipes de Exploração e Ataque, nas Operações de Guerra Cibernética, nas operações interagências Ágata Arco SUL-SUDESTE (PR), SUL (SP e PR), NORTE (AM), FRONTEIRA NORTE (RR) e OESTE (MS e MT);
  • Coordenação junto aos Distritos Navais da retomada dos Exercícios RETREX;
  • Participação na Operação UNITAS LXIV, na Colômbia, no Exercício Locked Shields, em Portugal, conduzido pelo Centro de Excelência Cooperativo em Defesa Cibernética da OTAN, no Exercício FLINTLOCK, no Senegal, e na 9ª Conferência Internacional de Comandantes de Forças de Operações Especiais Internacionais (ISOF);
  • Participação na Operação Conjunta e Interagências Guardião Cibernético, coordenada pelo Comando de Defesa Cibernética; e
  • Participação nos Exercícios de Guerra Cibernética com os meios Navais (Operação OCTOPUS) e com os meios de Fuzileiros Navais (Operação ALLIGATOR) e nos exercícios de proteção cibernética dos Centros Locais de Tecnologia da Informação (Operação CIBERSECURITAS) e da RECIM (Operação BALUARTE).

Atualmente, um grande esforço tem sido realizado no desenvolvimento do Esquadrão de Guerra Cibernética (EsqdGCiber), com a instalação do Núcleo de Implantação, prevista para o primeiro semestre de 2024, seguida da criação do Esquadrão no ano seguinte, consoante ao Plano Estratégico da Marinha (PEM-2040) permitindo ampliar a capacidade dissuasória da nossa Força.

Nesse momento de aniversário de nosso Comando, aproveito a oportunidade para externar nosso sincero agradecimento ao Comando de Operações Navais pelo apoio, orientações seguras e todo suporte que permitiram navegar no rumo certo. Destaco também especial reconhecimento ao Comandante e à Tripulação do Centro de Guerra Acústica e Eletrônica da Marinha, Organização Militar subordinada a este Comando, pela dedicação e lealdade.

Assim, ao comemorarmos o quarto ano de existência do Comando Naval de Operações Especiais, congratulo os integrantes de outrora: ex-comandantes, Oficiais e Praças, pelo legado que nos deixaram e por terem contribuído para o aprimoramento de nossa capacidade operativa e eficiência administrativa. Por derradeiro, agradeço a nossa valorosa tripulação composta de Marinheiros e Fuzileiros Navais, pela motivação, entusiasmo e profissionalismo, que lhes são característicos, no cumprimento de nossa nobre missão,  engrandecendo a Marinha do Brasil. Concito a todos que mantenham o elevado padrão de competência na execução das diversas tarefas recebidas, o excelente clima organizacional, por meio do espírito de camaradagem e do contínuo trabalho em equipe, e a determinação para superar os novos desafios que certamente continuarão presentes.

“VITÓRIA NAS SOMBRAS!”
TUDO PELA PÁTRIA!
VIVA A MARINHA!

LUÍS MANUEL DE CAMPOS MELLO
Contra-Almirante (FN)
Comandante

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).