O Ministério da Defesa (MD) esclarece que, ao contrário do contido na matéria “Com Bolsonaro, tropas brasileiras deixam as forças de paz da ONU após 21 anos”, publicada nessa segunda-feira (30/11), na página do Estadão, o Brasil não está abandonando as Operações de Paz da ONU.

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O MD, como responsável pela condução do tema operações de paz, lamenta profundamente sequer ter sido procurado pela reportagem para a elaboração da matéria, o que, além de constituir regra básica do bom jornalismo, seguramente poderia ter evitado os graves equívocos e omissões contidos e que levam o leitor à desinformação.

A retirada do navio brasileiro da missão de paz no Líbano (UNIFIL), anunciada com sensacionalismo na matéria, não apresenta nenhuma novidade. A decisão tomada, de forma consensual entre o Brasil e a ONU, há mais de um ano, já foi amplamente divulgada e debatida por toda a imprensa, inclusive pelo próprio Estadão.

Tal decisão decorre de proposta apresentada pela Marinha do Brasil, diante de suas necessidades operacionais, logísticas e estratégicas, tendo sido endossada pelo Ministério da Defesa. Destaca-se a importância de priorizar o entorno estratégico brasileiro, conforme previsto na Política Nacional de Defesa (PND) e na Estratégia Nacional de Defesa (END), incluindo o Atlântico Sul, até a Antártica, e os países do litoral oeste africano, estando o Mar Mediterrâneo fora dessa área prioritária.

Ainda ao contrário do que induz a matéria, o Brasil, em momento algum, afastou-se do seu compromisso com as operações de paz da ONU. O Presidente da República, inclusive, durante seu discurso de abertura na Assembleia Geral das Nações Unidas reiterou o compromisso do Brasil com as Operações de Paz. Tal informação também foi omitida na matéria.

Demonstrando claramente o compromisso brasileiro com as operações de paz, o País mantém militares em 8, das 12 missões de paz da ONU atualmente em andamento, totalizando quase uma centena de militares. O Brasil participa nas missões no Congo (onde a missão inclusive é comandada por um general brasileiro), no Saara Ocidental, no Chipre, na República Centro Africana, no Sudão, no Sudão do Sul, em Darfur e no próprio Líbano, onde manterá militares na missão mesmo após a saída do navio.

Além disso, o País tem contribuído de diversas outras formas como, por exemplo, com a missão de treinamento de guerra na selva, composta por 13 militares brasileiros especializados, que está presente no Congo há mais de um ano, preparando contingentes de outros países para operar naquele ambiente.

Cabe destacar, ainda, que nos últimos dois anos (2019 e 2020), em situação inédita, militares brasileiras receberam o prêmio de defensor de gênero da ONU, tendo sido escolhidas dentre todos os militares integrantes dos países que participam das operações de paz.

Finalmente, o País possui dois centros de excelência de treinamento de operações de paz, com cursos reconhecidos pela ONU e com elevado prestígio no exterior: o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) e o Centro de Operações de Paz de Caráter Naval (COpPazNav) permanecem em plena atividade, preparando os militares brasileiros e estrangeiros para atuar nas operações de paz da ONU.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).