Brics: 40% da população mundial e 37% do PIB global

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Quando o economista Jim O’Neill cunhou o termo BRIC no início dos anos 2000, talvez não imaginasse que aquelas quatro letras simbolizariam, duas décadas depois, um bloco com tamanho peso econômico e geopolítico. Com mais de 40% da população mundial e 37% do PIB global, o grupo expandido dos Brics não apenas reflete uma força material impressionante, mas também carrega em si o desejo de reformar as estruturas de governança global, tradicionalmente dominadas pelo Ocidente.

Expansão e peso econômico dos Brics no cenário global

Criado formalmente em 2009 com Brasil, Rússia, Índia e China, e ampliado em 2011 com a entrada da África do Sul, o bloco dos Brics passou por uma expansão significativa em 2024, incorporando Irã, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e, em processo de confirmação, Arábia Saudita. Hoje, o grupo representa 40% da população mundial e 37% do PIB global pelo critério de Paridade de Poder de Compra (PPC), conforme dados do Fórum Econômico Mundial.

Além disso, os Brics respondem por 26% do comércio global, possuem 44% das reservas de petróleo, 53% das reservas de gás natural e são responsáveis por 43% da produção mundial de petróleo. Em recursos naturais estratégicos, 72% das reservas de terras raras estão concentradas nos países do bloco.

A influência dos Brics também se estende para além da economia. Em termos de recursos hídricos, Brasil e Rússia detêm as maiores reservas de água doce do mundo, e três de seus membros (Rússia, China e Índia) possuem capacidade nuclear, o que reforça o peso geopolítico do grupo.

Desafios e divergências internas entre os países Brics

Apesar do peso econômico e político expressivo, os Brics enfrentam desafios internos que limitam sua eficácia como bloco unificado. Diferenças ideológicas e interesses econômicos conflitantes muitas vezes dificultam a tomada de decisões coordenadas, especialmente em crises globais como conflitos armados ou desastres ambientais.

Outro obstáculo significativo é a ausência de uma estrutura institucional permanente. Não há um secretariado executivo ou um sistema centralizado de governança que facilite a implementação de iniciativas conjuntas. Como destaca Evandro Carvalho, pesquisador do Núcleo de Estudos dos Países Brics da Universidade Federal Fluminense (UFF), não existe sequer um portal oficial que centralize informações, dificultando a transparência e a cooperação prática.

Além disso, as disputas comerciais entre os membros também geram tensões. Índia e China, por exemplo, frequentemente competem em setores estratégicos, enquanto outros membros têm interesses distintos no comércio global. Essas diferenças impedem que o grupo atue de forma coesa em muitos dos principais desafios internacionais.

O papel dos Brics na reforma da governança global

Desde sua criação, os Brics têm sido uma voz ativa na busca por uma reforma das estruturas globais de governança, incluindo ONU, FMI e Banco Mundial. O grupo defende uma maior representatividade dos países em desenvolvimento e uma revisão nas regras de voto e influência dentro dessas instituições.

Um dos marcos dessa busca foi a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em 2014, uma instituição financeira destinada a financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países do bloco e em nações emergentes.

Outro ponto central é a busca pela redução da dependência do dólar nas transações comerciais entre os países membros. O Brics tem incentivado acordos comerciais em moedas locais como forma de diminuir a influência do sistema financeiro internacional liderado pelos Estados Unidos.

Contudo, apesar dos avanços, especialistas alertam que ainda há um longo caminho para que essas propostas sejam efetivamente incorporadas ao sistema global. O bloco carece de mecanismos de pressão mais eficazes e de maior coesão interna para impulsionar mudanças estruturais significativas.

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