Nota do autor: Antes de adentrarmos na exposição, cumpre salientar que este autor se abstém de conjecturas conspiratórias ou inclinações para qualquer ator geopolítico externo. O cerne da preocupação reside na salvaguarda da soberania, segurança e defesa nacional brasileiras.

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Nos recentes desdobramentos geopolíticos no cenário do Atlântico Sul, particularmente na Argentina, observamos a emergência de atividades estratégicas por parte de dois protagonistas globais proeminentes: China e Estados Unidos. A dinâmica do tabuleiro geopolítico está em constante movimento, cada jogada delineando projeções de médio e longo prazo para a Segurança Nacional das nações envolvidas.

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A presença chinesa no Atlântico Sul tem se fortalecido, destacando-se a implementação da Base Espacial Chinesa em Bajada del Agrio, localizada na província patagônica de Neuquén, Argentina. Esta instalação, concebida e concluída entre 2014 e 2017, abarca uma extensão de aproximadamente 200 hectares e engloba uma antena parabólica de 35 metros de diâmetro. Notoriamente direcionada para missões espaciais em distâncias superiores a 300 mil km da Terra, esta base é oficialmente concebida como um empreendimento de cooperação tecnológica espacial sino-argentina.

Os termos contratuais estabelecidos entre Argentina e China durante os anos prévios à construção da Base Espacial estipularam as condições para a implementação de infraestrutura de rastreamento e comando voltada para pesquisas espaciais profundas, além de promover benefícios fiscais e aduaneiros. Contudo, alegações quanto às possíveis atividades militares nesta instalação são contestadas com base em tratados internacionais, notadamente o Tratado de 1967, que enfatiza o caráter pacífico das atividades espaciais

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Foto: Governo Argentino

Em consonância com a mudança de liderança na Argentina, os Estados Unidos têm intensificado suas pressões sobre o governo argentino para esclarecer o escopo de utilização da Base Espacial. Além disso, a China expressou interesse na construção de uma Base Naval em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, Argentina, em 2023, adicionando outra camada de complexidade às dinâmicas regionais.

Paralelamente, os Estados Unidos também têm consolidado sua presença na região. Em abril de 2024, a General Laura Richardson, do Comando Sul dos Estados Unidos, anunciou avanços na cooperação naval com a Argentina durante uma visita a Ushuaia. O presidente argentino, em comunicado subsequente, manifestou gratidão pelo apoio dos Estados Unidos, indicando planos para a implementação de uma Base Naval Integrada.

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O estabelecimento potencial de uma base naval em Ushuaia acarreta implicações significativas para o equilíbrio de poder na região, com potencial para reforçar a posição estratégica dos Estados Unidos e suscitar tensões geopolíticas. A Argentina, enquanto nação periférica, encontra-se no epicentro dessas dinâmicas, confrontando o desafio de conciliar interesses estratégicos globais com preocupações locais de soberania e segurança.

Esses acontecimentos evidenciam ao Brasil a necessidade premente de um equilíbrio tático entre o reforço da defesa nacional e a salvaguarda da soberania territorial, principalmente acerca de nossa “Amazônia Azul”, frente às crescentes pressões geopolíticas no Atlântico Sul.

A salvaguarda da “Amazônia Azul” reveste-se de uma importância singular neste contexto, haja vista que o eficaz controle e monitoramento dessas águas se erigem como pilares fundamentais na proteção dos recursos naturais, econômicos e estratégicos do Brasil. É imperativo que o país adote uma postura vigilante e proativa, reforçando suas capacidades de defesa, como sempre explanado por este autor.

O delineamento de políticas de segurança nacional que levem em conta os desafios e as oportunidades inerentes à presença da China e dos Estados Unidos na vizinha Argentina assumem uma relevância crucial para a preservação da soberania nacional. Como anteriormente mencionado, cada movimento no tabuleiro geopolítico repercute em considerações de médio e longo prazo, tornando-se imperativo uma abordagem estratégica e holística.

A Nação Brasileira encontra-se em um ponto crucial, no qual se torna imperativo o desenvolvimento de uma visão estratégica perspicaz e a execução de medidas decisivas para fortalecer sua posição como um protagonista de destaque no cenário global do século XXI.

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Amazônia Azul – Imagem Internet

Consistentemente presente em meus artigos, essa sentença resume de forma concisa e incisiva o imperativo que recai sobre o Brasil: Não é porque o Brasil não está em guerra que não precisa se armar e proteger. O investimento em Segurança Nacional é muitas vezes invisível, mas que traz impactos positivos à sociedade e a Soberania. Infelizmente, o Brasil possui um pensamento que “a Defesa Nacional não é importante” … até precisarmos dela.

O Brasil é gigante e com uma imensa importância global. Todos (sociedade e governo) devem levar a Segurança e Defesa a sério em nosso país, para que em breve ou não; se necessário for, termos meios competitivos, aptos e suficientes para a defesa plena de nossa Soberania Nacional.