Brasil avalia usinas nucleares flutuantes da Rússia para a Amazônia

Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias. |
Em pleno século XXI, a energia ainda é um desafio para milhares de brasileiros na Amazônia. Para mudar esse cenário, o Brasil estuda a proposta da Rosatom, estatal russa de energia nuclear, para instalar até 22 reatores flutuantes em rios da região até 2035. A iniciativa, que conta com apoio diplomático e técnico, pode colocar o país na vanguarda da geração elétrica sustentável em áreas isoladas.
A tecnologia SMR flutuante: como funciona e onde já opera
O projeto baseia-se nos chamados Small Modular Reactors (SMRs) — reatores nucleares compactos, com capacidade de geração entre 10% e 50% da de uma usina convencional. Diferente dos grandes complexos nucleares, os SMRs ocupam espaços reduzidos, exigem menos infraestrutura e oferecem mais segurança operacional, graças à automatização e ao design à prova de falhas.
A usina flutuante russa “Akademik Lomonosov”, inaugurada em 2020 no Ártico, é hoje a única do tipo em operação no mundo. Instalada sobre uma barcaça, ela fornece energia a regiões remotas com clima extremo, operando com estabilidade e sob controle rigoroso. O modelo proposto para o Brasil é semelhante, com adaptações às condições tropicais, e promete fornecer energia limpa, contínua e de baixo impacto visual.
Cooperação Brasil-Rússia: energia, urânio e geopolítica nuclear
A possível aquisição das usinas flutuantes integra um movimento mais amplo de aproximação estratégica entre Brasil e Rússia no campo da energia nuclear. Em março deste ano, os dois países firmaram parceria para exploração conjunta de urânio na mina de Caetité, na Bahia. Durante visita oficial a Moscou, o presidente Lula expressou apoio à ampliação dessa cooperação, com foco em transferência de tecnologia e autonomia energética.
Para a Rosatom, o Brasil representa um parceiro-chave na América do Sul. “Temos muito interesse em ampliar nossa cooperação”, afirmou Ivan Dibov, diretor da empresa para a América Latina. A presença da estatal russa no país consolida um eixo geopolítico energético alternativo, num momento em que o mundo revê sua matriz de geração frente à crise climática e à insegurança energética global.
Amazônia e soberania energética: os desafios e as críticas ao projeto
Apesar do entusiasmo de setores técnicos e diplomáticos, o projeto desperta fortes reações de ambientalistas e especialistas em energia. A preocupação principal gira em torno do risco de acidentes, do transporte de combustível nuclear e da vulnerabilidade da floresta a impactos indiretos. Entidades internacionais já apelidaram a usina russa de origem de “Chernobyl flutuante”, em alusão ao desastre de 1986, o que levanta questionamentos sobre a aceitação pública do projeto no Brasil.
Por outro lado, defensores da proposta afirmam que se trata de uma solução madura e segura, que pode garantir soberania energética a comunidades isoladas, reduzir o uso de termelétricas poluentes e impulsionar o desenvolvimento sustentável na região. “Não se trata de despesa, mas de investimento estratégico para o futuro do País”, resume o diplomata Matheus Pereira (Gusev), conselheiro russo no Brasil.
A decisão agora cabe ao governo federal, que avalia aspectos técnicos, jurídicos, ambientais e políticos do projeto. Em jogo está a possibilidade de o Brasil liderar uma nova fronteira tecnológica na energia global — com todas as responsabilidades e dilemas que essa posição implica.
Participe no dia a dia do Defesa em Foco
Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395