A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), realizou, na terça-feira (14), o lançamento para viabilizar o ensaio em voo do 14-X S, primeiro demonstrador brasileiro da tecnologia hipersônica aspirada, conhecida pela sigla em inglês scramjet, por meio da Operação Cruzeiro. O ensaio faz parte do desenvolvimento do Projeto PropHiper, Projeto Propulsão Hipersônica 14-X, um dos Projetos Estratégicos da FAB e coordenado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

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O 14-X S foi acelerado a uma velocidade próxima a Mach 6 (seis vezes a velocidade do som), a mais de 30 km de altitude, por meio de um Veículo Acelerador Hipersônico (VAH).Após a realização do ensaio, o conjunto seguiu a trajetória prevista, atingindo o apogeu em 160 Km, percorrendo um total de 200 km de distância, até seu impacto numa área segura no Oceano Atlântico.

i21121517264602647Além do CLA, o Centro de Lançamento de Barreira do Inferno (CLBI) atuou como Estação Remota de Rastreamento. Com esse primeiro ensaio, o Brasil ingressa, de maneira definitiva, no seleto grupo de nações que detém o conhecimento técnico e os meios para projetar, construir, lançar e rastrear um sistema hipersônico aspirado.

O Projeto PropHiper teve início em 2006, e visou capacitar o Brasil na área estratégica e prioritária da hipersônica, em atendimento à Estratégia Nacional de Defesa (END), por meio da operação em voo de um sistema com propulsão hipersônica aspirada (tecnologia de propulsão scramjet). Para cumprir seus objetivos, o projeto foi dividido em quatro grandes metas, associadas, respectivamente, aos ensaios em voo dos demonstradores de tecnologia designados como:

i21121518105605332I. 14-XS: demonstração em voo ascendente balístico da combustão supersônica;

II. 14-XSP: demonstração em voo ascendente balístico da propulsão hipersônica aspirada;

III. 14-XW: demonstração em voo planado (sem propulsão) de um veículo hipersônico controlável e manobrável com sistemas de guiamento, navegação e controle (GNC), emprego de materiais avançados, durante o voo hipersônico na estratosfera; e

IV. 14-XWP: demonstração em voo autônomo de um veículo hipersônico controlável e manobrável com propulsão hipersônica aspirada ativa.

i21121518105503206Até o presente momento foram capacitados recursos humanos, construídos laboratórios e túneis de vento hipersônico (únicos na América Latina), além da realização de diversos ensaios em laboratório. O Nível de Maturidade Tecnológica da tecnologia de propulsão scramjet nacional é atualmente TRL 6, significando que a tecnologia constitui um protótipo totalmente funcional, sendo qualificado e aceito para operação em ambiente relevante, ou seja, fora do ambiente laboratorial. Após a Operação Cruzeiro, a tecnologia de propulsão hipersônica avançará para o TRL 7, com a comprovação e demonstração de seu funcionamento em ambiente relevante (voo atmosférico).

i21121517264505414De acordo com o Coordenador Geral da Operação, Coronel Aviador Eduardo Viegas Dalle Lucca a realização da Operação Cruzeiro permitiu ao País dar um salto qualitativo no domínio da tecnologia hipersônica aspirada. Ressaltou, ainda, o ineditismo de lançar uma carga útil tecnológica nacional, empregando um veículo totalmente idealizado e fabricado no Brasil e usando a infraestrutura e meios operacionais dos nossos centros de lançamento. “A sinergia dos vários atores evidenciou a capacidade do DCTA de realizar um ensaio em voo desse nível de complexidade. Além disso, deixamos uma equipe qualificada e preparada para os novos desafios”, destacou o Coordenador Geral.

“O Centro de Lançamento de Alcântara ao receber uma operação de grande porte como a Cruzeiro se habilita cada vez mais para receber as empresas estrangeiras e consolidar a capacidade operacional do Brasil no segmento solo do Programa Espacial Brasileiro”, afirma o Coronel Aviador Marcello Corrêa de Souza, Diretor do Centro de Lançamento de Alcântara.

i21121518485702072Para o Diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), Coronel Engenheiro Fábio Andrade de Almeida, “testar tecnologias hipersônicas em condições reais de voo é o auge das pesquisas que são desenvolvidas no IEAv. Sistemas inerciais e sensores de imageamento concebidos no laboratório do Instituto já realizaram ensaios em voo bem sucedidos em aeronaves e veículos suborbitais. Na Operação Cruzeiro, testamos um motor aeronáutico em voo hipersônico utilizando o hidrogênio como combustível, algo inédito na aviação nacional”.

O Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Brigadeiro do Ar César Augusto O’Donnell Alván, ressaltou que o desenvolvimento do Veículo Acelerador Hipersônico pelo IAE, para viabilizar o lançamento do 14-X S, demonstrou que as tecnologias espaciais dominadas pela FAB são pilares indispensáveis para a inserção do Brasil em novos projetos espaciais. E demonstrou, mais uma vez, a capacidade da FAB em superar desafios de grande complexidade tecnológica.

Clique aqui e assista ao vídeo sobre o lançamento.

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Imagens: DCTA

Marcelo Barros, com informações da Agência Força Aérea
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).