O Exército Brasileiro comemora, em 10 de abril, o Dia da Arma de Engenharia, data que marca o falecimento, em combate, do Tenente- Coronel João Carlos de Villagran Cabrita, Patrono da arma   e herói da Guerra da Tríplice Aliança.

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O Tenente-Coronel Villagran Cabrita nasceu em 30 de dezembro de 1820, na cidade de Montevidéu, na Banda Oriental do Rio Uruguai, então Província Cisplatina, que integrava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com o surgimento da República Oriental do Uruguai, a Cisplatina se separou politicamente do Império do Brasil, o que influenciou a migração da família Villagran para a Corte no Rio de Janeiro.

Em 1855, Villagran Cabrita foi pioneiro ao fazer parte do contingente inicial do 1º Batalhão de Engenharia, atual 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola), primeira unidade de Engenharia do Exército Brasileiro.

Sua consagração na carreira militar ocorreu durante a Guerra da Tríplice Aliança, quando protagonizou uma das maiores façanhas da História Militar brasileira.

Durante a madrugada do dia 6 de abril de 1866, o Tenente- Coronel Villagran Cabrita atravessou o Rio Paraná e desembarcou na Ilha de Redenção, com cerca de 900 homens, para enfrentar as tropas paraguaias em seu próprio território, manobra ousada que, até então, nunca havia sido realizada naquela batalha.

O inimigo possuía uma complexa linha de defesa, com um robusto apoio de artilharia, mas isso não foi o suficiente para barrar o avanço das tropas brasileiras. Após intensos combates, no dia 10 de abril de 1866, cessaram os fogos e logo vieram os sons da alvorada festiva, assinalando a vitória brasileira.

Entretanto, esse dia não é lembrado somente por sua glória, pois, enquanto redigia a Ordem do Dia que deveria comemorar tal feito, Villagran Cabrita foi alvejado por estilhaços de uma munição de artilharia, que lhe ceifaram a vida, colocando-o no panteão dos heróis da nação brasileira.

O pioneirismo, a coragem e o espírito de cumprimento de missão, características atribuídas à Engenharia, advindas do ato heroico de seu patrono, são notadas desde os primórdios da história do País, seja na construção dos fortes na época colonial, sejam nas linhas ferroviárias, nas estradas, nas transposições, dentre outros trabalhos em prol de um país mais coeso e desenvolvido.

A Engenharia tem por missão apoiar o combate. Apoiando a mobilidade, a contramobilidade e a proteção, ela multiplica o poder de combate das tropas. Por isso, a Arma Azul Turquesa, muitas vezes, é a pioneira nos campos de batalha.

A Engenharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi a primeira tropa a enfrentar o inimigo no ano de 1944. O 9º Batalhão de Engenharia de Combate (9º BE Cmb), sediado em Aquidauana (MS) e subordinado à 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), participou das conquistas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese, apoiando o movimento da tropa ao lançar pontes e limpar campos de minas, entre várias outras missões desempenhadas pelos pracinhas desse lendário batalhão.

Com o passar dos anos, a Engenharia teve destaque em missões de assistência humanitária sob a égide de organismos internacionais, contribuindo para a remoção de minas na América Central (MARMINCA) e na América do Sul (MARMINAS); e para a manutenção da paz em missões das Nações Unidas em Angola (UNAVEM II e III) e no Haiti (MINUSTAH).

Desde 2018, a Engenharia lidera a Missão de Instrutores e Assessores em Desminagem Humanitária na Colômbia (MIADH- CO), contribuindo para ampliar a capacidade operativa das Forças Armadas da Colômbia nas atividades de remoção de artefatos explosivos e minas antipessoal.

As exigências do cenário atual, acrescidas da evolução do combate moderno, impõem à Arma de Engenharia constante aprimoramento técnico-profissional. Nesse quesito, foram determinantes o aperfeiçoamento do seu pessoal, a modernização do seu material e a atualização de sua doutrina. Em face dessa demanda, o Centro de Instrução de Engenharia (CIEng), em Araguari (MG), tem  atuado,  desde  2005,  na  especialização  de  oficiais e sargentos, por meio de cursos e estágios afetos às atividades de construção, de manutenção do material especializado, de mergulho, de desminagem, de explosivos e da gestão do material de engenharia, entre outras atividades.

A Engenharia é o grande espelho do lema do Exército Brasileiro, pois exerce a ação de “Braço Forte”, como elemento multiplicador do poder de combate das forças amigas, proporcionando a conquista e a manutenção dos objetivos estabelecidos, além de prestar o apoio geral de engenharia às operações militares.

Seja blindada, mecanizada, paraquedista, aeromóvel ou de selva, a Arma Azul-Turquesa desempenha um papel indispensável, possuindo a capacidade de executar a construção e o melhoramento de estradas e pontes; o reconhecimento especializado de engenharia; a montagem de meios de transposição; o lançamento de obstáculos no terreno; a construção de espaldões e de abrigos para a proteção da tropa, além de outras atividades.

Na vertente “Mão Amiga”, a Engenharia presta um importante papel no desenvolvimento nacional por meio da construção de instalações e de obras permanentes em proveito do Exército e da sociedade, como fortes, linhas ferroviárias, estradas, pontes, aeroportos, açudes e poços artesianos. Os discípulos de Villagran Cabrita, de ontem e de hoje, dominaram áreas inóspitas, encurtaram as distâncias desse país continental e contribuíram para a economia e para o bem-estar social.

A Engenharia dispõe de meios necessários para ser empregada em pronta resposta ao socorro a calamidades, podendo executar reparos emergenciais em estradas; retirada de escombros; socorro às vítimas de enchentes; restabelecimento rápido de tráfego com o lançamento de pontes; bem como outros trabalhos que envolvam o emprego de equipamentos e viaturas especiais de engenharia.

Engenheiros da Arma Azul-Turquesa, alicerçados nos valores do seu insigne patrono, cuja vida foi ofertada a nossa nação, mantenham- se sempre unidos, destacando-se pela disciplina, pelo espírito de corpo, pela coragem, pelo patriotismo e pelo elevado espírito de cumprimento de missão que lhes são característicos. Quer na paz, quer na guerra, tenham a certeza de que seu trabalho, materializado no terreno, garante-lhes a sensação do dever cumprido e a certeza de que “NÃO VIVEMOS EM VÃO”.

Brasília-DF, 10 de abril de 2023.

Marcelo Barros, com informações do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).