|

O Trágico Torpedeamento do Itapagé em Alagoas: Um episódio marcante da Segunda Guerra Mundial

Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi um dos países afetados pelos ataques de submarinos alemães, que visavam interromper as rotas comerciais e abastecimentos. Um dos incidentes mais trágicos ocorreu em 26 de setembro de 1943, quando o navio brasileiro Itapagé foi torpedeado pelo submarino alemão U-161 no litoral de Alagoas. Este ataque resultou na morte de 22 pessoas e marcou profundamente a história marítima brasileira.

O Itapagé e sua História

O Itapagé era um navio misto, projetado para o transporte de carga e passageiros. Construído no estaleiro Société des Chantiers de Normandie, em Ruão, na França, foi lançado ao mar em novembro de 1927. Pertencente à Companhia Nacional de Navegação Costeira, o Itapagé fazia parte da famosa classe de navios “Itas”, conhecidos por suas operações de cabotagem de norte a sul do Brasil. Com um casco de aço de 119,7 metros de comprimento e uma capacidade de 4.998 toneladas de arqueação bruta, o Itapagé era movido por dois motores a diesel e também possuía máquinas a vapor.

O Afundamento

No dia 22 de setembro de 1943, o Itapagé deixou o Rio de Janeiro com destino final a Belém, transportando uma variada carga que incluía caixas de cerveja, panelas, remédios, perfumes, pneus, caminhões, barris de óleo diesel e ácido muriático. Além disso, havia 107 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes, sob o comando do Capitão-de-Longo-Curso Antônio da Barra.

Por USN – http://www.history.navy.mil, Domínio público

Quatro dias depois, em 26 de setembro, o navio navegava sem escolta a cerca de oito milhas da costa de Alagoas, próximo à Lagoa Azeda. Por volta das 13h50, foi atingido por dois torpedos lançados pelo submarino alemão U-161, comandado pelo Capitão-de-Corveta Albrecht Achilles. A explosão resultante abriu um grande buraco no casco do navio, que começou a afundar rapidamente, levando apenas quatro minutos para submergir completamente.

A evacuação foi realizada de forma ordenada, mas devido ao pânico e à velocidade do naufrágio, apenas dois botes salva-vidas e duas balsas foram lançados ao mar. A sala de telégrafo foi destruída, impossibilitando o envio de um SOS. Alguns sobreviventes descreveram o desespero de nadar para longe do navio afundando para evitar a sucção.

Resgate e Consequências

Após o afundamento, o U-161 emergiu próximo aos destroços, e os tripulantes alemães tiraram fotos dos náufragos antes de seguir seu curso. Pescadores e jangadeiros locais resgataram os sobreviventes, que foram levados para São Miguel dos Campos, onde receberam primeiros socorros e assistência da população local. A Major Elza Cansanção Medeiros, heroína nacional, também participou nos primeiros socorros, sendo logo após convocada para ir com a FEB para a Itália. Nesse resgate a  Infelizmente, 22 pessoas (18 tripulantes e quatro passageiros) perderam a vida no ataque.

Neste mesmo dia, o Cisne Branco afundou próximo à praia da Canoa Quebrada, após bater noutra embarcação, e foi durante muito tempo incluído na lista dos barcos postos a pique pelo submarino.

No dia seguinte, o submarino U-161 foi localizado e afundado por um avião PBM Mariner da Força Aérea norte-americana, resultando na morte de todos os 53 tripulantes alemães.

Exploração Submarina

O naufrágio do Itapagé, localizado a apenas 25 metros de profundidade, tornou-se um ponto de atração para mergulhadores e turistas. A área é conhecida por suas águas claras, que permitem a visualização do navio desde a superfície. Os destroços do Itapagé abrigam uma rica fauna marinha, incluindo barracudas e arraias, além de serem um local propício para a pesca submarina.

Conclusão

O torpedeamento do Itapagé é um lembrete sombrio dos perigos enfrentados durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente para aqueles que navegavam em águas infestadas de submarinos inimigos. A história deste navio, desde sua construção até seu trágico fim, reflete a resiliência e o sacrifício de marinheiros e civis brasileiros em tempos de conflito. A memória do Itapagé e de suas vítimas continua viva, tanto através das histórias contadas quanto pelas explorações submarinas que mantêm vivo o legado deste navio histórico.

Fontes de Consulta

  • Participação de Alagoas no “Trampolim da Vitória” – 2ª Grande Guerra Mundial – 1941-1945, de Mário Carvalho Lima, Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Volume XXXIII, 1977;
  • Site Histórias de Alagoas – https://www.historiadealagoas.com.br/o-afundamento-do-itapage-alagoas-na-2a-guerra-mundial.html;
  • Site Naufrágios – http://www.naufragios.com.br/subbra.htm;
  • Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Itapagé_(navio) e https://pt.wikipedia.org/wiki/U-161.

Participe no dia a dia do Defesa em Foco

Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395

Apoio

Publicações Relacionadas