Revolucionando a tecnologia brasileira e a indústria naval, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) representa um significativo avanço tecnológico no País, pautado em capital intelectual, engenharia sensível e tecnologia de ponta, além de incentivar a política de defesa, impulsionar a capacitação de pessoal e fortalecer a soberania nacional. Um importante avanço do PROSUB foi a Mostra de Armamento do Submarino (S40) “Riachuelo”, realizada hoje (1°), no município de Itaguaí (RJ).

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O “Riachuelo” é o primeiro da classe dos quatro submarinos convencionais com propulsão diesel-elétrica, que permitirão maior poder de dissuasão nos 5,7 milhões de km² da Amazônia Azul, cuja riqueza das águas, do leito e do subsolo marinho são importantes para o desenvolvimento econômico, científico e ambiental. É nessa área marítima que os brasileiros desenvolvem atividades pesqueiras, por onde trafegam 95% do comércio exterior brasileiro e exploram recursos biológicos e minerais.

Para proteger esse patrimônio e garantir a soberania brasileira no mar, a Marinha do Brasil (MB) investe na expansão da força naval, como é o caso do S40, um importante elemento surpresa indispensável para negar o acesso de embarcações inimigas em território nacional, aumentando o poder dissuasório das Forças Armadas brasileiras. Para atingir esse efeito, esse tipo de navio se vale de suas características particulares, notadamente, a capacidade de ocultação e o poder de causar danos a forças navais adversárias.

Presente ao evento, o Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, destacou que a história do Brasil evidencia a participação da MB em diversas passagens decisivas para a formação da nacionalidade brasileira e que a entrega do novo meio naval construído no Brasil permite incrementar a capacidade de defesa na área marítima conhecida como Amazônia Azul. “O Programa de Desenvolvimento de Submarinos é de importância estratégica para o País. A construção desses novos submarinos no âmbito do PROSUB cumpre dois grandes objetivos: o aprimoramento da capacidade operacional de nossa Marinha com a considerável elevação de seu poder dissuasório e a ampliação da proteção de suas águas jurisdicionais alcançando uma presença mais efetiva no Atlântico Sul e ainda o incremento de nossa indústria naval e o desenvolvimento de novas tecnologias, contribuindo para o fomento da economia nacional com a criação de milhares de empregos diretos e indiretos”.

O Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, destacou que “o Riachuelo representa um investimento para a sociedade brasileira, em soberania, em riqueza do povo brasileiro. Já foram gerados mais de 20 mil empregos diretos e cerca de 40 mil empregos indiretos. Além disso, as riquezas da nossa Amazônia Azul ainda são incalculáveis. Estamos falando de algo grandioso e extremamente importante para o futuro do nosso País”. 

De acordo com o Comandante de Operações Navais, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, a Força de Submarinos conta, a partir de agora, com uma classe de submarinos mais silenciosos e letais, preparada para atuar em prol da garantia da soberania do Estado brasileiro. “Características como alta taxa de discrição, aumento da capacidade de detecção e do tempo de permanência em zona de patrulha, além da precisão e da densidade na aquisição de dados em operações de esclarecimento e ataque, fazem da chegada do Submarino ‘Riachuelo’ um dos momentos mais esperados dos últimos anos”.

Para o Comandante do Submarino “Riachuelo”, Capitão de Fragata Edson do Vale Freitas, “as capacidades operativas do S40 o credenciam para a redução do controle exercido pelo oponente, facilitando a atuação das demais forças. Permite, ainda, realizar minagem, operações de inteligência e resgate ou infiltração de elementos de operações especiais em águas inimigas”.

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Submarinos Classe “Riachuelo”

Devido às diversas tecnologias e inovações, os submarinos Classe “Riachuelo” (S-BR) são mais versáteis que os submarinos Classe “Tupi” (“Tupi”, “Tamoio”, “Timbira” e “Tapajó”) e são considerados operativamente superiores a diversos submarinos disponíveis atualmente no mundo.

Eles contam com sensores avançados – como o conjunto de sonares e os periscópios com câmeras para visão noturna -, além de um sistema de gerenciamento de combate dotado de modernos e complexos algoritmos, que permitem ao submarino detectar e classificar alvos a longas distâncias. Os S-BR contam, também, com maior autonomia que seu ascendente da Classe “Scorpène”, devido a uma alteração no projeto que incluiu uma seção intermediária para aumento das acomodações e dos tanques de água.

