Aos vinte e nove dias do mês de maio, comemoramos o Dia Internacional dos Mantenedores da Paz das Nações Unidas, data de notável importância para a Marinha do Brasil. Cumpre mencionar que tal solenidade faz referência à missão pioneira da ONU, ocorrida em 29 de maio de 1948, ocasião em que observadores militares foram enviados pelo Conselho de Segurança ao Oriente Médio, para monitorar o armistício entre Israel e os países árabes adjacentes, em uma missão denominada Organização de Supervisão de Tréguas das Nações Unidas (UNTSO).

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Destaca-se que as operações de paz da ONU remetem aos acontecimentos pós Segunda Guerra Mundial, contexto de criação de um novo instrumento de segurança coletiva para a promoção de um ambiente internacional estável. Dentre as operações com a participação do Brasil, é oportuno apontar a atuação da Marinha do Brasil na Grécia, em 1947, onde tomou parte na Comissão das Nações Unidas para os Bálcãs, com o envio de um observador militar naval junto a dois observadores militares das demais forças singulares. Ademais, ressalta-se a participação brasileira direta, em uma operação de paz, por meio do envio de tropas, para integrar a Força Interamericana de Paz (FIP), na República Dominicana, em 1965.

Cumpre referenciar, ainda, a presença de militares brasileiros nas Forças de Paz na África do Sul, Angola, Bósnia, Camboja, Canal de Suez, Chipre, Costa do Marfim, Croácia, El Salvador, Etiópia/Eritreia, Guatemala, Guiné-Bissau, Haiti, Iêmen, Índia-Paquistão, Irã, Iugoslávia, Libéria, Macedônia, Moçambique, Nepal, Nicarágua, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Saara Ocidental, Sérvia, Sudão, Sudão do Sul, Timor-Leste e UgandaRwanda. No século atual, destacam-se as participações na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) e na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).

Na UNIFIL, coube à Marinha exercer o Comando da Força-Tarefa Marítima por, aproximadamente, dez anos, oportunidade em que coordenou a execução de Operações de Interdição Marítima (MIO) na costa do Líbano, conforme estabelecido pela Resolução 1701, do Conselho de Segurança da ONU, com um Almirante brasileiro no seu comando. Nesse ambiente multinacional, mostramos nossa bandeira, em conjunto com as Marinhas amigas, tais como a da Alemanha, de Bangladesh, da Grécia, da Indonésia e da Turquia. Tal missão ainda impôs o importante desafio logístico de manter meios operando por mais de oito meses, a cerca de 5.500 milhas náuticas de distância da sede.

Na MINUSTAH, por sua vez, a liderança do Brasil em operações de paz robustas atingiu uma nova proporção durante os treze anos de comando brasileiro, ao testar toda a capacidade logística e o nível de aprestamento de nossas tropas, o que resultou em evoluções fundamentais na nossa doutrina, investimento em equipamentos de defesa e aperfeiçoamento dos sistemas logísticos.

Ao todo, a trajetória de atuação do Brasil em operações de paz se estende por mais de 70 anos. No decorrer desta singradura, foi grande a evolução ocorrida na qualificação do nosso
pessoal e na modernização dos nossos meios. As experiências acumuladas podem ser observadas nas capacidades atuais do Centro de Operações de Paz de Caráter Naval (COpPazNav), responsável por conduzir cursos, estágios e seminários, nacionais e internacionais.

Dentre esses, destacam-se os três cursos internacionais certificados pela ONU: o Curso de Força-Tarefa Marítima; o Curso de Unidades Ribeirinhas; e o Curso de Inteligência. Cabe ressaltar o sucesso alcançado pelos sucessivos Estágios de Operações de Paz para Mulheres, os quais têm cumprido a importante tarefa de formar efetivos para compor as missões de paz, ao mesmo tempo em que incentiva e desmistifica a importante participação feminina neste tipo de atividade. O avanço mais recente do COpPazNav tem sido sua participação em treinamentos especializados no exterior, conforme experiência recente ocorrida na Coréia do Sul.

A competência e o profissionalismo de nossos homens e mulheres militares materializam-se com a inédita certificação, pela ONU, do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Força de Paz de Reação Rápida no Nível III do Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz das Nações Unidas, o qual permite à Força Naval dispor da primeira tropa do Estado brasileiro a atingir distinto patamar de excelência. Faz-se oportuno referir a inclusão do Pelotão Explosive Ordnance Disposal (EOD) no Nível I do mesmo sistema, um destacamento que poderá compor as diversas missões de desminagens com o objetivo de detectar, identificar, realizar avaliação no local, resguardar, recuperar e desativar artefatos explosivos não acionados.

Deste modo, em data festiva e honrosa, celebramos nossos bravos militares – marinheiros e fuzileiros navais – homens e mulheres do passado, de hoje e de sempre, voltados para os
objetivos comuns de manter a paz e construir um futuro mais seguro para as próximas gerações.

São os vossos esforços que orgulham e honram a memória daqueles que sacrificaram suas vidas e conquistaram o respeito e admiração internacional de nossas Forças Armadas.

PARABÉNS AOS MARINHEIROS E FUZILEIROS DA PAZ!

VIVA À MARINHA!

WLADMILSON BORGES DE AGUIAR
Almirante de Esquadra
Comandante de Operações Navais

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).