A Marinha do Brasil desempenha um papel essencial na defesa das fronteiras marítimas do país, mas sua atuação vai muito além de ações militares. No episódio mais recente do Documento Jovem Pan, foi destacado o trabalho fundamental da Marinha na proteção do território e na condução de pesquisas científicas avançadas. Entre os principais desafios da Marinha atualmente, estão a prevenção de crimes ambientais, como a pesca predatória, e a realização de pesquisas que buscam preservar o ecossistema marinho e contribuir para o desenvolvimento tecnológico do Brasil.

Combate à Pesca Predatória e Crimes Ambientais

A pesca predatória é um dos maiores enfrentamentos que a Marinha do Brasil enfrenta atualmente em suas patrulhas marítimas. Embarcações ilegais, muitas vezes de outros países, utilizam práticas destrutivas, como redes de arrasto e explosivos, para capturar grandes quantidades de espécies marinhas, impactando drasticamente o meio ambiente. Em operações recentes, como uma realizada na Barra da Tijuca (RJ), pescadores ilegais foram flagrados praticando pesca de arrasto, que destrói o fundo marinho e captura espécies em período de reprodução.

Além disso, a pesca irregular não só afeta espécies-alvo como também provoca a chamada pesca acidental, em que animais marinhos, como golfinhos e baleias, são capturados sem intenção, prejudicando ainda mais a fauna. A Marinha, em cooperação com órgãos como o Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA) e a Polícia Militar Ambiental, tem intensificado as fiscalizações para combater esse tipo de crime, que pode levar algumas espécies à extinção e comprometer toda a cadeia alimentar marinha.

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Pesquisas Científicas e Inovação Tecnológica

O trabalho da Marinha vai além da repressão de crimes ambientais. Em Arraial do Cabo (RJ), o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) é um centro de excelência em ciências do mar, onde mais de 400 profissionais, entre militares e civis, conduzem pesquisas sobre diversas áreas. O instituto foca em questões cruciais como a biotecnologia marinha, bioacústica, oceanografia, e o desenvolvimento de tecnologias que podem impactar diretamente a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Entre os projetos de destaque, a biotecnologia marinha se sobressai, com estudos sobre bioprospecção de novos produtos marinhos, bioinvasão e engenharia genética, que buscam soluções para problemas ambientais e de saúde. O IEAPM também se especializa em oceanografia acústica, utilizada para monitorar a migração de baleias e outras espécies marinhas, fornecendo dados cruciais para preservar a fauna e entender os impactos do aquecimento global.

Geoquímica Ambiental e o Combate ao Derramamento de Óleo

Outro setor de destaque no IEAPM é o laboratório de geoquímica ambiental forense, onde os pesquisadores da Marinha analisam amostras de óleo derramado no oceano para identificar sua origem e responsabilizar os culpados por crimes ambientais. Esse laboratório foi crucial durante o maior derramamento de óleo da história do Brasil, que ocorreu entre 2019 e 2020, afetando mais de 4.000 km da costa brasileira. Utilizando biomarcadores de petróleo, os especialistas da Marinha conseguiram rastrear a origem do óleo e contribuir para minimizar os danos ao meio ambiente.

A Capitã de Corveta Fernanda Tomazelli, que atua na divisão de oceanografia química, explica que o laboratório utiliza técnicas avançadas para comparar amostras de óleo derramado com as de embarcações suspeitas. Essas análises são cruciais para identificar os responsáveis e evitar que crimes semelhantes voltem a acontecer.

Proteção e Sustentabilidade

O trabalho da Marinha do Brasil na área científica reflete um compromisso com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Os estudos realizados no IEAPM, que incluem o monitoramento de mudanças climáticas e o impacto dos exercícios militares na fauna marinha, são fundamentais para garantir que o desenvolvimento econômico do Brasil ocorra de forma responsável e sustentável.

Além disso, a Marinha desempenha um papel vital na transição energética, especialmente com estudos relacionados à energia eólica offshore. A instalação de parques eólicos no mar pode causar ruídos acústicos que afetam os mamíferos marinhos, e a Marinha está desenvolvendo sistemas para medir e mitigar esses impactos, contribuindo para que projetos energéticos avancem de forma ambientalmente segura.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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