O general François Lecointre, chefe do estado-maior das três armas (Exército, Marinha e Aeronáutica) da França, anunciou que deixará o cargo em 21 de julho, dizendo que quer evitar uma politização das Forças Armadas. A saída já era prevista, mas o anúncio surpreendeu por vir mais cedo do que o programado. Lecointre negou divergências com o presidente Emmanuel Macron.

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“O presidente me disse que deseja que nós continuemos a trabalhar juntos, porque temos uma mesma compreensão do papel do Exército”, afirmou ele. “Eu disse a ele que desejava realmente partir, sobretudo para evitar uma politização da função de chefe maior das Forças Armadas.”

Lecointre, maior autoridade militar francesa, deixou claro que não queria enfrentar o período que deverá ser particularmente agitado politicamente com a campanha para a eleição presidencial em 2022.

Disse que não desejava que “um chefe do estado-maior das Forças Armadas, que é um chefe militar, seja associado a um político”. Para o general, “é bom que os dois calendários sejam dissociados para evitar que se acredite que um chefe das Forças Armadas é escolhido por suas opiniões políticas”.

Como nota o jornal “Le Monde”, os últimos seis meses do general Lecointre foram movimentados. Ele teve de enfrentar uma crise política provocada por dois artigos de militares publicados na revista de direita Valores Atuais entre o fim de abril e o começo de maio.

Esses militares, identificados com a parte mais reacionária do Exército, defenderam uma “intervenção” no país. Alegaram que isso poderia ser necessário caso o governo francês não tomasse medidas para “erradicar os perigos” que estariam levando o país a uma “guerra civil”, apontando para o islamismo e para “hordas das periferias” das grandes cidades francesas. A líder de extrema direita Marine Le Pen elogiou os artigos.

Em meio à polêmica, Lecointre conclamou as tropas à responsabilidade, num “momento em que cada um de nós percebe claramente as tentativas de instrumentalização da instituição militar”.

Na sexta-feira passada, o Ministério da Defesa anunciou que seis generais aposentador e signatários de um dos artigos serão convocados diante de um conselho superior por ter quebrado o dever de reserva. Eles poderão sofrer sanções severas.

Fonte: Valor