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Entre aviões de caça, blindados em deslocamento e navios patrulha, um novo elemento ganhou protagonismo no mais recente exercício militar interforças: as aeronaves remotamente pilotadas. Pela primeira vez, a Marinha do Brasil levou sua expertise naval ao campo terrestre, operando drones ao lado de tropas do Exército e da Força Aérea. O futuro do combate moderno estava sendo testado — em tempo real.
Exercício inédito testa capacidades conjuntas e doutrina interforças
Na última semana, a Base Aérea de Santa Maria (RS) se tornou o centro de um dos mais relevantes exercícios conjuntos das Forças Armadas brasileiras voltados à inteligência, vigilância e reconhecimento (IVR). Pela primeira vez, a Marinha do Brasil integrou oficialmente o treinamento com uso de aeronaves remotamente pilotadas (ARP), popularmente conhecidas como drones.
Com participação de mais de 350 militares, o exercício envolveu operações de reconhecimento aeroespacial, patrulha naval, defesa cibernética e controle aéreo avançado, simulando cenários complexos de conflito. A grande novidade foi a presença do 1º Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (EsqdQE-1) da Marinha, que levou ao campo de manobras quatro drones RQ-1 ScanEagle, ampliando a doutrina naval para o ambiente terrestre.
Tecnologia e interoperabilidade: drones da Marinha em ação conjunta
Criado em julho de 2022, o EsqdQE-1 tem sede em São Pedro da Aldeia (RJ) e opera atualmente com seis drones ScanEagle, aeronaves capazes de voar por até 15 horas, atingir altitudes superiores a 5.900 metros e manter velocidade de cruzeiro de cerca de 110 km/h. Os sistemas possuem sensores de alta precisão e podem ser utilizados em missões diurnas ou noturnas, embarcadas ou em terra.
Durante o exercício, a Marinha testou suas aeronaves em ambientes de simulação de combate terrestre, ao lado do Exército e do Esquadrão Hórus, da Força Aérea Brasileira (FAB) — referência no uso de ARP no país. Segundo o Capitão de Fragata Raphael Estrella Nogueira, comandante do EsqdQE-1, a missão ampliou a doutrina do esquadrão:
“Estamos acostumados a atuar em caráter naval. Essa foi uma oportunidade de desenvolver competências em operações terrestres, em plena integração com o Exército.”
Integração operacional e inovação doutrinária
O treinamento envolveu veículos blindados do Exército, aeronaves de caça da FAB e o Navio-Patrulha Babitonga, da Marinha, consolidando um ambiente multidomínio de atuação. Tropas terrestres simulavam forças inimigas, enquanto os drones realizavam varreduras de campo, reconhecimento de comboios e rastreamento de locais estratégicos, como cativeiros simulados.
A operação também fortaleceu o aspecto doutrinário e tático da interoperabilidade. A ideia é que, a partir dessa experiência, o exercício seja transformado em missão anual oficial, promovendo padronização no uso de ARP pelas três Forças e fomentando avanços em operações conjuntas com base tecnológica.
Perspectivas para o futuro da Defesa com drones
O uso crescente de aeronaves remotamente pilotadas sinaliza uma transformação profunda na forma como as Forças Armadas operam no século XXI. Para a Marinha, trata-se de ampliar a vigilância marítima, combater crimes transnacionais, monitorar áreas de interesse estratégico e apoiar operações de resgate, prevenção de desastres e combate ao terrorismo.
O exercício marca um avanço importante para a adoção de tecnologias autônomas e semiautônomas na Defesa Nacional, ao mesmo tempo em que promove a integração entre forças, tecnologias e doutrinas. A primeira participação da Marinha em um treinamento dessa natureza reforça o compromisso da Força com a inovação operacional e a proteção do território brasileiro em todos os domínios: terra, mar e ar.
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