Creio que tal título possa ter chamado a sua atenção pelo fato de citar Alberto Santos Dumont ter nascido em Barbacena/MG (Barbacena sedia atualmente o “Berço da Nascente do Poder Aéreo” a Escola Preparatória de Cadetes do Ar – EPCAR).

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Mas ele não nasceu no sítio Cabangu, situado na atual cidade de Santos Dumont, antiga Palmyra, como sempre lemos? Vou deixar tal dúvida ou reflexão a você leitor: Santos=Dumont é barbacenense?

No dia 20 de julho de 1873, há 150 anos; nascia no sítio/ fazenda Cabangu, próximo à estação de Palmira (hoje Museu de Cabangu), no interior de Minas Gerais, um dos maiores inventores brasileiros e um dos precursores da aviação e da criação de aeronaves no mundo; Alberto SANTOS DUMONT, o nosso Marechal-do-Ar, Patrono da Aeronáutica Brasileira.

Bem, rememorando rapidamente a história da atual cidade mineira de Santos Dumont com base no IBGE, observa-se o seguinte:

O desbravamento da região onde se localiza tal município está ligado a abertura do Caminho Novo da Estrada Real. A primeira terra abandonada outorgada no município foi a de Domingos Gonçalves Ramos em 1709. Passando-se os anos, as terras eram conhecidas como “Roça de João Gomes” e correspondem ao bairro de João Gomes Velho, da atual cidade.

Foi construída naquela região, a primeira capela nas margens da Estrada Real (1729/1730) na Fazenda de João Gomes, dedicada a São Miguel e Almas, que segundo a tradição, eram protetores dos bandeirantes na perigosa travessia da Mantiqueira. Em 1788, a capela foi transferida para o interior da Roça de João Gomes, onde permaneceu durante 49 anos retornando ao local original em 1827.

A doadora do patrimônio da capela teria sido uma filha de João Gomes, de nome Palmira, daí se originando a denominação do povoado, quando elevado à categoria de vila.

Em 1848 foi realizada uma petição ao Juiz de Paz sobre o arruamento dos terrenos doados, alinhamento e construção das casas do arraial e em 1867, foi criada a paróquia e a povoação foi elevada à categoria de distrito de Palmira/ Palmyra.

Esta parte da história administrativa desta região que chamo a sua atenção, leitor:

Com sede na povoação de João Gomes e sob a designação de Palmira, foi criado o Município, pela Lei provincial n.º 3.712, de 27 de julho de 1889, com território desmembrado do de Barbacena. A instalação ocorreu no ano seguinte, a 15 de fevereiro.

O Decreto estadual n.º 25 de 4 de março de 1890, passou a sede municipal à categoria de cidade e em 1932, houve a mudança do nome do Município de Palmira para o de Santos Dumont, por força do Decreto estadual n.º 10.447, de 31 de julho de 1932 em homenagem ao seu ilustre filho Santos=Dumont – O Pai da Aviação.

E para você?  Santos Dumont é de fato barbacenense?

Independente da “rixa” das cidades para se considerar berço de um dos maiores brasileiros que já existiram, uma coisa é certa, ele é brasileiro. Mineiro-Brasileiro. É sabido que ele gostava de Cabangu (a fazenda onde viveu criança), salientado em entrevista de 1914 para a revista francesa Lectures Pour Tous:

“Vivi ali uma vida livre, indispensável para formar o temperamento e o gosto pela aventura. Desde a infância eu tinha uma grande queda por coisas mecânicas e, como todos os que possuem ou pensam possuir uma vocação, eu cultivava a minha com cuidado e paixão. Eu sempre brincava de imaginar e construir pequenos engenhos mecânicos, que me distraíam e me valiam grande consideração na família. Minha maior alegria era me ocupar das instalações mecânicas de meu pai. Esse era o meu departamento, o que me deixava muito orgulhoso.”

A história de vida, as obras e os seus valores são fontes de inspiração não só no nosso país, mas em todo o mundo. Suas inovações e contribuições para a aviação são celebradas até hoje, pois com toda certeza, ele ajudou o mundo a se tornar mais conectado.

Convido-os a conhecerem a sua história e curiosidades. Quem nunca ouviu falar do 14-BIS ou do Demoiselle, mas e o Dirigível nº 06? Sabia que ele contribuiu para a criação do chuveiro de água quente, ultraleve, o dirigível, o hangar e até mesmo o relógio de pulso?

Sobre o relógio de pulso, por estar sempre com as mãos ocupadas ao voar seus balões, ele não podia verificar as horas em seu relógio de bolso, comum na época, desta forma, em 1904, pediu a seu amigo Louis Cartier para desenvolver um modelo que pudesse ser utilizado no pulso, com pulseira de couro. Essa situação levou muita gente a achar que o brasileiro fosse o responsável pela criação do relógio de pulso. Na verdade, ele foi o responsável pela popularização entre os homens, já que algumas mulheres abastadas já utilizavam relógio no pulso desde o século 19.

A Primeira Guerra Mundial, em 1914, tratou de sedimentar o uso desse acessório entre os combatentes, pois não tinham como desviar a atenção da batalha e tatear no bolso para procurar o relógio.

Já que citamos a Primeira Guerra, em dezembro daquele, ao ver seu invento ser usado para bombardear a cidade de Colônia, na Alemanha, Dumont se decepcionou muito, aumentando tal decepção quando o aeroplano foi usado para fins militares durante a Revolução de 1932 no Brasil, quando o exército massacrou os separatistas paulistas com bombardeios.

Outra curiosidade e detalhe que destaco é o porquê de Dumont assinar seu nome com o sinal de igual? Isso era uma questão importante para ele. Apesar de alcançar sua fama em Paris, sempre fez questão de ressaltar sua origem brasileira. Para tanto, primeiro adotou o hífen para unir o Santos (sobrenome de sua mãe – Francisca de Paula Santos) ao Dumont (sobrenome de seu pai – Henrique Dumont) e, anos mais tarde, o substituiu por um sinal de igual. Passou a ser então Santos Dumont, numa representação do Brasil igual à França.

Neste ano comemorativo, reserve um tempo para mergulhar na história deste grande brasileiro. Se conseguir, visite os museus que contam sua história (Museu Cabangu, Casa de Santos Dumont – A Encantada, o MUSAL, entre outros).

Há disponível inúmeros materiais gratuitos na internet, entre eles, está no ar um Portal Especial sobre a vida, obras e valores de Santos=Dumont no domínio da FAB, é só acessar: https://www.fab.mil.br/santosdumont150anos/

Tal texto é/ foi um jeito de chamar a atenção, de certa forma, ao aniversário de nosso Pai da Aviação. Espero sinceramente que este aniversário significativo não passe sem valor e/ ou preocupação pelas escolas, prefeituras e demais órgãos. Devemos valorizar e reverenciar os Nossos. É nossa história. É nossa Cultura. É ser Brasileiro!

“Que nossa história nunca fique esquecida e que as gerações do presente e futuro, possam entender a importância e o reflexo dos acontecimentos passados em nossa sociedade atual, bem como, as ações do presente e seus impactos no futuro”.  (Fabrício Robson de Oliveira, 2021).

Comemoremos os 150 ANOS DO NASCIMENTO DO BRASILEIRO QUE DEU ASAS A HUMANIDADE – ALBERTO SANTOS DUMONT.