Nos últimos anos, Israel tem buscado estreitar laços com o mundo árabe, uma estratégia que, segundo especialistas, pode ter desencadeado a recente ofensiva do Hamas. Desde 2020, Israel assinou os Acordos de Abraão com países como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. Estes acordos, mediados pelos Estados Unidos, tinham como objetivo principal estabilizar as relações com os países árabes e, consequentemente, isolar o Irã, um aliado de longa data do Hamas.
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A Perspectiva dos Especialistas
Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais, acredita que o Hamas viu nos Acordos de Abraão uma ameaça direta. O ataque, segundo ele, foi uma forma de enviar uma mensagem política aos israelenses, lembrando-os do ataque surpresa da Guerra de Yom Kippur, ocorrida há 50 anos. Karina Caladrin, assessora do Instituto Brasil-Israel e pesquisadora da USP, reforça que o Hamas se opõe veementemente aos acordos árabe-israelenses, vendo-os como um enfraquecimento da causa palestina.
Influências Internacionais
Além dos Acordos de Abraão, Robson Valdez, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais, destaca a influência da China no Oriente Médio através dos investimentos da Rota da Seda. Esta iniciativa chinesa busca uma maior estabilidade política na região, algo que o ataque do Hamas tende a desestabilizar. Valdez ressalta a importância de um Estado Palestino soberano que coexista pacificamente com Israel, uma visão compartilhada pela comunidade internacional.
Conflitos e Assentamentos Israelenses
Enquanto Israel avançava em suas negociações com os estados árabes, as relações com os palestinos deterioravam-se, principalmente devido à expansão dos assentamentos israelenses. Maurício Santoro destaca que a relação com a Autoridade Palestina piorou nos últimos anos, especialmente sob o governo de Netanyahu. Karina Caladrin concorda que os assentamentos alimentam o conflito atual, mas ressalta a responsabilidade da comunidade internacional e dos países árabes na perpetuação deste cenário.
O cenário no Oriente Médio é complexo e multifacetado. A tentativa de Israel de estabilizar relações com países árabes, enquanto mantém tensões com os palestinos, cria um ambiente propício para conflitos. A solução, embora desejada por muitos, parece distante, especialmente com a presença de grupos como o Hamas. O caminho para a paz é incerto, mas o entendimento e a diplomacia devem prevalecer.
Com info da Agencia Brasil