Guerra cognitiva: além das operações de informação militar

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A guerra cognitiva está mudando o cenário dos conflitos globais, transformando a mente humana em um novo campo de batalha. Muito além das tradicionais operações de informação militar, essa estratégia visa influenciar comportamentos e percepções, manipulando narrativas e enfraquecendo a racionalidade de populações inteiras. Países como Rússia e China estão à frente dessa nova tática, utilizando tecnologias avançadas e campanhas de desinformação para atingir seus objetivos.
Guerra cognitiva: um novo campo de batalha global
A guerra cognitiva representa uma nova fronteira nos conflitos modernos, onde o foco está em dominar a percepção humana e, assim, influenciar o comportamento de indivíduos e grupos. Essa estratégia não se limita apenas às operações militares ou ao tradicional suporte de informação, mas envolve a manipulação deliberada de narrativas, com o objetivo de alterar a forma como os alvos percebem a realidade.
Ao contrário de outros tipos de operações de informação, a guerra cognitiva ataca diretamente a racionalidade das pessoas. Isso pode levar a uma série de efeitos, como a desconfiança nas instituições públicas, a polarização social e a instabilidade política. Um dos exemplos mais notórios dessa prática ocorreu durante o conflito entre Rússia e Ucrânia. A Rússia usou amplamente operações de desinformação, especialmente nas redes sociais, para retratar a Ucrânia como a culpada pela guerra, manipulando a opinião pública internacional e corroendo a confiança em fontes de informação tradicionais. Ao transformar narrativas e criar confusão, esses ataques atingem não só os adversários militares, mas também as populações civis, com um impacto devastador na coesão social.
Países como China e Rússia têm dominado essa prática, entendendo que o controle sobre o campo da percepção pode ser tão decisivo quanto qualquer batalha no terreno físico. Para esses atores, a guerra cognitiva permite atacar os alicerces psicológicos de uma nação, enfraquecendo sua capacidade de resistência.
As tecnologias por trás da guerra cognitiva
No cerne da guerra cognitiva estão as tecnologias de ponta, que permitem a coleta e análise de grandes quantidades de dados para manipular comportamentos em larga escala. Inteligência artificial (IA), algoritmos de big data e monitoramento psicológico são ferramentas amplamente utilizadas para influenciar as massas, seja através de redes sociais, veículos de comunicação ou até mesmo tecnologias de controle emocional.
A China, por exemplo, desenvolveu um dispositivo inovador, o Intelligent Psychological Monitoring System, que usa sensores para monitorar o estado emocional e psicológico de seus soldados. Esses dispositivos detectam mudanças no humor e no comportamento, ajudando os comandantes a avaliar a prontidão psicológica de suas tropas e a prevenir falhas em situações de combate. Essa mesma tecnologia pode ser usada para identificar vulnerabilidades emocionais e comportamentais, o que pode ser explorado em operações ofensivas de guerra cognitiva.
Além disso, o uso da inteligência artificial facilita a disseminação em massa de conteúdos manipulados, adaptando-se às preferências e crenças de diferentes públicos. Com essas ferramentas, torna-se possível criar um ciclo vicioso de desinformação, onde os indivíduos são cada vez mais expostos a conteúdos que reforçam suas crenças, distorcendo ainda mais sua percepção da realidade.
Com o avanço tecnológico e a crescente interconectividade global, a relação entre cibersegurança e guerra cognitiva tornou-se ainda mais evidente. A invasão de redes digitais e o roubo de dados pessoais ou institucionais podem ser usados para criar campanhas altamente personalizadas de desinformação, minando a confiança das pessoas em suas próprias fontes de informação e, consequentemente, enfraquecendo as defesas cognitivas de um país.
O papel da NATO na defesa contra a guerra cognitiva
Diante do crescente uso da guerra cognitiva por potências como Rússia e China, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) tem trabalhado para desenvolver uma estratégia robusta de defesa contra essa ameaça. No centro desse esforço está o Allied Command Transformation (ACT), o braço da NATO responsável pela inovação e pelo desenvolvimento de novas capacidades militares e de segurança.
O ACT tem promovido o Cognitive Warfare Exploratory Concept, um projeto que busca entender os impactos e os riscos dessa nova forma de guerra, oferecendo aos membros da Aliança ferramentas e diretrizes para fortalecer suas defesas cognitivas. O conceito de guerra cognitiva introduz a necessidade de não apenas proteger as forças militares em combate, mas também de salvaguardar as populações civis e as instituições democráticas, que são cada vez mais alvo de operações psicológicas e de manipulação de percepções.
Além das operações de combate direto, a NATO reconhece a importância de educar tanto os militares quanto os civis sobre os perigos da desinformação. A conscientização e a resiliência da sociedade são pilares centrais para resistir a ataques cognitivos. Para isso, a organização investe em campanhas de comunicação, programas de treinamento e cooperação com setores civis, buscando construir uma resistência coletiva à manipulação de informações.
A colaboração entre os países membros é fundamental nesse processo. Compartilhar dados e informações sobre campanhas de desinformação, bem como desenvolver tecnologias conjuntas de monitoramento e defesa, são medidas essenciais para garantir a segurança da Aliança e de suas populações. A NATO compreende que a guerra cognitiva exige uma resposta coordenada, envolvendo governos, militares e a sociedade civil em um esforço conjunto para combater essa ameaça emergente.
Com informações da NATO/OTAN
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