Regulamentação do BR do Mar avança e deve ser assinada em março

Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias.

Menos caminhões nas estradas, mais embarcações navegando pela costa brasileira. Esse é um dos objetivos do BR do Mar, programa de incentivo à cabotagem que está prestes a ganhar uma regulamentação definitiva. O decreto, atualmente sob revisão de ministérios estratégicos, poderá ser assinado pelo governo federal já em março. A medida deve reforçar o papel da cabotagem na logística nacional e reduzir o impacto ambiental do transporte de cargas.

Os impactos da regulamentação do BR do Mar

O decreto que regulamenta o BR do Mar promete transformar a cabotagem em um modal mais acessível e competitivo dentro da matriz logística brasileira. Uma das mudanças mais significativas trazidas pela Lei nº 14.301/2022, sancionada no governo anterior, foi a flexibilização do afretamento de embarcações estrangeiras, permitindo que mais empresas utilizem esse tipo de transporte sem a necessidade de frota própria.

Com a regulamentação, a expectativa do setor é que a participação da cabotagem na logística nacional cresça dos atuais 11% para cerca de 30%, aliviando as rodovias e reduzindo custos operacionais. Além disso, o decreto deve definir critérios para que as embarcações atendam a normas ambientais, aumentando a eficiência e a sustentabilidade do setor.

Especialistas e representantes do setor portuário aguardam a assinatura do decreto como um passo crucial para dar segurança jurídica e atrair investimentos para o segmento. Empresas de logística e operadores portuários já planejam estratégias para ampliar o uso da cabotagem, que pode se tornar uma alternativa viável ao transporte rodoviário, historicamente sobrecarregado e mais custoso.

Cabotagem e sustentabilidade: uma alternativa ecológica

A regulamentação do BR do Mar não apenas busca dinamizar a cabotagem, mas também reduzir a pegada de carbono do setor de transportes. De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (Seeg), em 2023, as emissões veiculares atingiram 223,8 milhões de toneladas de CO₂, representando 44% dos gases de efeito estufa emitidos na matriz energética e em processos industriais no Brasil.

Por outro lado, a cabotagem e a navegação interior responderam por apenas 2,8 milhões de toneladas de CO₂ no mesmo período, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Além disso, esse modal apresenta uma tendência de queda nas emissões desde 2021, quando o volume foi de 3 milhões de toneladas de CO₂.

Países como China e Estados Unidos já adotam amplamente a cabotagem como alternativa sustentável ao transporte rodoviário. O Brasil, com seu extenso litoral e hidrovias navegáveis, tem potencial para seguir esse caminho e reduzir significativamente a dependência dos caminhões movidos a diesel. O BR do Mar, ao incentivar esse modal, pode ser um divisor de águas na transição para uma logística mais verde e eficiente.

O papel estratégico da cabotagem na economia nacional

A cabotagem também tem potencial para fortalecer a competitividade da indústria brasileira. Com custos operacionais menores em relação ao transporte rodoviário, as empresas podem otimizar suas cadeias logísticas e reduzir o preço final dos produtos. Essa mudança pode beneficiar especialmente setores como agronegócio, siderurgia e manufatura, que dependem do transporte de grandes volumes de carga.

Outro impacto positivo esperado é o estímulo a novos investimentos em infraestrutura portuária. Com um mercado mais aquecido, os portos brasileiros podem receber melhorias em suas operações, como a ampliação de terminais e modernização de equipamentos, aumentando sua eficiência e capacidade de escoamento.

A assinatura do decreto, prevista para março, será um marco para o setor. Ao definir as regras para um modal mais competitivo e sustentável, o governo federal abre caminho para uma logística mais moderna, eficiente e menos poluente. Se bem implementado, o BR do Mar pode transformar a forma como o Brasil transporta suas riquezas, beneficiando tanto a economia quanto o meio ambiente.

Participe no dia a dia do Defesa em Foco

Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395

Apoio

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Digite seu nome aqui