O Legado da Major Elza Cansanção Medeiros: Pioneirismo e Dedicação na Força Expedicionária Brasileira

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A trajetória de Elza Cansanção Medeiros, mais conhecida como Major Elza, representa um marco histórico para a participação feminina nas Forças Armadas Brasileiras. Com uma vida repleta de conquistas, ela não apenas quebrou barreiras de gênero, mas também deixou um legado duradouro que inspira gerações. Este artigo detalha a vida de Major Elza, explorando sua carreira militar, suas contribuições durante a Segunda Guerra Mundial e seu impacto na história militar e cultural do Brasil.

Infância e Formação

Nascida em 21 de outubro de 1921, Elza foi filha do médico sanitarista Tadeu de Araújo Medeiros, que colaborou diretamente com Oswaldo Cruz na campanha contra a febre amarela. Desde cedo, foi exposta a um ambiente de aprendizado e disciplina. Com uma formação diversa que incluía Música e idiomas aprendidos com governantas alemãs, e habilidades de tiro ensinadas por seus pais, Elza desenvolveu uma versatilidade incomum para mulheres de sua época.

Sua formação acadêmica foi igualmente impressionante. Formou-se em Enfermagem pela Cruz Vermelha e posteriormente em Jornalismo pela Faculdade Nacional de Filosofia. Essa combinação de habilidades técnicas e comunicativas se provaria vital ao longo de sua carreira.

A Segunda Guerra Mundial e a Força Expedicionária Brasileira

Aos dezenove anos, Elza foi a primeira mulher brasileira a se voluntariar para a Segunda Guerra Mundial, uma decisão que demonstrava tanto coragem quanto um profundo senso de dever patriótico. Apesar de seu desejo inicial de lutar na linha de frente, foi designada como uma das setenta e três enfermeiras no Destacamento Precursor de Saúde da Força Expedicionária Brasileira (FEB), pois o Exército Brasileiro, à época, não aceitava mulheres combatentes.

Sua atuação começou prestando socorro aos náufragos do navio Itapagé, torpedeado pelo submarino alemão U-161 no litoral de Alagoas. Durante o conflito, Elza trabalhou incansavelmente em hospitais de evacuação na Itália, onde nenhum soldado faleceu sob seus cuidados. Seu papel como Oficial de Ligação e Enfermeira-chefe no 7th Station Hospital, em Livorno, destaca seu compromisso e competência. Por seus serviços, foi amplamente condecorada, recebendo várias medalhas, incluindo a Meritorious Service Unit Plaque do Exército Americano.

Contribuições Pós-Guerra e Vida Profissional

Após a guerra, Elza retornou ao Brasil e continuou a servir seu país de diversas maneiras. Em 1957, com a reconvocação das mulheres para carreiras militares, ela prontamente retomou suas funções no Exército. Além de sua carreira militar, Major Elza trabalhou no Banco do Brasil e no Serviço Nacional de Informações (SNI), sempre mantendo sua paixão pelo serviço militar.

Elza também se destacou academicamente, formando-se em diversas áreas como História das Américas, Psicologia, Parapsicologia, Turismo e Relações Humanas. Sua ampla gama de conhecimentos e habilidades a levou a viajar pelo mundo e a se envolver em várias atividades culturais e educacionais.

Legado e Reconhecimentos

Ao longo de sua vida, Elza fundou e dirigiu duas revistas, assinou colunas em jornais e escreveu três livros sobre sua participação na Segunda Guerra Mundial. Sua dedicação à memória e à história da FEB foi inigualável, especialmente como membro da Academia Alagoana de Cultura, onde trabalhou para preservar a memória fotográfica da FEB.

Major Elza é a mulher mais condecorada do Brasil, com mais de 200 medalhas, incluindo a Ordem do Mérito Militar e a Medalha Mérito Tamandaré. Sua vida foi celebrada no cinema pelo filme “A Cobra Fumou”, de Vinícius Reis, que documenta sua extraordinária contribuição durante a Segunda Guerra Mundial.

Conclusão

Major Elza Cansanção Medeiros deixou um legado imensurável para o Brasil e para as Forças Armadas. Sua vida é um testemunho de coragem, determinação e serviço ao país, inspirando futuras gerações de militares e civis. Seu pioneirismo e suas conquistas continuam a ser uma fonte de orgulho e inspiração, consolidando seu lugar na história como uma verdadeira heroína brasileira.

Foto: Presidential Press and Information Office (Kremlin.Ru), cropped by Limongi

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

7 COMENTÁRIOS

  1. Tive a oportunidade de trabalhar dois anos como auxiliar do Adido Naval na Itália. Visitei todas as cidades onde a FEB atuou. Nossos pracinhas foram verdadeiros heróis. É lastimável que as novas gerações não conhecem essa parte da nossa história.

  2. Conheci pessoalmente a Major Elza, em fevereiro de 1991, na Escola de Saúde do Exército (ESSEX), em decorrência de uma palestra que ela ministrou durante as comemorações da Tomada de Monte Castelo.
    Considero-a, além de uma heroína, uma mulher que sempre viveu à frente do seu tempo!!!

  3. Conheci a Major Elza quando servi o Exército em 1985, No59 Bimtz em Maceió Al, onde ela deu uma palestra para o batalhão sobre sua participação na guerra, Foi uma grande mulher, Guerreira de fibra!!!

  4. Servi na 4a região militar com muito orgulho no término período de 64 ouvi sobre essa major, me sinto orgulhoso pela minha farda verde oliva, com 68 anos seria uma honra usar esta farda de novo. Meu respeito à todas as mulheres são heroínas do nosso Brasil.

  5. A major Elza era brilhante! Ouso dizer que ela foi um presente de Deus para a humanidade. Tive a honra de conhecê-la quando ela trabalhou em suas obras literárias, junto à Biblioteca do Exército.
    Parabéns pela matéria, que é uma grande contribuição à todos os brasileiros! Obrigada!

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