A segurança de cerca de dois milhões de voos que cruzam os céus do país todos os anos depende de uma série de tarefas complexas desenvolvidas pelas unidades da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma delas é a Inspeção em Voo, atividade que completa 64 anos dia 21 de fevereiro e que tem a importante missão de fiscalizar, periodicamente, os procedimentos e equipamentos de navegação aérea do Brasil.

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Os instrumentos de auxílio à navegação aérea são aqueles que emitem sinais aos receptores de bordo das aeronaves. Durante a falta de contato visual dos pilotos com as pistas, especialmente em condições meteorológicas adversas, esses equipamentos fornecem informações para que as aeronaves possam voar na direção planejada e aterrissar com segurança. Proporcionam, assim, o apoio necessário para a navegação em rota nas proximidades de aeroportos e em manobras de pousos e decolagens, o que demonstra a importância da atividade de Inspeção em Voo.

A primeira Inspeção em Voo realizada em território nacional, com aeronave e tripulação brasileiras, ocorreu em 21 de fevereiro de 1959, com o objetivo de verificar a adequação do sítio de Itaipuaçu, no Rio de Janeiro, para instalação de um equipamento eletrônico usado na navegação aérea, o VHF Omnidirectional Range (VOR).  Naquele período histórico, era intenso o crescimento da aviação comercial no Brasil e, consequentemente, aumentava também o número de aferições dos instrumentos de aproximação, tornando necessário um setor que planejasse e interpretasse os resultados obtidos durante essas missões.

Em 1960, foi criada a então Seção de Registro e Controle de Voo, subordinada à Diretoria de Rotas Aéreas. Já em maio de 1972, as atividades de Proteção ao Voo foram novamente reestruturadas, com a criação da Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV). Em abril do ano seguinte, foi ativado o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e até hoje responsável por essa atividade no Brasil.

Sediado no Complexo Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o GEIV conta com um efetivo formado por pilotos-inspetores, mecânicos de aeronaves, operadores de painel e aqueles empenhados nas atividades de apoio. A unidade realiza diversos cursos de capacitação e atualização dos profissionais.

A modernização da frota do Grupo, realizada pela Força Aérea Brasileira a partir de 2016, aumentou expressivamente a capacidade operacional da unidade. Atualmente, o GEIV conta com oito modernas aeronaves-laboratório, sendo quatro jatos Legacy Embraer IU-50 e quatro jatos Hawker IU-93M. A frota é equipada com um moderno Sistema de Inspeção em Voo embarcado, que avalia os sinais eletrônicos provenientes dos auxílios à navegação aérea, em conformidade com o que há de mais atual na atividade de Inspeção em todo o mundo. As consoles instaladas nessas aeronaves são frequentemente calibradas para que possam avaliar, com alto grau de precisão, os sinais emitidos pelos instrumentos de solo.

“Os constantes investimentos do Comando da Aeronáutica e os esforços do DECEA em manter a capacitação dos integrantes do GEIV, traduzem-se em constantes resultados positivos, permitindo o excelente aprimoramento do nosso pessoal e a elevada disponibilidade dos instrumentos de navegação aérea em todos os aeroportos do território nacional. O dia 21 de fevereiro é uma homenagem a todos aqueles envolvidos nessa missão de colaborar para a garantia da navegação aérea no Brasil”, destaca o Diretor-Geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, Tenente-Brigadeiro do Ar Alcides Teixeira Barbacovi.

i2321513464605612O GEIV realiza, por ano, mais de mil inspeções e homologações dos equipamentos e procedimentos de navegação aérea, que são divididas em etapas. O trabalho começa mesmo antes da instalação dos auxílios, nas chamadas Inspeções de Avaliação de Local. Em seguida, é feita a Inspeção de Homologação, quando o equipamento ou radar já está pronto para entrar em operação.

Já para garantir a manutenção dos equipamentos em condições adequadas, são feitas as Inspeções Periódicas e, em situações fora da normalidade, como na efetivação de novos procedimentos de navegação aérea ou durante manutenções de grande porte, podem ser realizadas, ainda, as Inspeções Especiais. O calendário de missões é planejado de maneira a abranger todo o território nacional.

Por vezes, as missões de Inspeção em Voo chamam a atenção dos moradores das regiões onde são realizadas. Isso porque os aviões do GEIV executam diversas manobras, aproximações de pouso e passagens sobre a pista, procedimentos que duram algumas horas. O voo de inspeção é realizado com o aeroporto em operação, o que demanda intenso treinamento e alta habilidade da tripulação envolvida.

“O GEIV é um Grupo realmente especial, composto por militares extremamente capacitados. É o resultado de um trabalho que começou com a primeira Inspeção em Voo do Brasil, há 64 anos, e de todos aqueles que contribuíram para que o Grupo chegasse à capacidade operacional da qual dispõe nos dias de hoje e com um nível de excelência reconhecido internacionalmente. Isso denota a capacidade da Força Aérea Brasileira”, afirma o comandante do GEIV, Tenente-Coronel Antonio Carlos Marins Pedroso Filho.

A Força Aérea Brasileira parabeniza a todos os que trabalham em prol da atividade de Inspeção em Voo no Brasil. “Voar com precisão, inspeção é a missão! Índia Victor!”.

Fotos: DECEA

Marcelo Barros, com informações da Agência Força Aérea
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).