Por meio de um processo de transferência de tecnologia, a construção dos S-BR está sendo realizada por mão de obra brasileira (engenheiros e técnicos) contando com a assistência técnica de franceses da empresa Naval Group. O Programa de Nacionalização já qualificou cerca de quarenta empresas brasileiras para a fabricação de componentes do submarino, em mais de cem projetos, sendo os principais deles: a fabricação das válvulas de água salgada pela empresa Micromazza, a fabricação das baterias pela empresa NewPower e a fabricação do Mancal de Escora pela empresa Miba.

Para a construção dos submarinos brasileiros convencionais e, no futuro, do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear “Álvaro Alberto”, foi construído em Itaguaí um complexo naval que possui diversas instalações, equipamentos e sistemas especializados. Hoje, ele é um dos mais modernos estaleiros de construção naval existentes, já que a construção de submarinos exige mão de obra altamente qualificada e um parque industrial equipado, de modo a possibilitar a execução das diversas atividades de fabricação, comissionamento e testes. Tudo isso exige a integração de tecnologias sofisticadas, seguindo rigorosas normas e padrões de qualidade e segurança.

“O Programa Nuclear da Marinha é a espinha dorsal do Programa Nuclear brasileiro. Nós produzimos pastilhas de urânio para que as Indústrias Nucleares do Brasil possam manter Angra 1 e Angra 2 funcionando, por exemplo. O programa permite que haja um aproveitamento dual dessa tecnologia nuclear. Além da militar, as áreas de fármacos e alimentos também podem utilizar essa tecnologia, proporcionando um desenvolvimento tecnológico, científico e médico para o Brasil”, complementou o Comandante da Marinha, após a cerimônia.

Capacitação da primeira tripulação

Os treinamentos da primeira tripulação duraram cerca de dois anos e quatro meses e foram divididos em três etapas: preliminar, em terra e a bordo. Na capacitação preliminar, a tripulação foi submetida a exames teóricos e entrevistas individuais. Também foi elaborado um Plano de Capacitação Preliminar, executado pelo Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché.

As fases de capacitação em terra e a bordo foram realizadas por instrutores da Défense Conseil International, que é uma empresa parceira do Ministério da Defesa francês, responsável pela transferência internacional do seu know-how militar para as Forças Armadas dos países amigos. “Nos qualificamos nos diversos sistemas do submarino e realizamos exercícios, com propósito de tornar a tripulação autônoma na condução segura do meio. No mar, foram feitos treinamentos voltados para a condução do ‘Riachuelo’ e controle de avarias, de modo que todos tivessem a capacidade de exercer suas funções com segurança e destreza”, reforça o Comandante do S40.

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“Lançado ao mar pela primeira vez em dezembro de 2018 e tendo executado sua imersão estática em novembro de 2019, o Submarino ‘Riachuelo’ foi submetido, desde então, a um extenso programa de testes de aceitação no mar, na superfície e em imersão, para que hoje pudesse ganhar sua alma – uma tripulação experiente, aprestada e motivada que também se preparou diligentemente para recebê-lo e para garantir o cumprimento de sua missão”, destacou o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire.

Após a Mostra de Armamento, o Submarino “Riachuelo” será submetido à Comissão de Inspeção e Assessoria de Adestramento, que lhe garantirá a capacidade plena de emprego. Em seguida, cumprirá Avaliação Operacional, processo importante para o estabelecimento de parâmetros de operação, que servirão de base para todas as unidades da classe, previstas no escopo do PROSUB.

A população poderá ver o novo meio naval durante a Parada Naval e Aeronaval, que ocorrerá na orla do Rio de Janeiro (RJ), no dia 7 de setembro. Durante o evento, três aeronaves e 20 navios da MB e de outros países convidados para as comemorações do Bicentenário da Independência percorrerão a orla, a partir das 9h30, com início na praia do Recreio e término no Forte de Copacabana.

Características básicas do“Riachuelo”

O Submarino “Riachuelo” possui um comprimento total de 70,62 metros, diâmetro de casco de 6,2 metros, deslocamento na superfície de 1.740 toneladas e deslocamento em imersão de 1.900 toneladas. Seu sistema de combate é dotado de seis tubos lançadores de armas, com capacidade para lançamento de torpedos eletroacústicos pesados, mísseis táticos do tipo submarino-superfície e minas de fundo.

O “Riachuelo” será o sétimo navio da Marinha a receber este nome, em homenagem à Batalha Naval do Riachuelo, ocorrida em 11 de junho de 1865, durante a Guerra da Tríplice Aliança. Além do Submarino “Riachuelo”, a MB possui os Submarinos “Tupi”, “Tamoio”, “Timbira” e “Tapajó”, da Classe “Tupi”, e o Submarino “Tikuna”, da Classe de mesmo nome.

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Por Segundo-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira Francisco

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).