Presidente da AECAMSEG resgata legado da FEB e da enfermeira alagoana Elza Cansanção

Homem discursando em púlpito com bandeiras ao fundo.
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Na solenidade dos 80 anos da vitória da FEB, a voz da memória foi Romany Cansanção Mota. Procurador aposentado e presidente da Associação dos Ex-Combatentes e dos Amigos do Museu da Segunda Guerra (AECAMSEG), ele emocionou o público ao relembrar a trajetória da enfermeira Elza Cansanção de Medeiros, alagoana de coração, que se voluntariou para servir na Segunda Guerra Mundial e se tornou símbolo da bravura feminina brasileira no front.

Elza Cansanção: a enfermeira de Maceió que fez história na guerra

Pessoa idosa em uniforme militar com medalhas, sorrindo.
Foto: Wikimedia

Pioneira e corajosa, Elza Cansanção de Medeiros foi a primeira mulher a se voluntariar para atuar na Segunda Guerra Mundial. Embora nascida no Rio de Janeiro, Elza foi criada em Maceió, onde desenvolveu vínculos afetivos profundos com o povo alagoano. Enviada ao front como enfermeira, ela integrou o Corpo de Saúde das Forças Armadas Brasileiras, servindo com dignidade em meio ao caos do conflito global.

Após o término da guerra, como muitos ex-combatentes, Elza recebeu pensão, mas enfrentou restrições quanto à reintegração à ativa. Somente em 1976, três décadas após o conflito, voltou oficialmente a usar a farda — atuando então na biblioteca do Exército no Rio de Janeiro. Na ocasião, ela tomou conhecimento de que o 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, sediado em Maceió, era comandado por um ex-aluno do NPOR, e decidiu retornar à cidade que a acolheu.

Essa visita resultou em um encontro simbólico com jovens militares e futuros líderes, entre eles Romany Cansanção, José Bispo e Robervaldo Davino, que, a partir dali, passaram a se tornar, como ela dizia, “divulgadores da FEB e da Segunda Guerra Mundial”.

O legado do NPOR de 1976 e a fundação do Museu da Segunda Guerra

Palestra em cerimônia militar com painel comemorativo.

O discurso de Romany também resgatou um episódio marcante da história da memória militar em Alagoas: a fundação do primeiro Museu Militar da Segunda Guerra Mundial, instalado na antiga CSM, no Forte São João, em Maceió. O projeto surgiu a partir do contato com Elza Cansanção, e foi concretizado em 1996, exatos 20 anos após o reencontro com a turma do NPOR de 1976.

Romany destacou que foi a própria Elza quem estimulou os jovens do batalhão a se tornarem guardiões da memória nacional, despertando neles a consciência histórica e a importância da valorização dos ex-combatentes brasileiros. A formação recebida no NPOR foi decisiva para consolidar essa missão cívica, unindo o passado heroico ao presente institucional.

Essa geração, hoje com décadas de serviços prestados, mantém vivo o vínculo com o legado da FEB e da Segunda Guerra por meio de ações permanentes de educação, homenagens e mobilização social.

AECAMSEG e a continuidade da memória dos ex-combatentes no século XXI

A Associação dos Ex-Combatentes e dos Amigos do Museu da Segunda Guerra (AECAMSEG), presidida atualmente por Romany Cansanção, foi transformada a partir de uma missão recebida de Abel do Amor Divino, último ex-combatente a presidir a entidade. Três meses antes de seu falecimento, em 2016, ele convocou os antigos alunos do NPOR de 1976 a assumirem a responsabilidade de dar continuidade à associação, expandindo seu alcance à sociedade civil e à juventude.

Cerimônia com pessoas e bandeiras em auditório.

Desde então, a AECAMSEG tem atuado em parceria com o 59º BI Mtz, promovendo eventos cívicos, sessões solenes, exposições e projetos educativos. A entrega do diploma de reconhecimento público ao vereador Eduardo Canuto, durante a sessão do dia 8 de maio de 2025, simboliza esse compromisso interinstitucional entre a sociedade e as Forças Armadas.

Em 2026, a associação celebrará 50 anos de vínculo institucional com o Exército Brasileiro, reafirmando sua missão de honrar os feitos dos heróis brasileiros, preservar a memória da Segunda Guerra Mundial e inspirar as novas gerações com valores de patriotismo, sacrifício e cidadania.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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