Frente Nuclear convoca audiência para destravar Angra III

Deputado Júlio Lopes (Foto: Divulgação)
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Em meio aos impasses que há décadas travam a conclusão da Usina Nuclear de Angra III, a Frente Parlamentar de Atividades Nucleares, liderada pelo deputado Julio Lopes (PP-RJ), dá um passo decisivo: convocou uma audiência pública para discutir os caminhos possíveis para finalizar a obra. Com o aval da Comissão de Minas e Energia, o debate promete reunir autoridades de peso e trazer à tona soluções para um dos maiores gargalos do setor energético nacional.

Estrutura técnica exige planejamento e decisão política

A Usina Nuclear de Angra III está com aproximadamente 90% de sua infraestrutura física construída, segundo dados da Eletronuclear. A unidade foi projetada para gerar 1.400 megawatts (MW), o suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de residências. No entanto, a ausência de um cronograma definitivo, a indefinição sobre o modelo de financiamento e as atualizações tecnológicas necessárias para adaptar os sistemas à regulação internacional vigente seguem como entraves críticos.

O deputado Julio Lopes destacou que a usina possui um dos maiores fatores de capacidade do mundo, superando 90%, o que torna a fonte extremamente eficiente. Ainda assim, o custo de retomada precisa ser avaliado com transparência, considerando os mais de R$ 11 bilhões já investidos. A audiência pública busca, justamente, alinhar as perspectivas entre governo, iniciativa privada e entidades reguladoras para garantir a viabilidade técnica da retomada.

O peso econômico e social da paralisação

A paralisação de Angra III tem causado impactos significativos tanto na economia quanto no planejamento energético nacional. Segundo Julio Lopes, a confusão orçamentária entre Angra I, II e III gera um desequilíbrio no sistema nuclear. Enquanto Angra I e II são operações rentáveis, os custos associados à manutenção de Angra III, inclusive com 600 funcionários contratados via concurso, estão sendo arcados pelas usinas ativas, pressionando o caixa do sistema.

Além disso, há o risco social associado à estagnação do projeto: empregos qualificados congelados, perda de conhecimento técnico acumulado e o adiamento de um ganho potencial de redução tarifária para milhões de brasileiros. A audiência visa discutir mecanismos que permitam separar as contas e garantir a sustentabilidade econômica de cada unidade.

Energia nuclear e o futuro da matriz brasileira

O debate em torno de Angra III ocorre num momento estratégico, em que o Brasil busca diversificar sua matriz energética para atender demandas futuras com segurança e baixa emissão de carbono. A energia nuclear surge como uma alternativa de alta performance para complementar fontes intermitentes como a solar e a eólica.

Com apenas 3% de participação na matriz atual, o setor nuclear é visto por especialistas como subutilizado no Brasil. A conclusão de Angra III poderia representar um salto importante, tanto na segurança energética quanto na soberania tecnológica do país. A audiência pública também se propõe a discutir o papel do Brasil no cenário internacional, diante de uma corrida global por fontes estáveis e limpas de energia.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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