Sede da joint venture JHind Taurus India Defence Systems Private Ltd.

Recentemente, o CEO Global da Taurus Armas S.A. afirmou, durante um evento com investidores na fábrica de São Leopoldo, que a Índia representa uma oportunidade ainda muito maior do que aquela que a empresa que teve no ano de 2021, quando a Taurus percebeu e se preparou a tempo para a impressionante e inédita demanda que viria nos EUA, aproveitando-a ao máximo e fazendo de 2021 o melhor ano da história da companhia.

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Ao serem analisadas as últimas declarações do CEO da Taurus e dos executivos do Grupo Jindal em entrevistas para a imprensa (tanto brasileira como indiana), bem como em lives e em outras oportunidades, é possível entender o otimismo do principal executivo da multinacional gaúcha de armas leves.

Capacidade inicial de 1.500 armas/dia
Poucos meses após ser firmada a joint venture entre a Taurus e o Grupo Jindal, Abhyuday Jindal, diretor administrativo da Jindal Stainless (Hisar) Ltd – JSHL declarava, em julho de 2020, que “estamos visando uma capacidade de 100.000 unidades por ano ao mix de produtos”.

No entanto, na última reunião da Apimec, os executivos da Taurus deixaram claro que a fábrica indiana tem capacidade de produção inicial de 1.500 armas por dia, o que supera em quase quatro vezes a modesta previsão de Abhyuday Jindal feita em 2020.

A área fabril construída está situada dentro de um terreno total bem maior, possibilitando a expansão que for necessária no futuro. Além disso, visando o prestígio a empresas locais, uma parte da produção será terceirizada, pelo menos inicialmente, fazendo com que a necessidade de espaço interno fabril seja menor.

TSeries menor

Salto no EBITDA
Um outro motivo para o entusiasmo do CEO Global da Taurus é a geração de caixa que a operação na Índia deverá gerar, haja vista que, enquanto sua empresa contribui com a transferência de tecnologia, cabe ao Grupo Jindal quase todos os investimentos, da produção à distribuição, passando pelo marketing e demais custos necessários. Com isso, os 49% dos frutos a que a Taurus terá direito serão recebidos praticamente “limpos”, possibilitando um enorme salto no EBITDA da empresa.

Linhas de montagem
Já foram enviadas para a Índia linhas de montagem de revólveres, pistolas e armas táticas. A produção começará com pistolas calibre 7,65mm e revólveres calibre .32 (calibres civis autorizados), além das armas táticas (fuzil T4 5,56 x 45mm e pistola 9mm), que serão iniciadas conforme a demanda.

Os planos de expansão estão no escopo da parceria e podem incluir uma ampla gama de armas de fogo para diferentes aplicações, como fuzis T4 7,62 x 39mm, fuzis T10 7,62 x 51mm, fuzis T4 .300 e submetralhadoras SMT 9mm, de acordo com as necessidades específicas das forças locais.

Inauguração
A infraestrutura está concluída e inclui, além das máquinas e equipamentos importados do Brasil e outros adquiridos localmente, uma linha de tiro de classe mundial com instalações para testes e homologação, além da infraestrutura de apoio, como laboratórios de metrologia e metalurgia.

A inauguração está prevista para ser realizada neste semestre e em grande estilo, com a presença de altas autoridades políticas, militares, policiais e empresariais do país, mas sem uma data definida até o momento, já que o início da operação ainda necessita de alguns documentos exigidos pela intrincada burocracia indiana.

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Visão aérea da unidade fabril na Índia. Acima e à direita, a fábrica de tubos de aço inox da Hisar Steel, próxima das instalações da JSHL (fora da foto)

Mercado indiano
A joint venture JHind Taurus India Defence Systems Private Ltd. é uma das empresas que já está qualificada na megalicitação de 425 mil fuzis a serem fornecidos ao Exército e à Marinha do país, cujos procedimentos finais deverão ser detalhados e divulgados no mês que vem.

A multinacional brasileira tem preços muito competitivos, alta tecnologia/qualidade e volume de produção (algo que poucos fabricantes têm), além de ter sido a primeira joint venture de armas leves na Índia e de ter uma fábrica quase pronta para entrar em operação. Os três primeiros fatores fizeram com que vencesse a concorrência para fornecer o Fuzil T4 ao Exército das Filipinas no ano passado, também competindo com grandes fabricantes internacionais de armas. Segundo o CEO da Taurus declarou recentemente, existem dois grandes fabricantes que são favoritos nessa concorrência, sendo a Taurus um deles, e é bastante provável que cada um fique com 50% do total.

Além dessa, as licitações futuras para órgãos policiais e paramilitares do país já somam cerca de 260 mil armas de diversos tipos (fuzis, submetralhadoras e pistolas). O mercado civil, que tem apenas 74 milhões de armas (a maioria antigas e obsoletas) para uma população de mais de 1,3 bilhão de pessoas, é um nicho perene e promissor. Ou seja, ainda sem ter inaugurado sua fábrica na Índia, a Taurus já tem a perspectiva de concorrer a licitações que montam, por enquanto, em cerca de 685 mil armas, além de um imenso e quase inexplorado mercado civil.

Apenas para fins comparativos, as vendas totais no mercado brasileiro em 2021 foram de 372 mil armas.

Nos diversos cenários vislumbrados para suas operações na Índia, a Taurus tem nesse país um mercado capaz de compensar muitas vezes uma eventual queda nas vendas brasileiras e de, no longo prazo, até de se aproximar do volume de vendas nos EUA. E é essa “tempestade perfeita” de fatores positivos que justifica o indisfarçado entusiasmo de seu CEO Global com o negócio.