irradiação no café
Dr. Pablo Vásquez explica os benefícios e as vantagens da radiação gama de Co-60 nos alimentos (Ana Paula Freire - IPEN/CNEN)

Irradiação no Café

A irradiação de alimentos é uma importante ferramenta para dinamizar o agronegócio brasileiro, e os produtores de café estão considerando estudar a viabilidade dessa tecnologia para melhorar a qualidade do grão e potencializar ainda mais a sua exportação. Foi com esse objetivo que o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Café de São Paulo (Sindicafé-SP), Nathan Herszkowicz, visitou o IPEN/CNEN na sexta-feira, 4, em reunião articulada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR).

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Herszkowicz foi recebido pelo superintendente do Instituto, Wilson Calvo, e pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Madison Coelho de Almeida. Além de conhecer um pouco as pesquisas sobre o potencial uso da radiação em alimentos, inclusive café, o dirigente do Sindicafé-SP visitou duas instalações do Centro de Tecnologia das Radiações (Ceter/IPEN): os Aceleradores Industriais de Elétrons e o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60.

“Nós ficamos bastante entusiasmados com a possibilidade de conhecer essa tecnologia. O café do Brasil passa por uma mudança muito rápida na evolução dos tipos de produto, das tecnologias, da segmentação de públicos consumidores, e a irradiação pode ser mais uma alternativa de negócio nesse novo momento, no qual experimentamos cada vez mais diferenças como elementos importantes para o sucesso do nosso produto”, disse Herszkowicz. Após sua manifestação, foi apresentado o vídeo inédito “Café Especiais de São Paulo”.

Em seguida, Almeida fez uma breve apresentação do setor nuclear brasileiro, com ênfase no papel da CNEN e de suas unidades técnico-científicas na condução da política nuclear em todo o país. Pesquisa, desenvolvimento e inovação, produção de radiofármacos, proteção radiológica, rejeitos e emergências, formação de recursos humanos, aplicações nucleares, ciclo do combustível nuclear, equipamentos pesados e atividade regulatória estão entre as principais funções atribuídas ao setor, além da geração de energia e da propulsão nuclear.

Benefícios e vantagens

Na sequência, Tiago Rusin, da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Nuclear do GSI, apresentou o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) e seu papel na irradiação de alimentos, destacando os benefícios, as vantagens dessa tecnologia e potenciais aplicações. Também comentou sobre o projeto-piloto de irradiação de mangas, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), e finalizou com um panorama do arcabouço legal no Brasil.

Conservação e aumento da vida útil dos alimentos, controle de pragas e doenças, segurança sanitária e fitossanitária, ganhos para a saúde pública e abertura de mercados externos foram alguns dos benefícios da irradiação de alimentos mencionados por Rusin. Entre as vantagens, estão a redução de perdas pós-colheita, desifestação de grãos e vegetais frescos, aumento do prazo de validade dos produtos, redução de micro-organismos deteriorantes, eliminação de micro-organismos patogênicos e esterilização depalletse embalaganes finais.

Pujança

Jorge Caetano Júnior, coordenador-geral de Sanidade Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), destacou o fato de a irradiação de alimentos no Brasil estar bem regulamentada e apontou para a necessidade de irradiar não apenas o que sai do país, mas também os insumos de interesse do país. Cenários e características da agropecuária brasileira, usos potenciais da irradiação em produtos agropecuários e principais desafios e encaminhamentos em curso foram os tópicos abordados.

“A irradiação de alimentos é uma tecnologia que possibilita a pujança da agropecuária brasileira”, afirmou Caetano Júnior. Por fim, comentou sobre ações desenvolvidas no âmbito do Grupo Técnico 7 (GT-7) do CDPNB e suas recomendações. O GSI criou 12 grupos de trabalho, coordenados por diferentes órgãos do Governo Federal, para subsidiar o Programa Nuclear Brasileiro em todas as suas vertentes. O GT-7 teve como objetivo dinamizar a aplicação da tecnologia nuclear na agropecuária.

O superintendente do IPEN/CNEN, Wilson Calvo, mencionou os diversos irradiadores na América Latina e no Caribe, e também os tipos de radiação ionizante (raios gama, feixe de elétrons e raios-x) que estão sendo estudados e utilizados em alimentos. Destacou as instalações do Instituto, entre elas o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, “tecnologia 100% nacional, fruto da dedicação e da competência dos pesquisadores, engenheiros e técnicos do Instituto”, onde são irradiados produtos diversos, inclusive objetos de acervos culturais do país.

A pesquisadora Anna Lucia Villavicencio, coordenadora do Grupo de Pesquisas “Aplicação da Radiação Ionizante em Alimentos, Ingrediantes e Produtos Agrícolas” no Ceter/IPEN, encerrou as apresentações falando sobre “Benefícios da Irradiação de Alimentos para o Mercado de Cafés Brasileiros”, foco principal da reunião. Explicou as características do processo e as principais vantagens da tecnologia. “Basicamente, é uma técnica para preservação e desinfestação de alimentos”, disse.

Instalações à disposição

Encerradas as apresentações, a comitiva visitou o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 e os Aceleradores Industriais de Elétrons, onde foi recebida pelos pesquisadores Pablo Vásquez e Samir Somessari, respectivamente gerentes adjuntos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e de Produtos e Serviços do Ceter/IPEN. Dentre os convidados, estavam Fernando Giachini Lopes, do Instituto Totum, CC Rogério Diniz, do GSI/PR, além de dirigentes do IPEN/CNEN.

“Nossas instalações estão à disposição das empresas que queiram realizar estudos e testes com seus produtos”, disse Calvo. Para Almeida, as perspectivas representam “um novo paradigma” para a indústria nacional do café: “Uma importante pauta de exportação brasileira passa a fazer parte da irradiação de alimentos. Estudos serão iniciados em 2021, visando à mitigação de fungos e até melhoria de aroma e sabor do café; seja in natura, seja já processado”, afirmou o titular da DPD/CNEN.

Sobre o CDPNB – Criado pelo Decreto de 2 de julho de 2008 e alterado pelo Decreto de 22 de junho de 2017, o CDPNB é coordenado pelo GSI/PR e tem como princípios o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos, o respeito a convenções, acordos e tratados, a segurança nuclear, a radioproteção e a proteção física, o domínio da tecnologia do ciclo do combustível e o emprego da tecnologia nuclear para o desenvolvimento nacional e o bem estar da sociedade.

Fonte: IPEN

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).