Economia do mar movimenta trilhões, mas é desconhecida por 86% dos brasileiros

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O mar que move o Brasil ainda é um enigma para a maioria da população. Mesmo gerando cerca de R$ 2 trilhões por ano, a chamada economia do mar é um conceito desconhecido para 86% dos brasileiros, segundo uma pesquisa divulgada pela Fundação Grupo Boticário, em parceria com a UNESCO e a Unifesp. O dado revela uma desconexão preocupante entre o potencial marítimo do país e a consciência coletiva sobre sua importância.
O que é economia do mar e por que ela importa para o Brasil
A economia do mar — ou economia azul, quando voltada ao uso sustentável dos recursos — engloba todas as atividades econômicas relacionadas ao oceano, mar, rios e zonas costeiras. Isso inclui desde pesca, aquicultura, turismo, navegação, portos, extração de petróleo e gás, geração de energia renovável offshore, até biotecnologia marinha. No Brasil, 95% do comércio exterior escoa por via marítima, e o litoral é responsável por 80% da produção de gás natural e 45% do pescado nacional.
Além disso, o setor é chave para o desenvolvimento regional, especialmente em áreas costeiras e insulares, gerando empregos e dinamizando cadeias logísticas. Globalmente, segundo estimativas da OCDE, a economia do mar deve alcançar até US$ 3 trilhões até 2030, tornando-se um dos motores centrais da economia mundial no século XXI.
Os principais resultados da pesquisa e o retrato do desconhecimento
A pesquisa realizada com 2.200 brasileiros de todas as regiões mostrou que apenas 1% conhece bem o termo “economia do mar”, enquanto 13% disseram “já ter ouvido falar”. Mesmo em áreas litorâneas, o índice de desconhecimento alcança 87%, contrariando a expectativa de maior familiaridade. O Nordeste é a região que mais valoriza o tema, com 68,1% dos entrevistados atribuindo notas entre 9 e 10 para a importância do mar na economia nacional.
Quando questionados sobre quais atividades teriam relação com a economia do mar, 58% citaram pesca, 27% mencionaram turismo e hotelaria, e 25% a extração de minerais. Contudo, 25% dos entrevistados não souberam indicar nenhuma atividade associada ao tema. Apenas 6% relacionaram geração de energia renovável aos oceanos, o que evidencia a necessidade de informação e educação sobre o assunto.
Caminhos para ampliar a educação marítima e a cultura oceânica no Brasil
O desconhecimento sobre a economia do mar reflete uma lacuna histórica na educação e na comunicação pública sobre temas marítimos. Em resposta a esse cenário, a ONU declarou 2021–2030 como a Década do Oceano, incentivando governos e sociedade civil a promoverem conhecimento, pesquisa e alfabetização oceânica. A proposta é tornar os oceanos mais presentes na cultura, nos currículos escolares e nas políticas públicas.
No Brasil, diversas organizações ambientais, universidades e até setores militares têm promovido ações para divulgar a importância estratégica do mar, mas essas iniciativas ainda são pontuais. Para avançar, é necessário integrar esforços entre Estado, mídia, escolas, setor produtivo e sociedade civil, construindo uma cultura oceânica nacional que transforme o mar de recurso invisível a prioridade política e econômica.
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