Marinha integra ação militar inédita com aeronaves não tripuladas

Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias.

Entre aviões de caça, blindados em deslocamento e navios patrulha, um novo elemento ganhou protagonismo no mais recente exercício militar interforças: as aeronaves remotamente pilotadas. Pela primeira vez, a Marinha do Brasil levou sua expertise naval ao campo terrestre, operando drones ao lado de tropas do Exército e da Força Aérea. O futuro do combate moderno estava sendo testado — em tempo real.

Exercício inédito testa capacidades conjuntas e doutrina interforças

Na última semana, a Base Aérea de Santa Maria (RS) se tornou o centro de um dos mais relevantes exercícios conjuntos das Forças Armadas brasileiras voltados à inteligência, vigilância e reconhecimento (IVR). Pela primeira vez, a Marinha do Brasil integrou oficialmente o treinamento com uso de aeronaves remotamente pilotadas (ARP), popularmente conhecidas como drones.

Com participação de mais de 350 militares, o exercício envolveu operações de reconhecimento aeroespacial, patrulha naval, defesa cibernética e controle aéreo avançado, simulando cenários complexos de conflito. A grande novidade foi a presença do 1º Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (EsqdQE-1) da Marinha, que levou ao campo de manobras quatro drones RQ-1 ScanEagle, ampliando a doutrina naval para o ambiente terrestre.

Tecnologia e interoperabilidade: drones da Marinha em ação conjunta

Criado em julho de 2022, o EsqdQE-1 tem sede em São Pedro da Aldeia (RJ) e opera atualmente com seis drones ScanEagle, aeronaves capazes de voar por até 15 horas, atingir altitudes superiores a 5.900 metros e manter velocidade de cruzeiro de cerca de 110 km/h. Os sistemas possuem sensores de alta precisão e podem ser utilizados em missões diurnas ou noturnas, embarcadas ou em terra.

Durante o exercício, a Marinha testou suas aeronaves em ambientes de simulação de combate terrestre, ao lado do Exército e do Esquadrão Hórus, da Força Aérea Brasileira (FAB) — referência no uso de ARP no país. Segundo o Capitão de Fragata Raphael Estrella Nogueira, comandante do EsqdQE-1, a missão ampliou a doutrina do esquadrão:
“Estamos acostumados a atuar em caráter naval. Essa foi uma oportunidade de desenvolver competências em operações terrestres, em plena integração com o Exército.”

Integração operacional e inovação doutrinária

O treinamento envolveu veículos blindados do Exército, aeronaves de caça da FAB e o Navio-Patrulha Babitonga, da Marinha, consolidando um ambiente multidomínio de atuação. Tropas terrestres simulavam forças inimigas, enquanto os drones realizavam varreduras de campo, reconhecimento de comboios e rastreamento de locais estratégicos, como cativeiros simulados.

A operação também fortaleceu o aspecto doutrinário e tático da interoperabilidade. A ideia é que, a partir dessa experiência, o exercício seja transformado em missão anual oficial, promovendo padronização no uso de ARP pelas três Forças e fomentando avanços em operações conjuntas com base tecnológica.

Perspectivas para o futuro da Defesa com drones

O uso crescente de aeronaves remotamente pilotadas sinaliza uma transformação profunda na forma como as Forças Armadas operam no século XXI. Para a Marinha, trata-se de ampliar a vigilância marítima, combater crimes transnacionais, monitorar áreas de interesse estratégico e apoiar operações de resgate, prevenção de desastres e combate ao terrorismo.

O exercício marca um avanço importante para a adoção de tecnologias autônomas e semiautônomas na Defesa Nacional, ao mesmo tempo em que promove a integração entre forças, tecnologias e doutrinas. A primeira participação da Marinha em um treinamento dessa natureza reforça o compromisso da Força com a inovação operacional e a proteção do território brasileiro em todos os domínios: terra, mar e ar.

Participe no dia a dia do Defesa em Foco

Dê sugestões de matérias ou nos comunique de erros: WhatsApp 21 99459-4395

Apoio

Marcelo Barros, com informações e imagens da Agência Marinha
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Digite seu nome aqui