Por Cap Iran Victor Pinheiro Moura

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Os primeiros 20 anos do século XXI são o espaço temporal em que sucessivas inovações tecnológicas mudaram significativamente a forma global de vida das pessoas, em grande parte pelo aperfeiçoamento do acesso à informação e pela maneira das pessoas se comunicarem. Internet de alta velocidade, computadores de mão (smartphones), ampla cobertura do sinal de telefonia nos grandes centros, câmeras fotográficas de alta resolução de imagens, softwares inteligentes, redes sociais digitais, supercomputadores e veículos aéreos não tripulados (VANTs) são alguns exemplos de facilidades que se tornaram presentes no nosso cotidiano.

Em particular para as redes de smartphones, que acessam diversos serviços pela internet e que dependem de cobertura de sinal de alguma Estação Rádio Base (ERB) para funcionar devidamente, existe toda uma infraestrutura necessária para que o serviço seja bem prestado ao usuário, desde torres metálicas de dezenas de metros de altura e cabos de fibra ótica até rádios, antenas, geradores e centrais de controle e administração da rede. Não é muito difícil observar no horizonte alguma torre metálica com rádios e antenas em sua extremidade, prestando serviço a alguma rede de telefonia e internet para smartphones.

Estas estruturas de redes são arquitetadas para atender majoritariamente aos ambientes urbanos em condições de normalidade, onde há tempo, material, segurança e mobilidade necessários para que seja construída toda a infraestrutura indispensável tanto para o funcionamento quanto para a manutenção e melhoria das redes. Por outro lado, existem cenários em que há a escassez de um, ou de alguma combinação, de fatores que são facilmente encontrados em um centro urbano, por exemplo, catástrofes naturais, crises de segurança pública, conflitos armados e episódios de terrorismo. Em tais cenários, não há tempo, espaço ou não é seguro o suficiente para se cogitar construir um conjunto de ERBs ou aproveitar posições altas, favoráveis à cobertura de telefonia e internet.

A catástrofe causada pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019, é um exemplo em que toda a infraestrutura utilizada para redes de telecomunicações foi destruída, o que inviabilizou tanto a comunicação por rádio das equipes de salvamento quanto a utilização de serviços de facilidades dependentes de internet, como transmissão de imagens (visão infravermelho, visão térmica), streaming de vídeo e demais serviços específicos condicionados às buscas. A impossibilidade das equipes em acessar essas facilidades indubitavelmente reduz a eficiência de todo o serviço de busca e salvamento.

Outro exemplo de situação excepcional são as operações policiais e de Garantia da Lei e da Ordem nos morros e nas favelas do Rio de janeiro. Nessas áreas, não é seguro para as tropas acessar posições geográficas de interesse dominadas pelo crime organizado para a instalação de rádios e antenas, o que mitiga a capacidade de comunicação das tropas, a permeabilidade dos serviços de inteligência, o alcance da ação de comando dos comandantes e, consequentemente, a qualidade e eficiência das operações.

Uma solução imediata que podemos imaginar para esses casos excepcionais é o emprego de satélites, que possuem características desejáveis para essas situações. A disponibilidade e a qualidade do serviço, a flexibilidade na implantação e a ampla cobertura são aspectos positivos da proposta satelital, que viabilizam uma rede de internet em casos excepcionais, com poucas restrições. Entretanto, o atraso natural de propagação, o qual reduz a confiabilidade na rede, e o elevado custo de implantação de um sistema satelital fazem dessa opção um privilégio exclusivo de  nações que possuem PIB de país de primeiro mundo, além da experiência necessária em lançamento de foguetes.

O advento de VANTs com baterias robustas, duráveis por horas, e com motores a combustão, assim como a capacidade de transportar cargas, possibilita embarcar em um VANT algoritmos, equipamentos rádio e antena, e transformá-lo em uma ERB inteligente, móvel e autônoma. Essa seria uma clara e direta solução de baixo custo, de fácil implementação, com baixa restrição de local para desdobramento e com flexibilidade de cobertura, porém, com alta vulnerabilidade e limitado tempo de funcionamento. A partir da década passada, têm sido observadas propostas em publicações de periódicos científicos que ilustram, de diversas formas, essa ideia no campo da ciência, desde algoritmos para operar o sistema até descrições mais claras de modelos, o que gera uma expectativa de que essa tecnologia se torne, em algum momento, uma solução comercial. De qualquer forma, não há dúvidas de que a exploração dessa proposta, seja no campo da ciência, seja no da indústria, evidencia interesse de vantagem militar.

Por mais que essa ideia ainda seja incipiente e observada majoritariamente pelo espectro científico, recentemente a Google, por meio do  “Projeto Loon”, demonstrou já possuir propostas de utilização de veículos aéreos como ERBs, porém com o uso de balões. Já foram feitos testes em diversos países, como o Brasil, a Nova Zelândia, a África do Sul e os Estados Unidos, todos com incidentes contendo erros e acertos na proposta.

Fonte: eBlog do EB
Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).